27 de abril, de 2017 | 11:07

O silêncio dos religiosos

Divulgação
A igreja católica brasileira tem sido, realmente, de um silêncio cadavérico quando se trata de discutir o progresso e o desenvolvimento do Brasil. Criadora do PT – Partido dos Trabalhadores, nos anos 80, a igreja católica ficou, infelizmente, 14 anos calada diante de todos os descalabros que foram os governos de Lula e Dilma.

Enquanto o Brasil ardia em corrupção deslavada nestes dois governos, nenhum padre foi ao altar dizer ou comentar algo nesse sentido. Porém, durante as campanhas eleitorais de Lula e Dilma, a desfaçatez católica reinava nas missas pedindo desavergonhadamente votos para os ladrões do Brasil. Triste, não?

Agora, a ladainha está de volta às missas, contra as reformas levadas a cabo pelo atual governo, as quais não foram incrementadas nos governos petistas pelo simples fato de que, no projeto criminoso de poder, não constava o Brasil, mas sim, a ideia constante de solapar os cofres da nação, deixando o país à mingua, sujeitando-nos ao atual quadro de atraso no qual nos encontramos. Tudo isso para detonar o maior assalto aos cofres governamentais, até então, registrado no mundo.

A criação do PT teve como base um projeto salvacionista, político e religioso, herdado da Ação Católica. Segundo especialistas, a Igreja Católica começou a perder o seu rebanho nos anos 70, e a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) acreditava que poderia reconquistar o monopólio religioso através de uma ação político-pastoral. Daí a criação das Comunidades Eclesiais de Base, que se estabeleceram nas periferias, as áreas mais pobres das cidades, discutindo assistência à saúde e serviços sociais.

Essa forte presença política criou um fato novo no Brasil, os movimentos sociais religiosos. E esses movimentos sociais se transformaram em movimentos políticos. Isso desaguou na Pastoral Operária e nas lutas sindicais do ABC. O passo natural foi organizar esses movimentos num partido político como o PT, onde a CNBB tinha, como modelo, o Partido Solidariedade, então existente na Polônia, o qual também tinha como base o sindicalismo.

Conhecedores do assunto sustentam, ainda, que o PT não existiria sem a Igreja Católica. Ou seja, sem a CNBB, os sindicalistas da Pastoral Operária seriam apenas líderes sindicais do ABC, e não líderes nacionais. Assim, o PT somente se viabilizou, nacionalmente, quando as dioceses católicas o aceitaram e a CNBB cedeu sua capilaridade social e suas massas ao partido, pois, antes de serem fé ou crença, as religiões são forças político-sociais, com atuação rigorosamente política.

Podemos considerar que o PT foi um projeto político de sucesso, porém, desde o princípio, condenado ao fracasso, pelo fato de não ser um projeto social democrata puro, reformista, e sim, salvacionista, aquele que vende a redenção e, portanto, não se harmoniza com uma realidade laica, republicana, e se coloca inconsequentemente contra o progresso.

Guiou-se num projeto de civilização da pobreza que dá condições de subsistência para que os pobres e miseráveis se mantenham exatamente como pobres e miseráveis. Em momento algum se mostrou reformista, avançado e civilizador e se apegou aos princípios religiosos, no discurso fácil do bem e do mal e do slogan nós contra eles etc.

Após a lama petista da corrupção que enojou o país, podemos dizer que o PT já se acabou como partido político, podendo apenas se arrastar por mais quatro ou cinco décadas, como se arrasta o PTB atualmente. Mas, uma coisa é certa: esse projeto político-religioso fracassou, redondamente! Em realidade, o PT colocou o estado brasileiro girando num círculo corrupto, porém vazio politicamente, para vivermos um grande, vergonhoso e imenso factoide, tal qual o reconhecemos agora.

Já o Estado religioso católico tem uma influência relevante nos setores mais atrasados da sociedade brasileira, com predominância nas sociedades rurais. O catolicismo tem se tornado uma religião de periferia urbana e de zonas rurais. Não se firmou como uma religião moderna e urbana, tanto assim que o movimento mais importante forjado no catolicismo é o MST.

Quer coisa mais reacionária, milenarista que o MST? Ali está discutindo reforma agrária, porque reforma agrária é outra coisa. É um projeto de inclusão num espaço de terra, com conhecimento de insumos, conhecimento da terra, de práticas agrícolas, de práticas negociais e de financiamentos, de gerenciamento e de capacitação profissional, dentre outras.

Assim, esse atual discurso equivocado da Igreja Católica brasileira contaminou o Papa Francisco, que, simplesmente, não deseja vir ao Brasil para a comemoração dos 300 Anos de Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil, no país onde vive o maior número de católicos do planeta.

* Economista, MBA Executivo em Gestão Empresarial, PG em Administração de Empresas e Organizações, PG em Metodologia do Ensino Superior, Consultor Econômico-Financeiro e autor dos Livros “Economia & Administração” e “Guilhermina de Jesus e a Família Brasileira”. E-Mail: [email protected]. Blog: http://zaibatsum.blogspot.com.
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