
27 de maio, de 2017 | 11:54
Velha cultura
O Galo teve um período de lua de mel com a torcida, após vencer seis jogos consecutivos que lhe deram o título Mineiro e a classificação na Libertadores, além de fazer uma estreia considerada boa, ao empatar com o Flamengo, no Maracanã.Mas, rapidamente a carruagem virou abóbora após duas derrotas seguidas, para o Fluminense - quebrando sua invencibilidade nesta temporada no Independência -, e a derrapada ao perder para o modesto Paraná, clube da Série B, infinitamente inferior técnica e financeiramente.
O principal defeito deste time comandado por Roger Machado vem de longe, desde a era Cuca, passou por Aguirre e Marcelo Oliveira, e agora caiu no colo do atual treinador: a fragilidade da defesa.
Este tem sido o grande desafio dos treinadores desde 2013, conciliar o estilo ofensivo natural do Galo, com a necessária segurança defensiva, primordial para quem almeja conquistar títulos importantes.
Ao assumir, com a proposta de migrar do Galo Doido” para um sistema mais equilibrado e responsável, o técnico Roger Machado criou expectativas e assumiu um risco enorme, por conta de oscilações como esta de agora, após duas derrotas seguidas.
Já o torcedor do Cruzeiro aguarda, com expectativa, pela apresentação da equipe hoje contra o Santos, na Vila Belmiro, onde é sempre muito difícil para qualquer visitante.
O técnico Mano Menezes sinalizou com a entrada de três volantes, Henrique, Hudson e Ariel Cabral, o que pressupõe um esquema mais cauteloso. Porém, todos eles sabem atacar, e a opção por Rafael Marques em lugar de Ábila tem tudo a ver com a preferência do treinador, que não gosta de atuar com um homem de referência, mas sim, com um centroavante que se movimente abrindo espaços para quem chega de trás.
Mesmo se der certo hoje, neste jogo dificílimo contra o Santos, não quer dizer que esta formação será mantida, pois com tantos titulares lesionados, o técnico Mano Menezes claramente está tentando fazer do limão uma limonada. Quando se ganha é bestial, mas se perde é besta”. Otto Glória, ex-técnico de grandes clubes brasileiros no século passado e da Seleção de Portugal na Copa de 66, definindo a velha cultura do futebol em relação aos treinadores no Brasil e Portugal.
Há quatro anos o futebol brasileiro não ganha uma Copa Libertadores, a maior competição continental. Desta vez, ela tem um formato diferente, esticou o calendário quase pelo ano todo, e a participação dos clubes nacionais na primeira fase de grupos pode ser considerada animadora. Dos oito participantes, seis brasileiros estão classificados para as oitavas. Só o Flamengo e a Chape ficaram de fora, sendo que o campeão catarinense ainda luta para reverter uma punição esdrúxula da Conmebol, que lhe tirou três pontos, supostamente por escalar um jogador irregular.
O sorteio para se conhecer os próximos confrontos, todos de mata-mata daqui para a frente, será realizado no dia 14 de junho. Beneficiado pela surpreendente derrota do River Plate, em casa, o Atlético se tornou o clube de melhor campanha entre todos os demais concorrentes e, a exemplo de 2013, quando conquistou o título, se for passando de fase, jogará sempre a segunda e decisiva partida em casa.
Nas oitavas, vai enfrentar um destes segundos colocados: Godoy Cruz (Argentina), Guarani (Par), Emelec (Equador), Barcelona (Equador), The Strongest (Bolívia), Jorge Wilstermann (Bolívia), Nacional (Uruguai) ou os brasileiros do Atlético (PR).
Uma boa novidade a partir das quartas de final na Libertadores será o uso do árbitro de vídeo. Com tantos erros absurdos dos assopradores de apito, pode até não resolver todos eles, mas é a garantia de que haverá menos injustiças. Mas, se perguntar não ofende, como vão as coisas aqui nos nossos grotões?
Afinal de contas, entramos na terceira rodada do Campeonato Brasileiro. Na minha opinião, continua na mesmice de sempre, ou quem sabe está até pior, depois do que se viu no último fim de semana no Independência, onde o Fluminense derrotou o Atlético por 2 a 1. Naquele jogo, o assoprador de apito gaúcho, Jean Pierre Lima, ignorou diversas faltas, mas, e sobretudo, marcou um monte de outras que só poderiam sair da sua cabeça. Mostrou-se um incompetente, do início ao fim, desagradando a gregos e troianos.
Seria engraçado, se não fosse trágico para o futebol brasileiro, uma vez que o diretor de arbitragem da CBF, Marcos Marinho, havia anunciado com toda pompa um novo programa de análise do desempenho de juízes e de seus auxiliares, exigindo, entre outras coisas, mais rigor no controle do jogo. Não vi - até agora acontecer nada do que ele disse que iria cobrar dos apitadores. Ao contrário o que tem predominado é a total falta de critério das arbitragens, e muita, muita incompetência na interpretação dos lances perante a lei esportiva.
Um outro fato que me chamou a atenção foi o comportamento do técnico-aprendiz do São Paulo, Rogério Ceni, ao continuar reprovando o gesto honesto de seu zagueiro Rodrigo Caio, ao passar a informação correta para consertar um erro cometido pelo árbitro.
Ainda bem que nem tudo está perdido e ainda existe gente boa nesta classe dos técnicos de futebol, como Tite, para aplicar um corretivo, um tapa com luva neste arrogante e contumaz Rogério Ceni. Rodrigo Caio foi convocado por Tite para a seleção brasileira, onde com certeza irá encontrar uma convivência melhor, ou porque não dizer, menos ignorante e mais civilizada. (Fecha o pano!)
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