19 de setembro, de 2017 | 17:10

Delegada alerta para risco de colapso da Polícia Civil em Minas Gerais

A questão pautou uma audiência pública realizada nesta terça-feira (19), para tratar da precariedade das delegacias no interior

Ricardo Barbosa
Comissão de Segurança Pública debate a precariedade das delegacias de polícia no Vale do Aço, Rio Doce, Mucuri, Jequitinhonha e Norte de MinasComissão de Segurança Pública debate a precariedade das delegacias de polícia no Vale do Aço, Rio Doce, Mucuri, Jequitinhonha e Norte de Minas
A Polícia Civil corre o risco de entrar em colapso em breve, caso o governo não faça investimentos estruturais na instituição. O alerta foi feito pela ex-chefe de Polícia, Andréa Vacchiano, aos deputados da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A questão pautou uma audiência pública realizada nesta terça-feira (19), para tratar da precariedade das delegacias no interior do Estado.

Vacchiano ocupou o cargo durante sete meses em 2016. Ela contou que faltam viaturas e estrutura física mínima, mas adiantou que foi feito um planejamento estratégico para a realização de obras, investimentos e compras. “A crise financeira do Estado interrompeu as melhorias. Há cidades, por exemplo, onde a população ajudou na conclusão de obras. A Polícia Civil corre o risco de entrar em colapso, principalmente por ingerência política”, pontua.

Conforme a ex-chefe de Polícia, é preciso definir prioridades na aplicação de recursos, tendo em vista que o efetivo é reduzido e a instituição precisa ser modernizada. No período em que esteve à frente do cargo, cerca de 950 novos servidores passaram a compor os quadros da Polícia Civil, mas a promessa era de nomeação de mais de 14 mil, segundo ela. “Os 1.300 concursados que aguardam nomeação não vão suprir a real necessidade do Estado. A Polícia Civil é o segundo órgão arrecadador do Estado e, ainda assim, sofre com falta de recursos”, lamentou.

Déficit

O presidente do Sindicato dos Delegados, Marco Antônio de Paula Assis, lembrou que o quadro da Polícia Civil deveria ser composto de 19 mil servidores. Atualmente, são apenas 8,7 mil. Segundo ele, os delegados estão sobrecarregados, pois são obrigados a assumir a responsabilidade por diversas cidades.

O presidente do Sindicado dos Policiais Civis, Denílson Martins, chamou atenção para o fato de a Lei Orgânica da Polícia Civil (Lei Complementar 129, de 2013) ter sido sancionada há quatro anos, e não estar sendo cumprida. De acordo com ele, a norma garante autonomia orçamentária e financeira à Polícia Civil, o que não estaria ocorrendo na prática. “A carência de efetivo é grande e provoca um sucateamento em cadeia”, alertou.

Militares lamentam crise na defesa social

Representantes da classe da Polícia Militar (PM) prestaram solidariedade aos colegas da Polícia Civil. Na avaliação do presidente da Associação dos Servidores do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar (Ascobom), Alexandre Rodrigues, trata-se de um problema de segurança pública. De acordo com ele, a Polícia Militar precisa da Civil para dar sequência ao seu trabalho. Em seu relato, Rodrigues destacou que, quando uma corporação para, a outra se inviabiliza.

O presidente da Associação dos Cabos e Soldados, cabo Álvaro Coelho, também se mostrou indignado com o caos estrutural da Polícia Civil, e criticou a falta de prioridade do governo com as forças de segurança. Para ele, a sociedade precisa reagir, uma vez que o sucateamento das polícias se reflete diretamente na vida das pessoas.
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