07 de março, de 2017 | 17:00

Naufrágio é hipótese mais forte para desaparecimento de brasileiros nas Bahamas

Itamaraty apresenta, pela primeira vez, dados das investigações sobre o caso

Reprodução
Apesar da grande repercussão do caso, muitos brasileiros continuam tentando entrar ilegalmente nos EUA pela mesma rotaApesar da grande repercussão do caso, muitos brasileiros continuam tentando entrar ilegalmente nos EUA pela mesma rota
A possibilidade de naufrágio ganha força nas hipóteses sobre o paradeiro dos imigrantes brasileiros desaparecidos nas Bahamas desde novembro passado. Em audiência pública realizada na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (7), representantes do Itamaraty apresentaram, pela primeira vez, dados das investigações sobre o caso.

A reunião foi convocada pela Comissão Externa da Câmara criada no mês passado para obter esclarecimentos sobre do caso. Esta foi a primeira audiência da comissão, que deve ainda ouvir representantes da Polícia Federal, familiares dos desaparecidos e realizar visitas às embaixadas dos países envolvidos no caso.

O embaixador Henrique Sardinha Pinto, subsecretário-geral das Comunidades Brasileiras e de Assuntos Consulares e Jurídicos do Itamaraty, expôs a cronologia das ações do governo desde novembro passado. Ele apresentou as datas e cada contato feito pelos familiares, jornalistas e autoridades internacionais com o governo brasileiro por meio da Embaixada do Brasil em Nassau, nas Bahamas, e do Consulado Geral do Brasil em Miami.

Os pontos destacados como relevantes pelo embaixador foram justamente os momentos em que autoridades policiais ou diplomáticas levantaram a possibilidade de naufrágio, dada as características geográficas da região, onde é alta a ocorrência de acidentes sem vestígios. Segundo o embaixador, passados quatro meses desde o último contato feito pelos integrantes do grupo desaparecido, a hipótese de que os imigrantes estejam em cárcere privado perde força.

Sem vestígios

“Uma hipótese que não pode se descartar é o naufrágio. Esta tem que estar presente em todas as nossas avaliações, ainda que por parte das guardas costeiras dos Estados Unidos e das Bahamas não se tenha localizado nenhum sinal que fosse de um naufrágio ocorrido na data em que eles teriam partido das Bahamas,” disse Sardinha Pinto.

Outra hipótese que chegou a ser levantada é a de que o grupo teria conseguido ingressar nos EUA e estaria voluntariamente evitando contato para despistar a polícia. “[Esta hipótese] vai perdendo um pouco a sua viabilidade na medida em que se trata de um grupo relativamente grande, de 12 pessoas, e em algum momento alguém faria contato. E isso infelizmente não aconteceu”.

O embaixador relatou que na semana passada as embaixadas brasileiras em Cuba, São Domingos, Bahamas e Miami foram orientadas a consultar as autoridades locais sobre o caso. Todas as responderam que não foi encontrado nenhum registro que pudesse elucidar o desaparecimento. No caso das Bahamas e de Miami, as embaixadas locais reforçaram na última semana que o grupo pode ter sofrido naufrágio.

Os representantes das vítimas disseram, no entanto, que seguem nas buscas sem descartar a possibilidade de que o grupo tenha sobrevivido. Em 15 de março, o delegado da Polícia Federal, Rafael Baggio de Luca, responsável pelas investigações no Brasil, participará de uma reunião nos Estados Unidos com representantes do serviço de inteligência norte-americano, a fim de traçar novas estratégias de busca do paradeiro do grupo.

Travessia de risco

A ministra Maria Luiza da Silva, diretora do Departamento Consular e de Brasileiros no Exterior, do Itamaraty, que também foi ouvida pela comissão, apresentou o contexto de travessia imigratória ilegal para os Estados Unidos e fez um alerta para os riscos deste tipo de empreendimento. Ela reiterou que as informações sobre o desaparecimento do grupo chegaram inicialmente de forma vaga devido ao receio dos familiares.

“Os primeiros contatos são sempre tímidos, porque as pessoas tem sempre o temor de estarem denunciando seus próprios parentes e amigos. Nós pensávamos no início que era um brasileiro desaparecido aqui e ali, não havia a clareza de que era um grupo", explicou Maria Luisa.

Apesar da grande repercussão do caso, muitos brasileiros continuam tentando entrar ilegalmente nos EUA pela mesma rota. Segundo a ministra, apenas nos meses de janeiro e fevereiro 20 brasileiros foram detidos nas Bahamas depois de serem flagrados numa tentativa de imigração ilegal.

Ela explicou que esta rota se tornou popular a partir de 2011, quando ocorreu uma chacina de imigrantes por narcotraficantes no México, país que abriga a rota mais tradicional de imigração ilegal para os EUA. Desde então, o número anual de brasileiros que tentaram entrar nos Estados Unidos pelas Bahamas vem aumentando.

O deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), coordenador da Comissão, afirmou que vai disponibilizar as informações prestadas na audiência pública e pedir mais dados ao Itamaraty e à Polícia Federal sobre tráficos de pessoas e as rotas utilizadas pelos chamados “coiotes”, intermediários que lucram com as travessias ilegais. O deputado declarou que, caso as ações da comissão não sejam suficientes, o grupo pode criar uma CPI para investigar o caso.

(Com informações: Agência Brasil)
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