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05 de junho, de 2017 | 12:30

Gerenciado pela Emater

Programa melhora a qualidade de vida dos jovens na zona rural

Divulgação
Na região do Vale do Jequitinhonha, muitos dos projetos desenvolvidos a partir de recursos recebidos pelo programa Brasil sem Miséria (BSM), que é realizado em Minas Gerais por meio de um acordo de cooperação técnica entre o Governo do Estado e o Governo Federal, são conduzidos por jovens do meio rural. 

Destinado a agricultores familiares em situação de extrema pobreza, com renda per capita de até R$ 85 por mês, e que estejam incluídos no Cadastro Único do Governo Federal, o Brasil Sem Miséria fornece aos beneficiários o valor de R$ 2,4 mil a fundo perdido, para investimento em um projeto produtivo.

Este é o caso de Geno Oliveira, de 23 anos, residente em Veredinha, que viu no programa uma oportunidade de realizar o sonho de ter uma criação de galinhas caipiras e, assim, garantir uma renda própria. “Os meus pais são doentes, não trabalham mais, e tenho ainda dois irmãos mais novos. Nós sobrevivemos do que plantamos aqui, e não temos outra fonte de renda”, explica o jovem.

Com auxílio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), ele conseguiu obter acesso ao BSM e está construindo um galinheiro no pequeno terreno onde mora com os pais. “Para a gente, que tem baixa renda, este é um auxílio muito bom. Para ter um salário, eu teria que sair da roça, coisa que não posso fazer porque cuido dos meus pais. Se Deus ajudar, eu vou tirar uma renda com as galinhas e completar em casa. Foi um bom empurrão para mim”, conta.

O Brasil Sem Miséria foi uma das iniciativas que passou a integrar o programa Novos Encontros, estratégia lançada pelo governo de Minas para promover o enfrentamento da pobreza no campo, com investimentos de R$ 1,3 bilhão até 2018 em todos os 17 Territórios de Desenvolvimento do estado. 

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Os extensionistas da Emater ajudam as famílias a elaborar os projetos para receber os recursos, dão assistência técnica na implantação da atividade e orientações sobre a comercialização. E os técnicos da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário (Seda) executam o termo de cooperação e fiscalizam o programa.

Bem feitinho
Geno Oliveira já recebeu a primeira parcela do programa – primeiro, a família recebe uma parcela de R$ 1,4 mil e depois o restante do valor (R$ 1 mil) – e comprou o material necessário para a construção do galinheiro. “Hoje eu já tenho sete galinhas, todas com pintinhos, então a minha produção vai aumentar logo. Quero comprar mais algumas aves quando eu receber a segunda parcela. Está quase pronto, estou fazendo tudo muito bem feitinho, para dar certo”, espera.

Para o superintendente de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário (Seda), Leonardo Koury, o Brasil Sem Miséria garante a segurança alimentar para muitas famílias no campo. “Muitas pessoas encontram sua vocação rural nestes projetos, e passam a ser protagonistas de suas histórias. O programa gera renda, movimenta a economia local e, principalmente, ajuda a garantir a sustentabilidade das famílias”, afirma.

Além da assistência técnica feita pela Emater-MG, o beneficiário também recebe consultorias e informações sobre higiene sanitária e alimentação saudável. O BSM possibilita, ainda, melhorias nas condições ambientais da propriedade e geração de renda com a comercialização do excedente, nos casos em que a pessoa opta por uma atividade agrícola.

O coordenador estadual e gestor do programa Brasil Sem Miséria da Emater-MG, Thiago Carvalho, diz que entre 2012 e 2015 já foram atendidas cerca de 8 mil famílias. “O objetivo é atender 12 mil famílias até 2018, e já temos seis mil famílias selecionadas, com os diagnósticos feitos pelos técnicos da Emater e projeto produtivo já estruturado. A primeira parcela já foi liberada para 1.200 delas”, ressalta.

Para Carvalho, muitas vezes a falta de oportunidades, de infraestrutura, de acesso à terra e de políticas públicas específicas para essa faixa etária desmotiva os jovens a permanecerem no campo.

“Um programa como o Brasil sem Miséria, que fomenta atividades produtivas rurais, vem ao encontro dos anseios desses jovens, proporciona acesso ao conhecimento técnico e recursos financeiros para desenvolver uma atividade produtiva de seu interesse, no seu ambiente familiar, com acompanhamento e orientação técnica de uma instituição como a Emater. Isso promove a sucessão rural no estado”, diz Thiago.

Salão de beleza
Em Capelinha, com recursos do Brasil sem Miséria, Sônia Caetano de Andrade, 28 anos, conseguiu profissionalizar a atividade que mantinha informalmente em casa, na comunidade rural Ponte Nova. “Eu atendia as clientes no meu quarto, mas elas tinham que vir com o cabelo lavado de casa para eu escovar. Era tudo improvisado”, conta.

Há dois anos ela tem um pequeno salão, em um cômodo separado da casa. “O pessoal da Emater veio, anotou tudo que eu precisava para montar o salão, fez o projetinho e eu fui beneficiada”, completa. Hoje, Sônia tem um espaço com lavatório, cadeira de cabeleireiro, secador, prancha e produtos para cabelo, e ainda oferece, em parceria com colegas, serviço de manicure e pedicure. O negócio funciona nos fins de semana, pois nos demais dias ela trabalha como faxineira na igreja da cidade.

“Eu queria ter meu salãozinho, mas nunca achei que ia dar certo. Não tem salão aqui na roça, então tenho clientes fixas e hoje ganho pelo menos o dobro do que eu tirava trabalhando com cabelo. Essa renda extra me ajuda a sustentar minha filha, de oito anos”, lembra Sônia.

Negócio em conjunto
No Território Médio e Baixo Jequitinhonha, seis jovens de Francisco Badaró uniram os recursos captados por meio do programa e investiram em um negócio conjunto. Tudo começou com Wellington Passos, de 18 anos, que se formou em Técnicas de Agropecuária na Escola Família Agrícola. “Eu me formei no ano passado e queria trabalhar na agricultura. Procurei a Emater, pensamos juntos num projeto e resolvemos investir na apicultura, atividade não muito comum aqui e propícia para o clima da região”, diz.

Juntaram-se a ele a irmã, de 16 anos, e os tios, todos jovens. Com a primeira parcela recebida, eles já compraram colmeias e vão adquirir uma centrífuga, mesa e outros equipamentos para a retirada do mel. “Estamos começando agora, mas sou um sonhador. Esperamos colher 500 quilos de mel logo na primeira produção, porque temos colmeias fortes e uma florada muito boa da aroeira”, explica.

As tarefas são divididas. Cada jovem tem a incumbência de cuidar de 10 colmeias, e a produção já tem destino garantido: será vendida para uma empresa de beneficiamento de mel na região. “Sempre falei com minha mãe que queria continuar na roça. Projetos como esse, que disponibilizam esse recurso para a gente, são uma forma de garantir alimentação saudável e conseguir renda no campo. Assim, realizo meu sonho e ainda posso continuar no lugar em que nasci”, conclui Wellington Passos.
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