27 de março, de 2017 | 15:56
Da lava jato, corrupção, corruptores e economia
Stefan Salej
Querendo ou não, os processos judiciais em curso sob o nome de Lava Jato, investigações da Polícia Federal e da Procuradoria Geral da República (PGR), preenchem nos dias de hoje o noticiário econômico e político da nação brasileira. As delações - premiadas ou não premiadas -, investigações, empresas envolvidas e políticos em voga, acabam sendo notícias que interessam a todos.No final das contas, estamos só continuando a novela do Mensalão, naquela época sob a batuta do Ministro Joaquim Barbosa. Agora assistimos à segunda parte, envolvendo empresários e empresas, públicas e privadas.
E mesmo um número grande de pessoas acusadas, presas e ainda na fila para serem julgadas, além de um número também grande de empresas, todos os que têm um mínimo conhecimento de como se fazem negócios no Brasil asseguram que a fila está cada vez maior e que ainda falta muito, mas muito mesmo para se apurar tudo. Só a título de diversão, o setor elétrico está intacto, como também as privatizações dos aeroportos e o setor de telecomunicações e minerações.
A pergunta que se ouve cada vez mais é onde e quando isso tudo vai parar. Lava Jato, Zelotes e tantas outras investigações que atingem cada vez mais empresários e políticos, alguém que deu dinheiro para obter benefícios a favor de sua empresa em prejuízo da sociedade. Simples. Isso se chama corrupção.
E tem cada vez mais gente que está alegando que esses processos estão quebrando a economia do país, dizendo que se mandar a turma de Curitiba (agora também tem turma do Rio de Janeiro) embora, a economia vai voltar a crescer. Aliás, segundo comentaristas da televisão, não há dúvida de que este governo está fazendo de tudo para estancar os processos da Lava Jato e proteger seus políticos, mais do que o governo anterior. Uma constatação sem dúvida geradora de muita preocupação.
Quem quebrou o país, que está desmoronado do ponto de vista institucional e econômico, foi a aliança espúria, amoral e irresponsável de certos setores empresariais com alguns políticos no poder. Amém. E essa aliança não é nova, lembrem da vassoura do Jânio Quadros e do moto anticorrupção dos militares, nos primeiros anos do golpe. A corrupção cresceu junto com outras atividades ilegais, como o narcotráfico, e tomou conta do país.
Claro que é preciso achar uma forma de o país funcionar sem corrupção, nenhuma novidade ao nível mundial, mas aceitar que a imposição das leis para os cidadãos que as infringem prejudica o desenvolvimento econômico é a pior e mais irresponsável das ideias para quem pretende colocar o Brasil na rota do crescimento.
O Brasil precisa achar, e esse é o papel dos políticos, um novo modelo de sociedade que, definitivamente, tenha ética e transparência como a base de sua democracia e economia de mercado. Ela deverá vir de uma aliança de todos os segmentos, uma espécie de pacto, que, se não for feito a tempo, pode surgir nas próximas eleições do 2018 à moda Trump: uma revolta da maioria silenciosa.
* Empresário, ex-presidente do Sebrae Minas e da Federação das Indústrias de Minas Gerais.
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