06 de abril, de 2017 | 08:47

A síndrome do esgotamento profissional

Elaine Ribeiro

Divulgação
De repente, deparamos com um cansaço que não passa depois de uma noite de sono, com alterações no humor que variam entre uma tristeza profunda, irritação, agitação e atitudes que usualmente não fazem parte da pessoa. Entre outros sintomas, há uma falta de sentido na vida. É a Síndrome de Burnout, ou Síndrome do Esgotamento Profissional, e que se confunde com uma diversidade de quadros emocionais. Burn quer dizer queima, e out exterior. Podemos fazer a correlação com um pavio que se queima até esgotar completamente.

Resultado de acúmulo de tarefas, excesso de cobranças e de atividades, uma boa dose de perfeccionismo e a falta de outras atividades que gerem prazer, o estresse no ambiente profissional é uma realidade presente em quase todas as profissões e mercados.

Observam-se duas situações nas pessoas que passam por isso: o absenteísmo, ou seja, a ausência no trabalho para realização de tratamento médico, exames, psicoterapia, entre outros; e o presenteísmo, ou seja, a pessoa que está no trabalho, mas com uma redução drástica em sua produtividade e numa situação de “mente distante” da realidade onde está.

Estudos realizados no Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo revelaram que contribuem para o quadro de esgotamento: a necessidade de controle das situações, a falta de paciência e a dificuldade para tolerar frustrações ou delegar tarefas, e o trabalho em grupo. Sentimento de injustiça, a falta de participação e de apoio nas decisões, e conflitos com colegas, pode vir a agravar o quadro.

Rever as situações profissionais e como elas são encaradas é um passo bastante importante. Todavia, o diagnóstico deve ser feito por um médico, com a avaliação do estilo de vida da pessoa, de sua profissão e da forma como ela lida com suas emoções.

Os sintomas característicos desse problema estão relacionados ao cansaço, aos distúrbios do sono, às dores na musculatura e também de cabeça, à alteração do apetite, à dificuldade para iniciar uma atividade e às alterações constantes no humor. A produtividade de uma pessoa que passa por essa situação cai de forma perceptível. Há ainda uma tendência ao isolamento social.

As alterações hormonais provocadas pela irritação podem produzir efeitos em todo o nosso organismo, da pressão arterial e diabetes às doenças do coração, dentre outras. Ou seja, trata-se de um quadro que requer observação, pois pode comprometer muito o bem-estar.

É comum associar esse quadro à depressão, por isso o diagnóstico é essencial para reconhecer o que, de fato, está havendo com a pessoa. Nem sempre, por exemplo, as férias poderão aliviar tal quadro, pois a melhora virá de mudanças em todo o contexto profissional.

E como evitar esse esgotamento?
– Tenha outras fontes de satisfação além do trabalho: descubra gostos, hábitos, animais de estimação, um encontro com amigos, sair (para um lugar que não seja um shopping, por exemplo, onde os estímulos são excessivos e a pressão por compras é grande).

– Avalie como tem conduzido seu dia de trabalho: O que te atrai no emprego atual? Vê possibilidade de mudança? Se pensa em mudar de empresa, organize a transição, preparando seu currículo e avaliando as possibilidades.

– Como é sua visão sobre as situações? Às vezes, valorizamos apenas os aspectos negativos de uma situação. Treine também a visão sobre o que você tem vivido de bom.

– Tenha regularidade nos horários: alimentação, sono, trabalho, lazer. A falta de rotina para necessidades básicas faz com que nosso corpo entre em crise. Reveja sua rotina diária.
É importante observar os sinais do seu corpo, e, sempre que possível, buscar orientação médica para sintomas que podem estar associados a problemas cardiológicos e endocrinológicos, entre outros.

– Atividade física, por mais simples que seja, auxilia muito a combater os estados de cansaço, auxilia o metabolismo e a circulação.

– Conte com amigos, a família e a prática de espiritualidade, pois todos esses apoios são essenciais.
Nossa saúde emocional e física é essencial para que nossa atividade profissional e demais áreas da vida possam ser realizadas com sucesso. Portanto, rever nossos hábitos, nossa forma de conduzir a vida e nossos relacionamentos é essencial para uma vida saudável.

* Psicóloga clínica e organizacional da Fundação João Paulo II / Canção Nova. www.elaineribeiropsicologia.com.br - twitter: @elaineribeirosp.
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