
09 de agosto, de 2017 | 11:51
Quando a Usiminas cresce, crescemos todos
José Célio de Alvarenga
De imediato, quero lembrar homens e mulheres que dedicaram suas vidas a fazer da Usiminas a líder do mercado brasileiro e o maior complexo siderúrgico de aços planos da América Latina e um dos 20 maiores do mundo.É por causa deles que a Usiminas é parte da História de Minas e do Brasil.
Em qualquer registro feito sobre industrialização e o desenvolvimento do País e do Estado de Minas encontra-se o papel estratégico e decisivo que a empresa teve na construção da economia nacional.
Sem a contribuição da Usiminas, o Brasil não figuraria entre as mais importantes economias do mundo.
Por isso, é preciso destacar a campanha realizada, na segunda parte do século XX, por empresários e políticos visionários, em prol da construção de uma grande usina siderúrgica em Minas Gerais. O objetivo inicial era agregar valor à produção mineral do Estado.
A proposta que veio ao encontro do Plano de Metas do então presidente Juscelino Kubitschek buscava também aumentar a capacidade produtiva de aço para dar suporte a um novo ciclo de industrialização.
Ao esforço político interno somaram-se o governo e empresas japonesas, na época, perseguindo a internacionalização de capital e a renovação de suas fronteiras tecnológicas.
Um empreendimento dessa dimensão solicitou determinação, sentido prático e ousadia qualidades de dois profissionais que se tornaram símbolos deste projeto: AMARO LANARI JÚNIOR E TEIZO HORIKOSHI. Pelas mãos destes dois homens, a empreitada modernizante aportou em Coronel Fabriciano em 1957. Com o Acordo LANARI-HORIKOSHI, foi oficializada a sociedade NIPPON-USIMINAS.
Há 60 anos, portanto, o sonho de uma siderúrgica de porte em Minas Gerais começou a se tornar uma realidade.
Com investimentos do Governo de Minas Gerais, do Governo Federal e do Japão, foi criada a Usiminas: empresa estatal com o apoio de capital e tecnologia japoneses. No dia 26 de outubro de 1962, há 55 anos, foi inaugurada a Usina Intendente Câmara, pelo Presidente João Goulart.
54 anos separavam o início oficial da imigração japonesa no Brasil com a chegada do navio Kasato Maru daquele dia em que o Japão concretizou seu primeiro grande investimento externo após a 2ª Guerra Mundial.
Assim, o destino de nossos países foi se irmanando ainda mais. Como no passado, nossa gente se uniu e se transformou num só povo.
Profissionais de todas as origens superaram barreiras e adotaram uma só língua: aquela que falava em colocar Minas Gerais e o Vale do Aço no mapa dos grandes territórios siderúrgicos do planeta.
Como exemplo desta dedicação, cito aqui o grupo de engenheiros conhecido como Os Samurais composto pelos primeiros japoneses que chegaram ao Brasil para intercâmbio tecnológico e a implantação da Usina.
Com o crescimento da Empresa, e de sua capacidade produtiva, rapidamente a Usiminas rompeu fronteiras e entrou no mercado internacional.
O primeiro contrato de exportação forneceu aço para projetos industriais da Organização Techint, empresa argentina que viria a se tornar acionista da Usiminas no ano de 2012.
Do lado brasileiro, cito o presidente Rinaldo Campos Soares. Por indicação do próprio Dr. Amaro Lanari, Rinaldo assumiu a assessoria do Departamento de Engenharia Industrial da empresa, em 1971.
Ao colecionar sucessos em suas tarefas, em 1990 Rinaldo foi eleito Presidente da Usiminas, cargo que ocupou até 2008, quando, seguindo a tradição japonesa, ao completar 70 anos, entregou o posto e uma empresa sólida e lucrativa.
Antes, porém, promoveu a compra da área de mineração em Itatiauçu (MG) para a Usiminas, além da exitosa privatização da primeira siderúrgica do país e a incorporação da Cosipa. O sétimo e emblemático presidente da Usiminas fazia questão de ressaltar os exemplos de trabalho e boa gestão que os japoneses trouxeram para o nosso país.
Rinaldo dedicou sua vida à aproximação cada vez maior entre o Brasil e o Japão. Por este incansável esforço, foi indicado Cônsul Geral Honorário do Japão e recebeu a Ordem do Sol Nascente, Raios de Ouro com Laço”, que lhe foi entregue pessoalmente pelo Imperador Akihito.
Hoje, a Usiminas domina toda a cadeia produtiva siderúrgica, indo da extração do minério, passando pela produção de aço até a sua transformação em produtos e bens de capital. E mantém o maior Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em siderurgia da América Latina.
A implantação da Usiminas exigiu mobilização econômica e social ampla e diversa e movimentou as cidades à sua volta, o Estado e o País. A ponto de reconfigurar a divisão administrativa local. De Coronel Fabriciano surgiram os municípios de Timóteo e Ipatinga.
A Usiminas também deixou suas marcas em investimentos sociais. A exemplo do Instituto Cultural Usiminas e da Fundação São Francisco Xavier que oferecem projetos nas áreas de saúde, educação e cultura inclusiva. O destaque na infraestrutura é o Aeroporto implantado pela empresa na área do Distrito Industrial de Santana do Paraíso, e que serve a toda a comunidade do Vale do Aço.
Ao mesmo tempo em que se ressalta a história e a importância da Usiminas, é preciso reconhecer que um empreendimento deste porte não se constrói sem conflitos, particularmente aqueles que envolvem o capital e o trabalho. Tais conflitos têm que ser contornados, ainda mais em tempos de crise como o que vivemos atualmente.
Por isso, é com satisfação e esperança que verificamos a tendência de melhoria de indicadores econômicos da empresa, iniciada no 3º trimestre de 2016, e que apontam para uma nova trajetória de ascensão da companhia.
Contudo, sem meias palavras, é preciso dizer que, diante da crise mundial, é urgente um pacto que promova a unidade de interesses e ações em torno do objetivo maior de garantir o pleno funcionamento da Usiminas e dos postos de trabalho.
Para nós, que nascemos e crescemos no Vale do Aço, falar da Usiminas é mais do que apenas citar números e discorrer sobre produção. O mesmo pode ser dito sobre aqueles que, em função da Companhia, adotaram o Vale do Aço como sua segunda terra natal.
Qual de nós não teve ou tem um parente, um amigo ou um vizinho que trabalhou ou trabalha na Usina? Quem de nós nunca ouviu ou contou uma história, ou um caso da empresa?
Para nós, falar da Usiminas é falar de nós mesmos, de nossas vidas, de nossas famílias, de nossas realizações e de nossas angústias.
Comemoramos muito mais que 60 anos de uma parceria entre o Japão e o Brasil, celebrada no aperto de mãos entre AMARO LANARI JÚNIOR e TEIZO HORIKOSHI. Comemoramos um projeto, até aqui vitorioso, que envolve a todos nós, sem nenhuma distinção.
Comemoramos nossos encontros passados e nosso presente comum. E saudamos o futuro que nos espera e que vamos construir juntos.
Salientamos a importância dos trabalhadores neste processo, pois sem o esforço e a dedicação de cada um a Usiminas não passaria de um desejo, de uma vontade. Foram os trabalhadores, com suas mãos e sacrifícios, que transformaram o sonho em realidade.
Nosso apelo final é para que possamos nos unir e fazer tudo o que for possível para varrer o fantasma do desemprego que volta a rondar nossas vidas. A garantia do emprego é a condição maior da dignidade humana, seja aqui, no Japão ou em qualquer outro lugar do mundo. E nós vamos vencer mais este desafio.
* Celinho do Sinttrocel é Deputado Estadual e ex-presidente do Sinttrocel.
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