25 de abril, de 2017 | 08:51

Tancredo Neves

Aécio Neves

Divulgação
Já se foram 32 anos, mas o exemplo de vida pública e de amor ao país dado por Tancredo Neves ilumina como nunca os dias de hoje. A morte de Tancredo, no dia 21 de abril de 1985, impedindo-o de assumir a presidência para a qual fora eleito, cobriu o país de tristeza e luto, dando contornos dramáticos à trajetória da maior figura política do seu tempo. O legado de sua práxis política merece ser revisitado com serenidade e equilíbrio.

Tancredo vivenciou a história como poucos homens públicos no Brasil. Foi ministro e grande conselheiro de Getúlio Vargas, primeiro ministro de João Goulart, além de vereador, deputado, senador e governador de Minas Gerais. Com talento raro para a conciliação, pois entendia que a política é a arte do diálogo, deu inúmeras provas de coragem cívica e moral.

Na reunião ministerial do Palácio do Catete, pouco antes do suicídio de Vargas, defendeu a resistência; discursou nos enterros de Getúlio e Jango; acompanhou Juscelino quando este, já cassado, teve que depor em quartéis do Exército, tendo sido o último a se despedir do ex-presidente no aeroporto, em sua partida para o exílio.

Este era Tancredo, um homem que jamais abriu mão dos princípios e valores que constituíram a sua tábua de mandamentos. Em 1984, foi um dos líderes incontestes da Campanha das Diretas, mas, leitor privilegiado das circunstâncias, ao identificar a impossibilidade de derrotar a ditadura militar por esta via, conduziu as forças de oposição ao enfrentamento com o governo no Colégio Eleitoral, sendo eleito presidente da Nova República.

A expressão, cunhada por ele, é apropriada. Tancredo sonhava com uma República essencialmente democrática, descentralizada do ponto de vista federativo e despida de qualquer associação ideológica com o autoritarismo e o populismo, ambos nefastos à construção de uma sociedade sólida institucionalmente e comprometida com a justiça social.

Em seu cotidiano de honradez e espírito público, Tancredo nos ensinou muita coisa. A maior delas, talvez, foi a sua crença de que não se faz política construindo inimigos. Essa personalidade avessa aos radicalismos jamais fugiu ao bom combate. Ao lado de companheiros de geração como Ulysses Guimarães e Teotônio Vilela, e na companhia de lideranças então mais jovens, como Fernando Henrique Cardoso, José Serra e Mário Covas, Tancredo é um nome indissociável da reconquista democrática. A esta causa ele entregou a sua vida.

Em tempos de açodamento, é prudente lembrar suas palavras no discurso que proferiu como presidente eleito, após sua vitória no Colégio Eleitoral, em janeiro de 1985. “Na vida das nações, todos os dias são dias de História, e todos os dias são difíceis. A paz é sempre esquiva conquista da razão política”. Que esta sabedoria continue a inspirar nossas melhores escolhas.

Senador da República por Minas Gerais, ex-governador de Minas Gerais.
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