15 de maio, de 2017 | 08:12

Do trabalho e da bagunça

Stefan Salej

Divulgação
Primeiro tivemos o dia da bagunça, chamada greve geral, às vésperas do Primeiro de Maio, dia do trabalho. O protesto de milhões de desempregados, preocupados com as reformas trabalhista e previdenciária, é mais do que justo e necessário para o andamento democrático do país.

Os cidadãos que elegeram esses políticos, cuja maioria representa a corrupção mais imoral que a nossa história registra, estão revoltados e procurando meios de se expressar. Mas, o que vimos nessa chamada greve geral foi uma bagunça organizada, uma revolta cheirando mais a desordem do que a protesto legítimo e democrático.

Os organizadores cooptaram o sentimento nacional de revolta para promover baderna de forma estrategicamente organizada. E acabaram dando um recado errado ao mundo: queremos desordem independente do que defendemos. E esse tipo de ação, lamentavelmente, leva à reação não só da polícia, que tem que manter a ordem, mas também de cidadãos que querem protestar, mas sem desordem.

No bojo desses protestos, ficou o Primeiro de Maio, festa de São José, marceneiro, festejado pela Igreja Católica, e festa iniciada há mais de um século e meio com o surgimento de Revolução Industrial. Festa de punhos fechados, de cantar a Internacional e de cravos vermelhos. Festa de quem trabalha, que em alguns anos de nossa história foi a festa da revolta contra a opressão da classe operaria pelos patrões, até representados pelos militares no poder.

E também festa de congraçamento entre capital e trabalho, simbolizada pelas festas que organizava por exemplo a Fiat Automóveis na gestão do Franco Ciranni. Festa de união que faz prosperar as empresas e o país.

Os trabalhadores têm reivindicações e isso não é privilégio de um país tão injusto como o nosso Brasil. Nos países desenvolvidos também há luta por melhores condições de trabalho. É só lembrar as greves dos pilotos da Air France ou da Lufthansa. Nisso não há nenhum demérito.

No Brasil, os sindicatos dos trabalhadores lutaram através do seu partido pelo poder político e o conquistaram. E, com o final da sua gestão, jogaram no lixo todas as conquistas que obtiveram, ao deixar um precedente perigoso para a democracia brasileira, de que a esquerda composta por líderes sindicais não é capaz de dirigir o país de forma honesta, transparente e para o bem de todos, ou seja, principalmente a classe trabalhadora.

A nova reforma das leis trabalhistas coloca a organização sindical tanto para empregadores como empresários em um novo patamar, que vai exigir mais diálogo e resultados. Acaba com a tutela do estado, para dar espaço a um projeto conjunto ganha-ganha.

Vai ser mais difícil para os dirigentes dos dois lados, mal-acostumados ao fluxo de dinheiro fácil, advindo de uma gestão nem sempre a favor do empresário ou do trabalhador, e de eterna proteção de estado. Tempos novos com mais responsabilidades. Aliás, já passou de hora dessa mudança.

* Empresário, ex-presidente do Sebrae Minas e da Federação das Indústrias de Minas Gerais.
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