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04 de abril, de 2017 | 11:14

A corrupção e suas mazelas

Zenólia M. de Almeida

Corrupção: “Ato ou resultado de corromper; corrompimento, corruptela. (...) Degradação de valores morais ou dos costumes; devassidão, depravação. Ato ou efeito de subornar alguém para vantagens pessoais ou de terceiros. Uso de meios ilícitos, por parte de pessoas do serviço público, para obtenção de informações sigilosas, a fim de conseguir benefícios para si ou para terceiros” (Dicionário Michaelis).

Se indagados, certamente, todos diriam ser contra a corrupção. Passeatas são realizadas por milhares de pessoas no Brasil, numa manifestação explícita de repúdio a toda espécie de degradação moral enraizada no meio político, bem como as relações espúrias mantidas com instituições.

O filósofo político Norberto Bobbio considera que o conceito que mais define o termo corrupção é que ela seria um "fenômeno pelo qual um funcionário público é levado a agir de modo diverso dos padrões normativos do sistema, favorecendo interesses particulares em troca de recompensa.

Corrupto é, portanto, o comportamento ilegal de quem desempenha um papel na estrutura estatal". Para o Banco Mundial, a "corrupção é geralmente definida como o abuso do poder público para benefício privado".

Destaco, também, a abordagem do economista americano Robert Klitgaard, que afirma ser a “corrupção crime de cálculo, e não de paixão”, uma vez que esse comportamento resultaria “menos da ausência de princípios éticos ou morais e mais das condições materiais propícias para a ocorrência do crime”.

A corrupção está tão disseminada que se tornou endêmica no nosso país. Aceitar essa gama de atos e condutas ilícitas que favorecem alguns indivíduos significa abrir mão de valores morais, éticos, frequentemente considerados naturais, frutos das regras individualistas, apropriadas por pessoas inidôneas.

Infelizmente, alguns brasileiros brincam com esse desvio de caráter, caracterizando-o como espertezas, criando piadas e memes (termo grego que significa imitação) que alcançam grande popularidade. Estudo realizado pela entidade Transparência Internacional aponta que o Brasil fechou o ano de 2016 em 79º lugar entre 176 países em ranking sobre a percepção de corrupção no mundo. Uma vergonha.

Uma avaliação dos atos cotidianos da população nos revela “pequenos deslizes morais”, demonstrando que outros personagens também corrompem ou são corrompidos. Alguns exemplos corriqueiros: sonegar impostos; usar carteirinha falsa de estudante para comprar ingressos mais baratos; comprar carteira de habilitação (CNH); demorar mais do que o necessário no trabalho para ganhar hora extra.

E ainda praticar ou colaborar com a pirataria; estacionar em local proibido ocupando vagas de deficientes ou idosos; burlar no troco, adotando a “lei do mais esperto”; corromper autoridades; praticar contrabando sofisticado (trazer ‘encomendas’ nas viagens internacionais e burlar o fisco); praticar gatonet e outras muitas formas de corruptela.

Segundo o Banco Mundial, existe uma clara relação entre corrupção, pobreza e subdesenvolvimento. Esse raciocínio é enfatizado pela cientista política Susan Rose Ackerman, da Universidade de Yale, Estados Unidos, ao afirmar que “um país com alto nível de corrupção pode até ter crescimento econômico, mas tende a ser ineficiente e afastar investidores estrangeiros”.

A corrupção não apenas emperra o crescimento, dilui valores morais e tende a aumentar as desigualdades sociais, mas, sobretudo, nos transforma em cidadãos de segunda, terceira, quarta... categoria.

* PhD em Gestão. Coordenadora de Relações Institucionais da Prefeitura Municipal de Governador Valadares. Membro da Academia Valadarense de Letras.
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