
30 de setembro, de 2017 | 11:32
O animador de auditório
Aristóteles Ateniense
O ineditismo do discurso pronunciado por Donald Trump em sua estreia na Assembleia Geral da ONU, na terça-feira passada, sacudiu o mundo com a declaração de que pretende destruir totalmente” a Coreia do Norte, caso o seu dirigente persista no lançamento de mísseis ameaçadores, como vem fazendo. Segundo o mandatário norte-americano, caso se veja obrigado a defender os Estados Unidos ou seus aliados, não lhe restará alternativa diversa da que sustentou, ou seja, a eliminação do homem do foguete”, como trata o ditador norte-coreano.A fala de Trump, ao longo de 42 minutos, consistiu em criticar Pyongyang, incluindo críticas a Teerã, Caracas, Havana e Damasco, devido às facções terroristas que os seus governos apoiam. Nesta sequência de disparates, censurou a China pelo fato de manter comércio com o regime de Kim Jong-un, fornecendo-lhe equipamentos, além de tornar iminente um conflito nuclear. Conforme salientou o colunista Clóvis Rossi da Folha”, o mandatário estadunidense apresentou-se como um autêntico animador de auditório”.
Se uma agressão norte-coreana provocar outra na mesma proporção de parte dos Estados Unidos, o tom belicista de Trump serviu apenas para tornar mais apreensiva a situação, ante a possibilidade de um míssil cair em lugar errado, atingindo um navio com passageiros, o que serviria de estopim para uma hecatombe generalizada.
Ao invés de partir para uma solução diplomática que importasse em restringir o relacionamento da Coreia do Norte com outras nações, Donald Trump, mirando-se em George W. Bush que invadiu o Afeganistão após os atentados às Torres gêmeas e ao Pentágono, tomado do propósito de que sempre vou pôr a América em primeiro lugar”, contribui para um desastre de proporções imprevisíveis.
O Brasil não pode filiar-se a esse descalabro, que importaria na perda de confiança da comunidade internacional nos EUA, apenas para satisfazer a impetuosidade de seu dirigente. Em verdade, este muito se assemelha ao seu adversário Kim Jon-un no propósito de gerar intranquilidade, como forma de manter-se em evidência.
*Advogado
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