17 de julho, de 2017 | 15:17
Curso de pedreira de acabamento capacita mulheres
Qualificação profissional para mulheres de atitude é o mote da capacitação voltada para população em situação de vulnerabilidade social de Santa Luzia e Nova Contagem
Omar Freire/ Imprensa MG
Curso já está na etapa de atividades práticas e busca dar uma nova oportunidade no mercado de trabalho para estas mulheres
Cinquenta mulheres moradoras de áreas vulneráveis de Santa Luzia e de Nova Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, estão colocando a mão na argamassa e encarando um novo desafio profissional.Curso já está na etapa de atividades práticas e busca dar uma nova oportunidade no mercado de trabalho para estas mulheres
Elas estão na fase final do curso de pedreira de acabamento, oferecido pela Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania (Sedpac) em parceria com a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp).
Com carga horária de 200 horas, o curso já está na etapa de atividades práticas e busca dar uma nova oportunidade no mercado de trabalho para estas mulheres.
Ao fim da capacitação, elas conseguirão realizar pequenas obras e reparos que poderão ser aproveitados de forma profissional ou dentro do âmbito familiar.
Mas as aulas, oferecidas para quem está em situação de vulnerabilidade, vão além da construção civil. O treinamento também contempla conteúdos sobre inclusão digital, igualdade de gênero e empoderamento, como forma de contribuir com uma mudança real de vida.
Parte destas mulheres é atendida diretamente pelos programas de prevenção à criminalidade da Sesp, como Mediação de Conflitos, Programa de Inclusão Social de Egressos (Presp), Central de Acompanhamento de Alternativas Penais (Ceapa) e Fica Vivo!.
As demais por parceiros e rede dos Centros de Prevenção à Criminalidade (CPCs), onde são desenvolvidos os programas, em Santa Luzia e Nova Contagem.
Joelma Santana, de 26 anos, é uma das alunas. Filha de pai pedreiro, ela não quer depender de ninguém para organizar a casa onde mora com o marido e os dois filhos.
Estou querendo quebrar uma parede, colocar cerâmica no piso do meu banheiro e consertar um cano que está vazando”, diz a jovem que já trabalhou em salão de cabeleireiro e que agora até pensa em ingressar no mercado de trabalho da construção civil, mesmo que o pai continue acreditando que essa é uma área exclusivamente masculina.
A etapa de atividades práticas é realizada na sede da Comunidade Kolping, uma ONG parceira do projeto. Lá as mulheres estão construindo um banheiro, fazendo reparo na área externa e paredes, bem como assentando pisos e revestimentos.
Nesse processo todos saem ganhando. Afinal a sede da comunidade ganhará uma reforma e as envolvidas aprendem efetivamente a preparar um canteiro de obras.
Para viabilizar a participação diária de todas as mulheres, elas recebem vale transporte e lanche todos os dias. Além disso, as que têm filhos podem contar com a ajuda de uma instrutora que fica por conta das crianças enquanto as mães se empenham no aprendizado.
Para Carmem Alves, de 40 anos, que cuida dos três filhos e de uma neta, a oportunidade é única.
Quando soube fiquei logo interessada. Sempre quis fazer um curso assim. Gratuito, com passagem e alimentação incluídas, como poderia perder essa chance? Não quero depender de ninguém pra colocar uma cerâmica no meu banheiro e assentar a bancada da minha cozinha. Além disso, é uma oportunidade de eu ganhar uma renda extra pra ajudar nas despesas da minha família”, diz Carmem.
A mais nova da turma de alunas de Santa Luzia, Michelly Helena tem apenas 16 anos e está cursando o segundo ano do ensino médio. Como estava com as tardes ociosas ela decidiu se inscrever no curso. A oportunidade já influenciou a sua escolha no sonho da graduação.
Estou pensando em cursar engenharia. Não pensava nisso antes de fazer o curso de pedreira. Mas estou gostando tanto que já penso em prestar vestibular nesta área”, afirma a adolescente, que conta também com o apoio dos colegas da escola.
Lincoln de Sales é o responsável por ensinar às mulheres de Santa Luzia o ofício predominantemente masculino e garante que a única diferença entre homens e mulheres numa obra é a força física.
Sem dúvida o homem tem mais força física, mas não quer dizer que tenha mais capacidade. A mulher de um modo geral tem mais capricho, dedicação e força de vontade. Não sinto dificuldade em trabalhar com o público feminino. Eu me identifico muito com o trabalho que elas desempenham”, diz Lincoln, que é formado em Belas Artes e há 15 anos dedica seu tempo ensinando a profissão de mestre de obras.
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