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22 de abril, de 2017 | 13:38

Estarrecimento ou Vergonha

[imagemd9299]Ainda ecoa nas mídias brasileiras as delações do grupo Odebrecht em relação ao meio político. Não é para menos! Todo o país ficou estarrecido ao conhecer o grau de envolvimento, nada republicano, da Odebrecht com os principais políticos e partidos de representação política do país.

Descobriu-se, das delações apresentadas, um cartel formado pelas maiores empreiteiras do país, entre elas a Odebrecht, que teria desviado em conluio com políticos da base dos governos Lula e Dilma mais de R$ 40 bilhões da Petrobrás, em dez anos.

E nos depoimentos tornados públicos na última semana, apenas a Odebrecht confessou ter pago propinas de US$ 3,3 bilhões, equivalentes a R$ 10,6 bilhões, através do Setor de Operações Estruturadas da empresa, um departamento de nome bonito que correspondia ao “propinoduto empresarial” montado na estrutura oficial da empresa, o qual ocorria de forma paralela às suas operações; fazendo pagamentos em dinheiro vivo para políticos do PT, PMDB, PSDB e praticamente todas as legendas brasileiras, em troca de favores no Congresso Nacional e União.

Na realidade, ocorreu à apropriação do setor público pela Odebrecht, que se estruturou para ter o estado brasileiro nas mãos para poder usufruir, financeiramente, de todas as suas esferas.

Para que tenhamos uma ideia do valor pago pelo setor de propinas da Odebrecht, entre 2006 e 2014, à classe política, basta ver dados do FMI (Fundo Monetário Internacional) onde o volume de recursos transviados superou o PIB (Produto Interno Bruto) de 33 dos 217 países listados do ranking do Banco Mundial, no mesmo período.

E a coisa não para por aí. Ainda teremos as delações das empreiteiras: Andrade Gutierrez, OAS, Camargo Correia e Queiroz Galvão, para citar as mais conhecidas. Será conhecida ainda a participação em níveis estaduais de governadores e suas câmaras legislativas, de prefeitos e suas câmaras de vereadores, do judiciário, do setor automobilístico, do setor bancário e vai por aí afora.

Pior é perceber que tudo isso se tornou demasiado caro ao país, que se revela no elevado índice de desemprego; no descaso com a saúde; a segurança pública; a educação; o transporte público; a infraestrutura do país, o futuro dos jovens e, sobretudo dos mais pobres, jovens ou não.

Como resolver? Eis a questão? Certamente através das reformas. De todas elas em discussão, pois o nosso atraso enquanto nação é gigantesco em relação às nações mais desenvolvidas. E a reforma política é uma delas, o que não exclui o olho clínico do eleitor para escolher melhor os seus representantes na ocasião das eleições, na hora do voto.
Para tanto, é preciso entender o momento que estamos vivenciando. Fala-se em lista fechada.

E no atual contexto ela acaba por ser uma realidade, pois temos somente duas maneiras de financiar as campanhas eleitorais: ou com dinheiro público, através de lista, ou com dinheiro privado, através das empresas, o que foi vetado pelo STF, recentemente.

Assim, resta-nos a lista fechada como financiamento público das campanhas. Como o dinheiro público não pode ser distribuído individualmente aos candidatos, senão o candidato pega o dinheiro e some da eleição, o partido é quem recebe o dinheiro e o distribui a seus candidatos, em forma de lista. O dinheiro dado aos partidos é recebido de maneira proporcional aos participantes do pleito.

Outra questão é entender que não podemos ficar sem os partidos políticos ou sem os políticos, senão caímos no autoritarismo que não queremos. Cabe então depurarmos o processo de crise moral que vivemos, verticalmente, de cima abaixo; e lembrar que a moral é algo que vem de dentro de cada um de nós e que nos compete melhorar a cada dia, em todos os sentidos, começando pelas pequenas iniquidades do cotidiano a nossa volta.

A questão é seríssima! Indignados e envergonhados estamos todos, com tudo isso que está acontecendo no país e no ceio da política brasileira. E não poderia ser diferente! A realidade mesmo é que o povo não aguenta mais! O país não suporta mais tanta corrupção.

* Economista, MBA Executivo em Gestão Empresarial, PG em Administração de Empresas e Organizações, PG em Metodologia do Ensino Superior, Consultor Econômico-Financeiro, autor dos Livros “Economia & Administração” e “Guilhermina de Jesus e a Família Brasileira”. E-Mail: [email protected]. Blog: http://zaibatsum.blogspot.com.
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