17 de março, de 2017 | 09:53

Qual será o futuro da gastronomia brasileira?

Guilherme De Rosso

Divulgação
Os rumos da economia brasileira em 2016 não foram dos melhores. Por isso, depositamos tanta confiança no ano que estava por vir. Infelizmente, 2017 não nos trouxe os bons ventos tão esperados. No ramo da gastronomia, vejo grandes e antigos negócios fechando as portas, amigos e colegas de profissão driblando diariamente as dificuldades.

Mas aí você pode estar se perguntando: mas eu vejo tantos negócios abrindo, assim como os que estão fechando. Sim, é verdade. Existem milhares de bares e restaurantes abrindo diariamente em Curitiba e por todo o Brasil, mas o grande problema hoje é manter esse novo negócio em funcionamento. Nosso país impõe altas taxas tributárias aos empresários, burocracia sem limites e um ínfimo retorno e apoio ao segmento. Falta sim, bom senso por parte dos órgãos reguladores, para que os negócios possam funcionar com maior facilidade, e assim fazer a economia girar.

Por isso eu digo, se você quer abrir um negócio no cenário econômico atual, planejamento é fundamental. Segundo dados do próprio IBGE, seis em cada 10 empresas fecham antes de completar cinco anos, e é um número alto para levar em consideração. Aí você me pergunta novamente: mas o ramo gastronômico não é diferente?

Afinal, todos precisam comer, beber e se divertir, certo? Errado, para manter um negócio nesse segmento hoje, além dos problemas já citados, enfrentamos outros, como a alta rotatividade de funcionários, que na grande maioria das vezes não são comprometidos, donos de estabelecimentos que não tem a mínima noção de mercado e o custo altíssimo de insumos nacionais e importados. Por aí vai.

Engana-se quem acha que a gastronomia é um ramo fácil e de ganho de dinheiro farto e rápido. Você pode ter sucesso e faturar milhões? Sim, mas tudo isso vai depender de muito trabalho, dedicação e entendimento de mercado, e é aí que a grande maioria dos donos de estabelecimentos desiste. Devo reconhecer, algumas poucas medidas foram tomadas pelo atual governo, mas essas serão sentidas somente em médio prazo.

Enquanto isso os donos de bares e restaurantes têm duas opções: a difícil tarefa de inovar, sem aumentar os custos, ou a de diminuir custos sem perder a qualidade. Esse é um momento em que qualquer passo deve ser calculado, e aqueles que conseguirem inovar, diminuir custos e fazer mágica com as cartas que têm em mãos, terão um ano mais “tranquilo”.

Especialistas e donos de negócios dizem que 2017 tende a melhorar com o passar do ano, e que, em 2018, a economia será estimulada. Eu também creio que em 2018 bons ventos soprarão mais forte.

Mas até lá, vamos segurando as pontas e vendo bons “soldados” caindo, e não só diante da crise, mas também diante a políticos corruptos, constituição ultrapassada, leis para minorias, desigualdade social, sistema corrupto e uma população complacente. Enquanto isso não muda, ensinemos David Copperfield a como se faz para manter um negócio gastronômico aberto no país.

* Chef de cozinha do boteco Simples Assim, supervisor do curso de Beer Sommelier do Centro Europeu de Curitiba (PR).
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]
MAK SOLUTIONS MAK 02 - 728-90

Comentários

Aviso - Os comentários não representam a opinião do Portal Diário do Aço e são de responsabilidade de seus autores. Não serão aprovados comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes. O Diário do Aço modera todas as mensagens e resguarda o direito de reprovar textos ofensivos que não respeitem os critérios estabelecidos.

Envie seu Comentário