25 de maio, de 2017 | 10:49
Alfabetização no Brasil
Luiz Carlos Amorim
Meu sobrinho de sete anos, Ramon, saiu-se com esta, recentemente, quando lhe deram um texto escrito em letra cursiva para ele ler: Como é que vocês me dão uma coisa com uma letra que eu não sei ler”?E ele tinha razão. Ele está sendo alfabetizado pelo sistema novo que inventaram, há uns quantos anos, para o ensino fundamental, segundo o qual a escola começa com as letras de forma”, ou de livro”. Ao contrário da sistemática antiga, na qual começava-se pela letra cursiva e só depois das famílias de sílabas, que hoje em dia já não se usam mais, quando a criança já começava a ler, é que se entrava com as letras de imprensa.
E, comprovadamente, as crianças têm muito mais dificuldade para aprender a letra cursiva depois da letra de forma. A maneira que se usava antes era muito mais prática, tinha uma sequência que funcionava, mas os donos do poder, na última década, resolveram modernizar” a educação brasileira e as nossas crianças, agora, estão aprendendo a ler e a escrever com oito, nove anos, por osmose, ao contrário de antes, que era com sete anos.
Então o Ramon tem razão de ficar indignado, pois se ensinaram para ele primeiro a letra de forma, que é quase quadrada, com muitos traços retos e poucas curvas, não dá para esperar que ele reconheça um texto escrito em letra cursiva, até porque, se ele está no segundo ano, a esta altura talvez essa letra nova, toda cheia de curvas, grudada uma na outra, como se fosse um trenzinho muito comprido, não tenha sido apresentada a ele, ainda.
Precisamos que o MEC reveja a nossa sistemática de ensino, pois não está funcionando. Precisam fazer mudanças para melhorar o ensino, e não o contrário, como tem sido feito. Estão tornando o ensino cada vez mais fraco neste nosso país, com modificações que deveriam melhorá-lo, mas na verdade o sucateiam cada vez mais.
E não é só o conteúdo programático do ensino fundamental e médio que devem merecer uma maior atenção do poder público. As escolas públicas precisam de manutenção, de equipamentos, pois muitas estão caindo aos pedaços, literalmente, os professores precisam de qualificação e salários decentes.
A educação precisa de uma reforma de verdade, mas uma reforma que melhore o ensino público e até o particular, pois as modificações que foram feitas até agora só serviram para encaminhar a nossa educação para a falência.
* Escritor, editor e revisor Presidente do Grupo Literário A ILHA. Cadeira 19 da Academia Sul-brasileira de Letras. http://www.prosapoesiaecia.xpg.uol.com.br. http://luizcarlosamorim.blogspot.com.br.
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