13 de abril, de 2017 | 10:12

Combate ao Terror: alternativas urbanas de defesa

Marco Antônio Barbosa

[imagemd9090]Com vista para o Big Ben, sobre a ponte mais antiga da cidade de Londres, na Inglaterra, Westminster foi palco para novo ataque terrorista que deixou mortos e feridos. O medo não descansa e o terror continua mais vivo do que nunca.
A Ponte de Westminster é um arco sobre o rio Tâmisa em Londres, foi inaugurada em 1862 e é um dos cartões postais da cidade, visitada todos os dias por centenas de pessoas. A combinação entre simbologia e relevância turística parece ser o fator determinante para esses ataques.

Outro método que tem se tornado comum é o uso de veículos como armas para atingir um grande número de pessoas. Ao passo que as medidas defensivas contra atentados terroristas evoluem, começamos e ver uma mudança no perfil dos ataques. Antes, primavam por ações grandiosas, bem planejadas e impactantes. Agora, vemos ações menores, menos sofisticadas, mais isoladas e com mais frequência.

No ano passado, dois ataques utilizaram veículos para ferir pessoas em larga escala, trazendo à tona um alerta sobre essa possibilidade. Em julho, na cidade de Nice, na França, um caminhão avançou sobre a multidão que festejava o Dia da Bastilha em uma avenida à beira-mar, deixando 102 vítimas – 84 mortos. Em dezembro, um caminhão avançou sobre pessoas em uma popular feira de natal em uma Praça de Berlim, na Alemanha, deixando 60 vítimas, entre mortos e feridos.

Além do atropelamento na ponte de Westminster no dia 22 de março, foi notável a ousadia do terrorista ao tentar entrar no Parlamento Britânico. Ele jogou o veículo contra a grade que cerca o Parlamento, percorreu os jardins, atingiu um policial com uma faca e só foi detido pelos policiais a 20 metros da entrada do prédio.

Algumas cidades ao redor do mundo têm investido em medidas defensivas contra esse tipo de ataque. Investimentos em inteligência, no aumento de policiais nas ruas, no controle de fronteiras e no reforço da segurança em aeroportos, são medidas adotadas pela maioria das que sofreram com terrorismo ou que sediam grandes eventos. O Rio de Janeiro, por exemplo, sustentou um esquema de segurança nunca visto no país e que garantiu a tranquilidade de atletas e turistas durante os Jogos Olímpicos de 2016.

Ainda assim, são medidas insustentáveis em longo prazo, em razão de custos, e pela simplificação e imprevisibilidade dos ataques. Alguns países, como o próprio Reino Unido, investem em dispositivos de segurança incorporados à paisagem urbana como camuflagem e que passam despercebidos aos nossos olhos.

Barreiras de concreto e aço, pilares fixos e retráteis, além de mobiliário urbano adaptado para suportar fortes impactos, estão espalhados pelas ruas de Londres de maneira disfarçada, incorporados à arquitetura da cidade por meio de cores, texturas e materiais adaptados – como os “fradinhos”, que são balizadores de ferro encontrados em calçadas por ruas da capital.

Até mesmo a entrada do estádio do Arsenal, clube de futebol inglês, utiliza essas medidas de segurança com efetividade comprovada. O Instituto Britânico de Arquitetura desenvolve estudos sobre esses mecanismos de proteção e oferece conselhos a policiais, engenheiros e arquitetos.

Pilares retráteis têm sido utilizados em embaixadas, palácios de governos e divisões de alta segurança, como o Pentágono e a Corte Federal em São Francisco, nos Estados Unidos, como medidas funcionais para controle de acesso e que impediriam ações de invasão como a que vimos no Parlamento Britânico no ataque mais recente.

Contudo, mesmo com esses estudos e investimentos, a Westminster Bridge não contava com proteções nas calçadas. Seria audacioso dizer que todos os pontos turísticos deveriam assumir estruturas de proteção, porém, o terror não descansa, evolui e se diversifica a cada dia. O fato é que, se houvessem tais bloqueios, poderíamos ter um número reduzido de vítimas.

* Especialista em segurança e diretor da CAME do Brasil.
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