06 de julho, de 2017 | 11:07

O que ouvi de Maílson da Nóbrega

Divulgação
Na última quarta-feira, nas festividades do Dia da Indústria, na FIEMG Regional Vale do Aço, ouvimos um dos mais relevantes economistas do Brasil, o paraibano Maílson da Nóbrega. Colunista da revista Veja, Maílson notabilizou-se como Ministro da Fazenda do Governo Sarney.

Formado em economia pela Faculdade de Ciências Econômicas Contábeis e de Administração do Distrito Federal (CEUB), em 1974, iniciou carreira no Ministério da Fazenda, assumindo vários postos proeminentes até ser nomeado ministro da pasta, em 6 de janeiro de 1988, após a renúncia de Luiz Carlos Bresser Pereira. Atualmente é sócio-diretor da Tendência Consultoria e membro de conselho administrativo de sete empresas.

Em sua fala, Maílson discorria sobre o tema “Cenário Político-Econômico Brasileiro”. Quem esperava ouvir a narração de um “thriller” à brasileira foi surpreendido com o viés otimista que apresentava os argumentos para fazer acreditar que o país está melhorando. E para isso, observou indicadores que sua consultoria pesquisou e trouxe ao conhecimento dos presentes.

Primeiramente, anunciou a melhor safra que o país colheu nos últimos anos, crescimento da agricultura em 11% promovendo superávit de 660 milhões, deflação no mês de junho, probabilidade da taxa Selic chegar abaixo de 8,5% no fim do ano, expectativa de inflação em 3,5% e Produto Interno Bruto em 0,3% (é muito aquém do necessário, mas muito superior do que o negativo apresentado em 2016). O desemprego vai estabilizar e deve cair nos próximos meses.

No entanto, ele pondera que um novo ciclo de desenvolvimento econômico dependerá da recuperação do investimento e da produtividade. Para isso, alguns fatores deverão calçar as bases para que isso venha a acontecer, entre eles, a ausência de risco de crise cambial, a condição do Brasil ser um credor internacional líquido (reservas cambiais superiores a 300 bilhões de dólares) e a inexistência de risco de crise bancária (temos um dos mais avançados sistemas bancários do mundo).

Entretanto, Maílson observa a necessidade de a reforma da previdência sair ao fim desse ano ou início do próximo, contando como certo que a reforma trabalhista seja aprovada ainda esse semestre. Outro ponto interessante de sua fala foi sobre os mecanismos de “alarmes contra incêndios” criados ao longo de décadas, que são verdadeiros inibidores de retrocesso na economia, na política e na sociedade.

Visões do futuro - título negrito minúsculo
O ex-ministro aponta que temos instituições sólidas e que a democracia, apesar de jovem, superou mais de duas eleições seguidas sem fraudes (nós passamos por sete delas). E que temos o sistema eleitoral mais eficiente do mundo (em duas horas já se tem apuração oficial), um sistema judiciário independente, imprensa livre, novas crenças da sociedade e mercado interno.

E que a “accountability” (prestação de contas) funciona. Comemorou ainda que há renovação das lideranças e que o brasileiro passou a detestar a corrupção, superando o medo do desemprego nas pesquisas de opinião. E, por fim, que os mercados funcionam.

Caminhos para a prosperidade
O palestrante observou que a produtividade é a geradora de riquezas de uma nação. Ele citou Adam Smith, o maior economista da história (pai da economia moderna), e surpreendeu a todos comparando a produtividade do trabalhador brasileiro com a do trabalhador norte-americano em uma relação de 20%.
Apontou, também, a solvência fiscal - capacidade de a receita fazer frente as despesas públicas e a dívida e seus custos - e o investimento em educação como prioritários.

Fim da festa
Ao final das solenidades na Fiemg Regional Vale do Aço, tive a oportunidade de ficar ao lado de Maílson da Nóbrega e não resisti à tentação de jornalista, pedindo-lhe que fizesse uma aposta quanto à permanência do presidente Michel Temer na presidência do país até o fim de 2018, apontando que uma delação de Eduardo Cunha e ou do ex-ministro Geddel Vieira de Lima poderiam criar fatos que tornassem sua permanência insustentável. E Maílson respondeu que isso tudo vai depender muito da contundência das provas e a elucidação completa dos fatos. Assim, vamos esperar para ver.
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