30 de agosto, de 2017 | 14:42

Polícia abre inquérito para investigar caso de racismo de mãe contra professoras em Minas

Mãe de duas crianças, do Triângulo Mineiro, reclama que elas teriam aulas com professoras negras e faz uma série de ofensas

Divulgação
Caso de racismo aconteceu na cidade de Araporã, no Triângulo MineiroCaso de racismo aconteceu na cidade de Araporã, no Triângulo Mineiro
A Polícia Civil deve ouvir, nos próximos dias, mais envolvidos em um caso de racismo que abalou a pequena cidade de Araporã, que tem 6,7 mil habitantes, no Triângulo Mineiro. Na semana passada, começou a circular pelas redes sociais um áudio em que a mãe de duas crianças reclama que elas teriam aulas com professoras negras e faz uma série de ofensas. O caso chegou à polícia e a mulher prestou depoimento em uma delegacia nesta semana.

Uma das docentes procurou a Polícia Militar (PM) em 23 de agosto para registrar um boletim de ocorrência. Segundo o documento, ela disse que dá aulas em uma escola municipal de Araporã e que, naquele dia, recebeu de uma colega um áudio em que a mãe de uma aluna se mostra insatisfeita com o fato de que ela seria a nova professora da criança.

Conforme o boletim de ocorrência, “No áudio a autora diz que 'não gosta de preto, que quando se aproxima de um fede a sovaco e quando se aproxima de outro a boca é podre, e que a única coisa preta que ela se aproxima é Coca Cola'”.

A vítima disse à polícia que os áudios foram gravados há algum tempo e que, dias antes, a mulher foi até a escola onde ela dá aulas e conversou com a vice-diretora, “e teria dito que não queria sua filha com preto porque não gosta e preto e que a vítima teve uma filha com síndrome de Down como castigo de Deus, uma vez que a vítima não gosta de crianças”. A professora foi orientada a fazer uma representação na delegacia de polícia contra a agressora, e apresentar a mídia contendo os áudios. Uma segunda professora, que dá aulas para outra filha da mesma mulher, também é citada na gravação.

O caso é investigado pelo delegado Armando Filho, da Delegacia de Tupaciguara. A assessoria de imprensa da Polícia Civil informou que a autora dos áudios foi ouvida, mas o delegado não vai divulgar o conteúdo do depoimento. Uma testemunha também já prestou depoimento. A vice-diretora da escola e outras pessoas devem ser ouvidas nos próximos dias. As gravações passam por perícia.

REPERCUSSÃO

O episódio de racismo mobilizou a cidade. Muitos moradores e amigos das vítimas enviaram mensagens de apoio pelas redes sociais e colocaram a frase “Diga não contra o racismo” em suas fotos de perfil no Facebook. “Por favor, sem medo de me ofender, me chame de negra. Adoro recordar de onde eu vim, quem eu sou, minha essência, os meus antepassados, a minha história. Até onde posso, vou deixando o melhor de mim...”, publicou uma das docentes na rede social.

No perfil da outra professora, há centenas de mensagens positivas, entre elas um vídeo de um turma de alunos dela. “A gente te apoia muito, a gente gosta muito de você, e não é só porque os outros falam isso de você que tem que ficar triste”, diz uma das estudantes.

Entre as pessoas que se manifestaram está a prefeita de Araporã, Renata Borges (PP). “Quero me solidarizar com nossas professoras, que sofreram esse tipo de racismo, preconceito é crime e precisamos realmente assumir posição e punir pessoas que fala o que vem à boca sem respeitar a família e o sentimento das pessoas”, disse a chefe do Executivo municipal em uma postagem no Facebook. No texto, ela dá a entender que também foi citada pela autora do episódio. “Quanto às ofensas que fez a minha pessoa gostaria que (a autora) me respeitasse da mesma forma que eu a respeito. Infelizmente temos dois ouvidos pra escutar tanta bobagem #contraoracismo”, finalizou.

No dia 23, quando o espisódio veio à tona, a prefeitura de Araporã divulgou uma nota oficial em seu site repudiando o caso.
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Comentários

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Gildázio Garcia Vitor

31 de agosto, 2017 | 11:04

“Escola sem partido, escola sem comunistas, escola sem ateus e, agora, escolas sem Professores negros. E pensar que um dos maiores geógrafos do mundo, com vários livros publicados, foi o negro Milton Santos.”

Marcos

30 de agosto, 2017 | 16:53

“O Preconceito Racial no Brasil existe!
Numa Sociedade de burgueses e vassalos, esse problema repercute e cheira mal diante do mundo. Tive a infelicidade de trabalhar com alguém racista, pessoa da qual fui objeto de desprezo e perseguição,uma vez que esta não conseguir competir intelectualmente, preferiu trabalhar minha demissão da Empresa, a qual sem explicação aconteceu.
Certo dia, uma de nossas "Rainhas Negras", passa rumo ao portão de Embarque com seus cabelos soltos, linda, e a Superior imediata, de branca que é, dá uma risada e diz em tom de deboche:" _ meu deus, vocês viram aquilo? parece um bicho." Me senti ali, violentado, ultrajado, pois ela fazia um comentário racista frente a um negro, e isto se deu em um dos Aeroportos da Região.
Me pergunto: Até quando?
Por acaso a cor da pele, ou o cabelo pixaim é sinônimo de incapacidade intelectual? É sinônimo de criminoso? Temos uma ideologia de gênero muito forte no Brasil. Lamentável!!
Quando finalmente os Negros serão libertos?”

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