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13 de julho, de 2017 | 12:24

Remédios para osteoporose e os riscos para saúde bucal

Gregório Sagara

Divulgação
A osteoporose atinge cerca de 10 milhões de pessoas no Brasil, segundo dados da Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo – Abrasso. As principais vítimas (uma a cada três) são as mulheres, com idade entre 60 e 70 anos.  

A osteoporose não é um problema para a odontologia de maneira geral, porém, neste artigo abordarei especificamente os perigos que as medicações mais usadas para controle de osteoporose e osteopenia podem gerar nos tratamentos odontológicos. De forma simplificada, a osteoporose é uma doença de redução do volume, densidade e massa óssea, que nos acomete quando as células chamadas osteoclastos removem mais tecido ósseo do que os osteoblastos (formadores de osso) conseguem repor, assim perde-se mais do que é formado, tornando-os mais frágeis.

Não entrarei em detalhes sobre as possíveis causas de osteoporose, mas abordarei uma das principais formas de tratamento utilizadas pela medicina na atualidade, que é através de um grupo de medicamentos chamados bisfosfonatos. Você pode reconhecer essas medicações através de diversos nomes, como alendronato, risedronato, ácido zoledrônico, ibandronato, e por muitas vezes eles são relatados aos dentistas como “vitaminas que são tomadas uma vez por semana, não podendo comer e nem deitar em até meia hora depois de tomá-la”.

O fato é que essas medicações agem diminuindo as células que removem o osso, os osteoclastos, sendo eles essenciais para liberação de fatores de crescimento, remodelação óssea e formação de vasos sanguíneos, ou seja, são fundamentais para a cicatrização óssea. 

E onde entram os riscos? Essas medicações fazem com que os ossos fiquem sem remodelação, ou seja, sem a capacidade de cicatrizarem-se de forma eficiente e, na odontologia, inúmeros tratamentos dependem da cicatrização óssea, como a extração de um dente, cirurgias de implante dentário, enxertos ósseos etc.

Pessoas que usam bisfosfonatos possuem um risco aumentado de sofrerem de uma enfermidade grave, a “osteonecrose induzida por bisfosfonatos”, consistindo na infecção e necrose do osso e que é extremamente difícil de ser tratada, já que a redução na capacidade de cicatrização óssea diminui a capacidade do organismo em combater a infecção e regenerar a região.

Com o aumento da prescrição de bisfosfonatos, inclusive para tratamentos de problemas ósseos mais leves, os problemas relacionados a eles têm aumentado consideravelmente na última década, com diversos relatos de osteonecrose em cirurgias de extrações e implantes dentários. Isso tem preocupado a comunidade odontológica como um todo. 

O procedimento adotado pelo cirurgião dentista é, acima de tudo, avaliar as condições do paciente, tempo de uso e tipo de bisfosfonato que é utilizado. Dentro dessa avaliação, o cirurgião dentista poderá entrar em contato com o médico responsável pela indicação do tratamento da osteoporose, a fim de planejar a possível interrupção do mesmo por no mínimo seis meses. Aliado a isso, realizar acompanhamento constante, por meio de exames específicos, que deverão ser repetidos até que se encontre uma condição com menos risco cirúrgico.

É importante salientar que essa medicação se mantém em tecido ósseo por até oito anos após a interrupção e, dependendo da quantidade e do tipo de medicamento tomado, os riscos para o surgimento de um problema poderão levar uma década ou mais para serem eliminados. Sendo assim, em casos de extrações de urgência nos quais a interrupção prévia do medicamento não pode ser realizada, o risco do surgimento de osteonecrose no paciente pode aumentar seriamente.

O cirurgião pode empregar medidas preventivas a fim de diminuir esse risco. Em relação ao sucesso cirúrgico na implantodontia, é importante que o paciente tenha controle da própria saúde como um todo, pois fatores como diabetes sem controle, problemas gengivais, deficiência de vitamina D e outros também podem contribuir para a perda precoce dos implantes.

A higienização oral completa, realizada de forma criteriosa com escovação e fio dental, além de visitas periódicas ao dentista, diminui o risco de problemas orais de forma significativa, sendo a melhor maneira de reduzir a necessidade de tratamentos invasivos odontológicos.

Vale lembrar que, durante as consultas odontológicas, é extremamente importante não ocultar o uso de nenhuma medicação, mesmo que você as veja apenas como suplementações alimentares ou vitaminas, como é o caso dos bisfosfonatos.
 
* Consultor Científico da SIN Implantes, graduado em Odontologia pela FOP-UNICAMP, com residência em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial pelo Complexo Hospitalar Padre Bento de Guarulhos.
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