16 de maio, de 2017 | 10:00

Abertura Comercial

Sérgio Orlando Pires de Carvalho

Divulgação
Estamos vivendo momentos bicudos no mundo de hoje. Ditadura na Venezuela, guerra civil na Síria e ameaças da
Coréia do Norte, dentre outras, e, principalmente, o que acontece nos Estados Unidos de Donald Trump com seu discurso excessivamente protecionista, em um país que, tradicionalmente, negocia com o mundo todo.

Recentemente, em Washington, nos Estados Unidos, aconteceram as chamadas Reuniões de Primavera entre FMI, Banco Mundial e a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), onde essas três grandes instituições multilaterais relataram a importância do comércio internacional; ressaltando aos países membros que não caiam na armadilha protecionista de fechar suas economias, prejudicando o comércio internacional como um todo.

Curioso isto, porque aqui no Brasil, ao longo dessas últimas décadas e, principalmente, nos últimos anos, durante o governo Dilma e na fase final do governo Lula, utilizou-se de uma postura extremamente protecionista; que, intensificada nos anos Dilma, trouxe a introdução de mecanismos e regras de conteúdo local que, na realidade, se transformaram em barreiras não tarifárias as quais forçaram as companhias que operam no país a comprar produtos e insumos produzidos aqui; o que, evidentemente, encareceu todo o processo produtivo ao deixar de adquirir insumos fora do país com preços competitivos, o que impediu o crescimento e produtividade da economia brasileira.

Assim, com esta postura muito protegida, foram criadas várias distorções no núcleo da economia, além de outras distorções que afetaram as tarifas de importação, que se tornaram elevadíssimas.
Atualmente o governo brasileiro tem adotado uma nova postura, que é uma reviravolta em relação a esse passado recente de protecionismo.

Desse modo, através do Ministério de Relações Exteriores e do Ministério da Fazenda, o Brasil vem desenvolvendo maneiras de reverter essa danosa situação em relação ao comércio internacional. Por esse motivo, existem propostas e projetos de abertura e de redução de tarifas, principalmente, de restrições não tarifarias, reafirmando um movimento de integração regional e de aproximação entre o Mercosul e a Aliança do Pacífico, que é um grupo de países que inclui México, Chile, Peru e Colômbia, com tratados de livre comércio entre eles, o que beneficia a todos.

É uma postura muito diferente do que se viu no Brasil nos últimos anos, o que é positivo; como mostra a experiência de vários países asiáticos com sua abertura comercial que permitiu ganhos tecnológicos, aumento de produtividade, aumento de empregos e crescimento econômico, o que mostra uma agenda muito produtiva para o Brasil de hoje.

É preciso ter em mente que uma maior abertura permite aos consumidores domésticos o acesso a uma maior variedade de bens produzidos no exterior a um preço mais baixo; e que nesta mesma ótica permite às empresas locais a possibilidade de compra de insumos mais baratos, ou mesmo de máquinas e equipamentos mais eficientes, a um custo mais baixo.

Lembremos que maior abertura comercial impõe maior disciplina imposta pela concorrência externa. Desse modo, a exposição ao comércio internacional possibilita ganhos de produtividade, tornando as empresas mais competitivas, seja pela adoção de melhores tecnologias ou pelo uso de melhores práticas gerenciais e comerciais.

Essa abertura, portanto, tem efeito imediato na ausência de distorções comerciais, fazendo com que sobrevivam as empresas mais aptas, mais competitivas, ou seja, aquelas com maior produtividade, e isto tem um efeito na produtividade total da economia.

O Brasil é, portanto, um país com pouca exposição ao mercado internacional, o que explica parte da nossa baixa produtividade, de nosso custo mais elevado e da qualidade inferior de alguns de nossos produtos, o que se traduz em nossa quase irrelevância nas cadeias globais de produção. E caso queiramos ser relevantes na economia global, será preciso adotar medidas que nos tornem mais abertos ao mundo. O ruído, certamente, será grande, porém, os benefícios serão grandiosos!

Por fim, nada como voltar a Adam Smith e David Ricardo e a tantos outros pensadores econômicos, ao longo dos tempos, que nos mostram, na verdade, que o comércio internacional poderá, certamente, ser um jogo do tipo “vence-vence”, onde todos ganham.

* Economista, MBA Executivo em Gestão Empresarial, PG em Administração de Empresas e Organizações e Metodologia do Ensino Superior, Consultor Econômico-Financeiro e autor dos Livros “Economia & Administração” e “Guilhermina de Jesus e a Família Brasileira”. E-mail: [email protected]. Blog: http://zaibatsum.blogspot.com.
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