18 de março, de 2017 | 08:39

Caso Bruno: o Boa Esporte e a imagem do futebol

Guilherme Alf

Divulgação
O Boa Esporte (MG) anunciou a contratação do goleiro Bruno Fernandes (ex-Flamengo), condenado por assassinato, ocultação, sequestro e cárcere privado. O atleta estava preso desde junho 2010 e foi condenado a 22 anos de cadeia em regime fechado. O anúncio gerou muita repercussão e, além do grande destaque na imprensa, tem sido assunto constante nas redes sociais. Nunca se falou tanto na equipe do interior de Minas Gerais, e isso é péssimo.

A corrida para ser notícia parece não ter vindo com as regras de sensatez e de exemplo para o Boa Esporte. Aos olhos da lei, a equipe não está cometendo nenhum tipo de crime. Mas, e aos olhos da opinião pública? Que tipo de imagem quer passar uma instituição que contrata um condenado por assassinato amplamente conhecido? Dizem por aí que o clube está preocupado em reintegrar um cidadão à sociedade. Incrível, mas porque só o Bruno? Será que o Boa Esporte não poderia contratar ex-detentos para outras funções - que não tivessem mídia?

O futebol é um caso à parte no país. Tudo que acontece no mundo da bola tem uma repercussão completamente diferente. Nossas crianças crescem admirando e idolatrando os heróis de chuteira. Fico pensando em um jogo da Série B, estádio lotado e 30 mil pessoas chamando o goleiro de assassino em um único coro. O que o pai das crianças vai explicar a elas? Que tipo de imagem a instituição Boa Esporte quer passar? E a responsabilidade social com a imagem do esporte, onde fica?

O caso parece ser de um egoísmo e egocentrismo sem tamanho. Custe o que custar, doa a quem doer, o clube estará nas manchetes. A repercussão tem sido rápida e negativa. Todos - eu disse, todos os patrocinadores - já anunciaram que não irão apoiar o clube. Este é o tipo de decisão tomada sem olhar o contexto, sem analisar o real impacto negativo, sem compreender que os danos à marca da instituição podem ser gigantescos.

Vou aproveitar o oportunismo e oferecer os meus serviços ao Boa Esporte. Eu quero ajuda-los a sair dessa lama em que estão se enfiando. Vocês precisam do trabalho de um Relações Públicas, e eu me proponho a não cobrar R$ 1 para tentar gerenciar a imagem de vocês.

Só tenho uma exigência: assumam o erro, voltem atrás e vamos devolver a imagem que o Boa Esporte merece. Mas se vocês querem alguém para usar a imagem de uma pessoa condenado por sequestrar, assassinar e ocultar o cadáver da mãe do seu filho, então não contem com um RP. A gente tem princípios éticos e responsabilidades em harmonizar relações verdadeiras. E na boa? Este não é o caso de vocês!

* Apaixonado por Relações Públicas e Empreendedorismo, palestrante com "Todo mundo precisa de um RP", em que aborda os desafios e aprendizados da área.
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