31 de maio, de 2017 | 17:03

Grampos telefônicos afundam Aécio em mar de lama

Novas gravações mostram senador afastado negociando com chefe da Polícia Federal até a reforma da Previdência

O senador afastado, Aécio Neves (PSDB) afunda em um mar de lama, com áudios gravados em escutas telefônicas em que trata de ações ilegais na tentativa de escapar das investigações que já lhe renderam seis inquéritos aos quais responde no Supremo Tribunal Federal.

Uma nova gravação divulgada esta semana mostra uma nova corrosão no capital político do senador mineiro, agora, com indícios de tentativa de extorsão e intervenção nas investigações da Polícia Federal. Antes, outra gravação com o senador Zezé Perrela, ganhou contornos de escândalo, no começo da semana, por tratar da explosiva combinação de política com drogas.

O novo grampo, divulgado nesta terça-feira pelo O Estado de S. Paulo, mostra Aécio Neves em conversa grampeada pela Operação Patmos com o diretor-geral da PF, Leandro Daiello, com quem tentava forçar um encontro para ter acesso aos depoimentos do processo por lavagem de dinheiro e corrupção no caso de Furnas para ter acesso a depoimentos que o acusam de ter recebido propina da estatal Furnas Centrais Elétricas.
Agência Brasil
Aécio Neves já tem  responde a seis inquéritos no Supremo Tribunal FederalAécio Neves já tem responde a seis inquéritos no Supremo Tribunal Federal


O acesso da defesa aos depoimentos não é crime. Aécio, entretanto, reclama das dificuldades impostas por um delegado e recebe a garantia do diretor da PF que a situação será resolvida e, inclusive, conhece bem o advogado enviado pelo senador, o criminalista Alberto Zacharias Toron. Com isso, Aécio responde: "É isso. Ele me falou muito bem do senhor lá. Até por em razão do que está por vir ainda, entendeu? Depois me concede uma audiência para nós falarmos de Previdência por uns vinte minutos. Veja aí com a sua agenda".

Ao incluir na conversa com o delegado a possível negociação de benefícios para a carreira dos policiais federais, na discussão da reforma tributária, em tramitação no Senado, Aécio entra na suspeita de tentativa de extorsão.
Gravada em 26 de abril, a conversa ocorreu pouco mais de um mês depois de Aécio se encontrar com o empresário Joesley Batista em um hotel de São Paulo.

No encontro, o senador se refere a Daiello fazendo coro ao desejo manifestado pelo dono da JBS. “Tem que tirar esse cara!”, bradou Aécio em diálogo gravado pelo empresário. Na mesma ocasião, ele chamou o então ministro da Justiça, Osmar Serraglio, de “um bosta de um c..., que não manda um alô”. O político mineiro classificou o ministro como um erro do presidente Michel Temer, que poderia ter mexido no comando da PF caso tivesse escolhido um subordinado menos arredio na pasta da Justiça.

No último domingo, Temer tirou Serraglio do ministério e nomeou o ex-ministro do TSE Torquato Jardim para o seu lugar.

Entidades de classe como a Associação de Delegados da Polícia Federal enxergam com preocupação a mudança na pasta, com receio de que o novo ministro possa interferir para minar a Operação Lava Jato. De outro lado, parlamentares de oposição ao governo Temer encaram a troca como uma manobra incentivada e antecipada por Aécio nas gravações, incluindo a conversa com o senador José Serra (PSDB), que pedia ao colega mineiro para que intercedesse no governo a fim de derrubar Serraglio.

Apesar do estrago causado pelos grampos, a defesa do tucano afirma que não houve qualquer tentativa de obstrução da Justiça, já que o senador “sempre se manifestou favorável às investigações” da PF e do Ministério Público.

MP investiga regalias a Andrea Neves

Também apanhada na Operação Patmos, da Polícia Federal, a irmã do senador, Andrea Neves da Cunha, de 58 anos, está presa desde o dia desde o dia 18 de maio, no Complexo Penitenciário Feminino Estêvão Pinto, em Belo Horizonte, acusada de ser a operadora de um esquema de propinas de Aécio Neves. Presa por causa de um escândalo, Andrea Neves é pivô de outra situação. O Ministério Público informou nesta quarta-feira que abriu investigações para apurar denúncias segundo as quais Andrea está recebendo regalias na prisão. Conforme denúncias, desde a sua chegadas várias detentas com curso superior foram removidas de uma ala para garantir uma cela isolada e privativa para a irmã do senador.

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