17 de setembro, de 2017 | 07:30

Clube Alfa busca recursos para não fechar as portas em Timóteo

As voltas com uma crise sem precedentes, associação de lazer terá mais de 70% da área retomada pela Aperam South America

Alex Ferreira
Sócios deliberam, em assembleia, sobre mudanças no estatuto do Alfa, em Timóteo Sócios deliberam, em assembleia, sobre mudanças no estatuto do Alfa, em Timóteo


A triste história do Choupana, tradicional clube recreativo de Timóteo que fechou as portas no fim da década de 1990, pode se repetir com outro clube tradicional na cidade, o Alfa, caso a diretoria não consiga atrair novas adesões de associados para equilibrar gastos e despesas e ainda livrar-se das garras da Aperam South America.

Localizado em uma área verde privilegiada, palco de grandes eventos sociais, esportivos e culturais no município, o Clube da Associação de Lazer dos Funcionários da Acesita (Alfa) pode fechar as portas.

Às voltas com a queda progressiva no número de sócios ao longo dos últimos anos, o clube tem hoje cerca de 660 titulares associados, dos quais, 336 são cotistas (proprietários), que arcam com uma taxa mensal de manutenção de R$ 101. Além de funcionários da siderúrgica localizada na cidade, o Alfa sempre aceitou a adesão societária de toda a população, mas nem isso freou a crise. No começo do ano, uma decisão da Aperam agravou ainda mais a delicada situação, e abriu um litígio que pode ter significado o “golpe de misericórdia” na trajetória do clube.

Conforme apresentado em assembleia, com a presença de dezenas de sócios cotistas, na noite de quinta-feira (14), atualmente, a arrecadação com a taxa mensal de manutenção, por si só, não pagaria sequer as despesas correntes do mês, que somam cerca de R$ 92 mil.
Alex Ferreira
Fundado em 1984, clube funciona no bairro Horto Malaquias e área foi doada pela antiga Acesita, na época em que era estatal Fundado em 1984, clube funciona no bairro Horto Malaquias e área foi doada pela antiga Acesita, na época em que era estatal


Mas há ainda uma inadimplência na casa dos 30%, o que agrava o quadro financeiro, os parcelamentos de mais de R$ 2 milhões do Refis (refinanciamento de débitos tributários federais), referentes a dívidas acumuladas ao longo dos anos anteriores. Neste contexto, cresceram as dívidas com a folha de pagamento de pessoal, em atraso há três meses, e com fornecedores. Essa manutenção abrange o clube de lazer em Timóteo e a Lagoa Bonita, sede campestre localizada a nove quilômetros do distrito de Revés do Belém, no município de bom Jesus do Galho.

A realidade do clube foi apresentada aos cotistas, no dia 14, chamados para deliberar sobre mudanças no estatuto do clube, com o objetivo de ampliar o quadro de sócios. Depois de longo debate foram aprovadas novas modalidades de adesão. Agora, quem quiser ser associado somente para frequentar o clube de lazer em Timóteo poderá fazê-lo com uma mensalidade menor.

Também foi criada uma modalidade para quem quiser ser associado para frequentar somente a sede campestre do clube, na Lagoa Bonita, em Revés do Belém. Essa proposta visa atender interesse de moradores de Ipatinga, Vargem Alegre e Caratinga, entre outras cidades, a quem interessa apenas a área de camping e pesca do clube. E, ao mesmo tempo, atende aos que querem apenas o clube em Timóteo. Também foi criada uma comissão de sócios para acompanhar ações da presidência e conselho deliberativo, na tomada de decisões, entre elas, o fechamento de um acordo polêmico com a Aperam South America.

“Convocamos essa assembleia inédita em um momento crucial do clube. Esclarecemos a realidade, coisa que nunca foi feita pelos gestores que passaram por aqui. Nesse momento, cabe ao sócio decidir se o clube continua ou fecha as portas. A assembleia aprovou as mudanças estatutárias sugeridas. O que fazemos é um esforço para manter o clube aberto até que sejam acertadas pendências processuais”, avaliou o presidente Luís Cláudio, o Tiné.

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Aperam reivindica mais de 70% da área do Alfa

Como se não bastassem todos os problemas enfrentados pelo Alfa, uma decisão recente da Aperam bloqueou operações do clube que tinham como finalidade aliviar a crise financeira. A empresa ingressou com uma ação na Justiça, alegando que a área onde se localiza o clube foi doada com a destinação específica para ser utilizada como clube de lazer.
Alex Ferreira
Palco de grandes eventos esportivos e culturais, campos deixam de pertencer ao Alfa e serão reintegrados à Aperam Palco de grandes eventos esportivos e culturais, campos deixam de pertencer ao Alfa e serão reintegrados à Aperam


O juiz de primeiro grau acatou o pedido da empresa e, com isso, a comercialização de quatro lotes ao lado da portaria do clube foi bloqueada. Sem condições de repassar a escritura dos imóveis, os compradores também pararam de quitar os pagamentos. A consequência imediata foi o acúmulo da dívida com fornecedores e com a folha de pagamento de pessoal.

Na sexta-feira, procurada pelo Diário do Aço, a assessoria da Aperam informou que “a área em questão está em negociação pela empresa devido a um passivo do clube com a Aperam”, acrescentando que a retomada do espaço tem por objetivo “a incorporação ao patrimônio da empresa”.

Na assembleia de quinta-feira, os sócios foram formalmente informados da exigência da empresa, confirmando o que já era de conhecimento extraoficial de todos em caráter extraoficial. Para desistir da ação contra o clube, a direção da Aperam em Timóteo reivindicou aos diretores a devolução da maior parte do imóvel. A área reivindicada pela Aperam começa na portaria, pega toda a pista de bicicross, um quiosque e vai margeando a estrada até o estacionamento das piscinas, depois vira à esquerda e separa toda a área verde.

O clube perderia todos os quiosques de churrasco, todos os campos de futebol e as quadras de esportes, o que equivaleria a mais de 70% da área total. A maior parte do terreno é de preservação permanente, coberta por uma mata e à margem de um curso d´água.
A partir desse ponto área deixa de pertencer ao clube Alfa A partir desse ponto área deixa de pertencer ao clube Alfa


Essa informação gerou protestos. Um dos associados lembrou que a área do Alfa foi doada pela antiga Acesita, quando a siderúrgica ainda era estatal, e que a exigência da Aperam é descabida. “Se tem alguém que poderia questionar qualquer coisa nisso aqui é a União, que à época da doação era a dona da Acesita”, argumentou o associado.
Outros defenderam que seja acionado o Ministério Público Estadual, e não faltaram críticas à decisão dos dirigentes da siderúrgica e à própria diretoria do clube Alfa.

A última esperança para escapar da falência é que a criação de novas modalidades de sócios consigam atrair novos usuários, no momento em que se aproxima o verão, com previsão de altas temperaturas entre 2017 e 2018.



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Comentários

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Lourena Micaela

24 de outubro, 2017 | 09:03

“Bom, fui sócia no Clube, minha infância foi nele e hoje com essas mudanças fica mais fácil para associar ao Clube, mais tem que ter algumas mudanças como você faz sócio e não pode colocar seus pais como dependes todos os outros clubes permitem ou os pais colocar seus filhos solteiros, sem diferenças entre homens e mulheres muita coisa tem que ser revisada, pois gostaria de me associar novamente e outros amigos tbm familiares mais dessa forma fica difícil, tem que revisar esse estatuto interno do clube.”

Mário F. Valentin

20 de setembro, 2017 | 14:59

“Atenção povo de Timóteo,não ficam de braços cruzados,lutam pelos seus direitos,não deixa acabar a ALFA.”

Percival Farquhar

19 de setembro, 2017 | 11:11

“Creio que faltou ao longo do tempo uma gestão competente e eficiente ao ALFA. Não bastará abrir a oportunidade para o ingresso de novas modalidades de sócios, é necessário uma gestão eficiente e competente que saiba reestruturar e criar novas atividades de lazer, turismo, entretenimento, venda de cotas para novos sócios proprietários e divulgação ampla. Também o apoio de uma equipe de especialistas em clubes de lazer, marketing multimídia e gestão modernizada, é imprescindível, ou o ALFA será só lembranças.”

Romulo Pederneiras

18 de setembro, 2017 | 12:55

“E a tal Fundação Acesita? Serve pra que? Pra colocar presidente na foto com político? O atual presidente não era do conselho do Alfa? O Alfa é patrimônio social da cidade.”

Carlos Henrique Marques

18 de setembro, 2017 | 12:19

“Tem gente que se faz de bobo, só pode. Eu alertei no primeiro comentário que falta comando na cidade para dizer à diretoria da Aperam que não deveria sitiar a cidade com suas cercas ridículas e não precisa de pedaços de terra. Primeiro ela interditou a ponte Mauá e ninguém se importou. Depois cercou as áreas dos campos de futebol e fez-se o silêncio. Agora é o Alfa. Amanhã ela pode descobrir que sua casa também tem uma falha no documento e vai tomar o seu imóvel. Mas aí todos estarão em silêncio e ninguém vai gritar para te defender. Acorda, Timóteo!!”

Elson

18 de setembro, 2017 | 11:16

“Coitado do Carlos Henrique Marques! Deixem o cara em paz. Rs”

Diego Silva

18 de setembro, 2017 | 09:16

“Nosso amigo Carlos Henrique Marques, apenas confundiu a matéria. Ele queria reclamar sobre a prefeitura, o sindicato e a empresa. Não teve culpa, coitado!”

Antonio

18 de setembro, 2017 | 09:14

“Então, Carlos Henrique Marques! Releia a matéria. Verá que não tem nada a ver com a cidade, o prefeito, sindicato e muito menos com a empresa. A matéria é sobre um clube. Apenas um clube, que não é gerido/gerenciado pelo prefeito, nem pelo sindicato e muito menos pela empresa. Abçs.”

Carlos Henrique Marques

18 de setembro, 2017 | 05:39

“Não, Antônio,não fui demitido da empresa, nunca fui candidato a cargo público e nunca trabalhei com política, mas diferentemente de você o que vejo em Timóteo é uma cidade abandonada, sem comando político, sem lideranças e a mercê de uma empresa multinacional, que desrespeita o nosso povo.”

Diego Silva

17 de setembro, 2017 | 22:17

“Demorou! A quantidade de "Presidente", que passou pelo clube, e que quis apenas meter a mão na grana. A quantidade de desvios que rolaram nessa ultima década... O clube, em um período era como se fosse privado a algumas pessoas. Muitos pagavam e poucos tinham o direito de usufruir. A quantidade de "funcionários", que tinham mais direitos que os próprios sócios, era coisa absurda. Tá aí o resultado! Lamentável o que está acontecendo, mas já era previsto.”

Antonio

17 de setembro, 2017 | 22:13

“Rs. Carlos Henrique Marques. Viajou na maionese. Só faltou dizer que é também culpa da Dilma, do Lula, do PT, Do Trump, e do furacão irma. Aposto que é um dos que foi demitido da empresa, ou que tentou uma vaga na política e não consegui.”

Carlos Henrique Marques

17 de setembro, 2017 | 19:55

“cidade sem prefeito, sem entidades, sem sindicatos, sem movimentos sociais só dá nisso, uma empresa de gringos manda e desmanda. essa vai para quem defende o capital estrangeiro.”

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