16 de setembro, de 2017 | 01:00
Nascente seca no bairro Chácaras Madalena
Outro problema é a contaminação da nascente por parte de outros moradores, o que tem impedido a comunidade de usar a água para beber ou tomar banho
Wôlmer Ezequiel
Volume de água na nascente do bairro Chácaras Madalena diminuiu significativamente ao longos dos anos
Utilizada durante vários anos para o banho, saciar a sede e realizar tarefas domésticas, a morte lenta de uma nascente do bairro Chácaras Madalena preocupa os moradores da comunidade. Ronilson Silveira, que reside há 30 anos no bairro, afirma que nunca precisou da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa). Só usávamos a água da mina para fazer tudo. Só que desde há alguns anos, a nascente está acabando e estamos pedindo às autoridades para tomarem alguma providência para a gente não perder essa preciosidade”, resume. Outro problema é a contaminação da nascente por parte de outros moradores, o que tem impedido a comunidade de usar a água para beber ou tomar banho. Agora todos no bairro têm água da Copasa. Usamos a pouca água que chega da nascente apenas para limpar a casa, porque não temos mais confiança nela. Como eu vejo que tem umas casas para cima da nascente, desconfio para onde o esgoto deles é jogado. Se for mesmo para a mina, uma hora vai atingir o lençol freático”, explica.
Queimada
Na semana passada, uma queimada no terreno próximo à nascente assustou a comunidade e danificou ainda mais as condições da mina. O mato de quase todo do terreno ao lado foi queimado. Então, quando chegar a época de chuva, a terra vai descer para a nascente e acabar de soterrá-la. Chamamos até a polícia no dia, mas ainda não descobriram quem foi o responsável pela queimada”, acrescenta Ronilson.
Indignação
Outro morador da Chácara Madalena, Manuel Alves de Almeida, também se mostra indignado com a perda da nascente. ”Todos os moradores mais antigos são prejudicados. Todos sabem a falta que essa mina faz, porque muitos de nós precisamos plantar e colher, o que demanda o uso frequente de água”, ressalta.
Para agravar a situação da nascente, um recente empreendimento imobiliário foi iniciado perto da mina. A suspeita dos moradores é que essa atividade também tenha prejudicado a produção de água.
Polícia de Meio Ambiente acompanha o caso
O comandante do 2º Pelotão da Polícia Militar de Meio Ambiente (PMMAB), tenente Ednilson Caldeira, confirma que, desde o início do loteamento perto da nascente do Chácaras Madalena, houve uma série de denúncias. De fato, irregularidades foram constatadas na área de preservação permanente. No entendimento da PMMAB, o empreendedor fez um barramento próximo da mina de forma irregular. Em vista de outras irregularidades, a decisão foi pelo embargo do loteamento, e um processo foi ajuizado.
Segundo o tenente, no mês de maio desse ano, os técnicos da Secretaria de Estado de Meio-Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD) da Superintendência Regional de Regularização Ambiental (Supram) de Governador Valadares foram ao local realizar uma nova vistoria. Nós os acompanhamos e verificamos que a situação do terreno se encontra da mesma forma que estava anteriormente. É bom lembrar que, no caso de qualquer curso de água, dependendo do tamanho e da largura dele, tem que ser respeitado um limite de 30 metros para fazer alguma atividade”, destaca.
Em relação às queimadas que ocorreram no mês passado, o oficial explica que o fogo se alastrou em pastos e a autoria ainda é investigada.
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