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15 de agosto, de 2017 | 09:23

Acordo LANARI-HORIKOSHI

Sérgio Orlando Pires de Carvalho

Divulgação
A Nippon Steel & Sumitomo Metal, a Usiminas, a cidade de Ipatinga, Minas Gerais e o Brasil comemoram o pujante Acordo Lanari-Horikoshi, por seus 60 anos de existência. Em realidade, comemora-se seis décadas do convênio de intenções entre Brasil e Japão para a fundação da Usiminas. Portanto, um acordo muito especial, o qual viabilizou a existência da Usiminas, assim como, por extensão, a existência da cidade de Ipatinga, o crescimento do estado de Minas Gerais e de todo o Vale do Aço.

Esse audacioso e auspicioso acordo faz a junção dos nomes de Amaro Lanari Júnior – presidente da Usiminas à época - e de Teizo Horikoshi, bacharel em Direito e representante do governo japonês, e marcou o início da maior empresa siderúrgica da América Latina; da industrialização brasileira e o posicionamento do Japão como detentor de tecnologia para produção de bens de capital, em destaque a siderurgia, com bagagem tecnológica para implantar indústrias de base em qualquer lugar do planeta, sinalizando a inserção japonesa no cenário mundial desse segmento.

A confraternização da assinatura do acordo nos evoca a formalização do compromisso de participação japonesa na construção da Usiminas e no primeiro investimento externo em grande escala do Japão em outro país, após a 2ª Guerra Mundial; a concretização do sonho de Juscelino Kubitschek de alavancar a industrialização brasileira. Isso marcou a transformação do país, de simples exportador de minério de ferro para um grande produtor de aço de competitividade internacional.

Profissionais de países muito distintos precisaram superar as barreiras do idioma e da distância, para se unirem num projeto que colocou Minas Gerais no rol da siderurgia mundial e contribuiu para gerar o embrião de pesquisa e tecnologia que ainda hoje define a Usiminas.

Assim, o início da indústria de base brasileira facilitou a chegada ao mercado de produtos indispensáveis para atender a demanda nacional das indústrias naval, automobilística, petrolífera e mecânica pesada.

O projeto Usiminas embute uma circunstância curiosa, pois ele só se tornou viável graças a dois fatores importantes à época: a posse do mineiro Juscelino Kubitscheck de Oliveira na Presidência da República do Brasil e a participação do Japão, que percebeu no empreendimento a possibilidade de fomentar seu parque de máquinas e equipamentos, o que ajudaria a nação do Sol Nascente a se recuperar das dificuldades do pós-guerra.

O prosseguimento do projeto e as atividades na Usiminas nos trouxeram um legado diferenciado, caracterizado pela transferência de tecnologia e a formação de profissionais brasileiros altamente especializados, que junto aos japoneses imprimiram um padrão de produtividade, inovação tecnológica e qualificação dos produtos para os consumidores diretos da empresa.

Dessa maneira, a automatização de processos, a prática do “Just in Time” (produção sob demanda) e o controle de qualidade total (que daria origem aos certificados de qualidade ISO) se tornaram conceitos bem absorvidos na Usiminas, que foram reverberados nas empresas fornecedoras e parceiras do empreendimento, o que podemos considerar como modelo de uma nova concepção de indústria 4.0 – as chamadas fábricas inteligentes!

É interessante notar que muitas pessoas que passaram pela Usiminas e compartilharam a construção recíproca da empresa e da cidade de Ipatinga não perceberam ou não conseguiram mensurar a extensão e grandiosidade de tudo isso que aconteceu por aqui e que transformou o pequeno vilarejo na grandiosa cidade que é hoje.

Assim como a grandeza da região do Vale do Aço e do próprio estado de Minas Gerais, que teve seu nome mundialmente destacado através do aço fabricado na Usiminas, aqui em Ipatinga; que também patrocinou a evolução de um grande contingente de pessoas, que direta ou indiretamente, cresceram junto com esse venturoso projeto.

Diante de um contexto mundial desafiador e considerando os atuais estágios do desenvolvimento econômico, industrial e tecnológico das duas nações, evidencia-se a necessidade do aprofundamento das relações nipo-brasileiras como caminho natural para novos empreendimentos e parcerias, utilizando-se das expertises presentes em ambas às nações.

Temos ainda muito a aprender com o conhecimento, o senso de superação e a organização dos japoneses através de sua cultura milenar inspirada na confiança, no respeito mútuo, na harmonia e no equilíbrio.

Considerando uma dinâmica de educação e bons costumes, acredito que seja interessante agradecer ao Japão e aos japoneses por terem colaborado conosco na construção e funcionamento desse virtuoso projeto em Ipatinga, transformando sonhos e intensões na maior Usina Siderúrgica da América Latina. Assim, ontem como hoje, Brasil e Japão se traduzem em uma história de grandes encontros.

* Economista, MBA Executivo em Gestão Empresarial, PG em Administração de Empresas e Organizações, PG em Metodologia do Ensino Superior, Consultor Econômico-Financeiro e autor dos Livros “Economia & Administração” e “Guilhermina de Jesus e a Família Brasileira”. E-Mail: [email protected]. Blog: http://zaibatsum.blogspot.com.
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