06 de março, de 2017 | 18:40

Presidente da Ternium no Brasil esclarece situação da Usiminas

O motivo do encontro na Câmara Municipal de Ipatinga foi prestar esclarecimentos sobre a atual situação da empresa.

O presidente do grupo ítalo-argentino Ternium/Techint no Brasil, Paolo Bassetti, um dos sócios controladores da Usiminas, participou de uma reunião com os vereadores de Ipatinga na tarde dessa segunda-feira (6), no gabinete da presidência do Legislativo. O motivo do encontro foi prestar esclarecimentos sobre a atual situação da empresa.

O presidente da Ternium no Brasil voltou a insistir que a pessoa mais qualificada para ocupar o cargo de presidente da Usiminas é o executivo Sérgio Leite, embora, por meio de uma ação judicial, Rômel Erwin de Souza tenha sido reconduzido ao cargo. “Ficou muito claro, o conselho escolheu por oito votos o Sérgio Leite para ser o presidente e este deveria ser o presidente para que as coisas se resolvessem”, afirmou.

O executivo explicou que existe um projeto industrial de crescimento da Usiminas, em que a Ternium trabalhou para melhorar a situação atual da empresa.

Em relação à proposta de marcar uma reunião com os dirigentes da Nippon Steel & Sumitomo Metal, com quem a Ternium/Techint divide o bloco de controle de acionistas da Usiminas, e com a comunidade, o presidente Paolo comenta que, no momento, não existe algo marcado, embora não veja razão para não se marcar esse encontro.

Bassetti também comentou sobre os possíveis impactos, na Usiminas, com a aquisição da Companhia Siderúrgica do Atlântico - CSA do Grupo Thyssen, no Rio de Janeiro. “Não vai impactar na relação da Ternium com a Usiminas. São negócios diferentes. O objetivo da compra da CSA foi por causa da produção de placas para a Ternium, já que hoje a Usiminas não tem a possibilidade de produzir essas placas”, esclarece.

Ipatinga
O presidente da Câmara Municipal de Ipatinga, Nardyello Rocha, explicou a principal etapa desse processo e apontou um ponto que ele julga como o mais importante. “Precisamos que o presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais veja a situação de hoje que está entalada, para que a Usiminas volte a caminhar e para que a cidade volte a ganhar com isso também, ou seja, dependemos muito da situação da gestão da empresa. Mas o mais importante de tudo aqui hoje, foi o reconhecimento da Ternium em relação à falta de uma aproximação com Ipatinga”, detalhou o presidente Nardyello.

O conselheiro da Usiminas, Luiz Carlos Miranda, um dos responsáveis pela realização dessa reunião, criticou a falta de uma solução entre os dois grupos controladores da Usiminas. “Todo mês eles se reúnem, a Nippon com a Ternium, mas não existe solução. Acho que tem um princípio de vaidade em ambos os lados, em que a população está pagando um preço muito alto e a própria empresa também”, resume.

O vereador Adiel Oliveira reforça a importância da situação da empresa para Ipatinga. “A gente espera que a Ternium, juntamente a Nippon, chegue a um acordo o mais rápido possível para que a Usiminas e toda a região do Vale do Aço possam voltar a crescer”, salienta.

Entenda
A disputa societária envolvendo a argentina Ternium, subsidiária do grupo ítalo-argentino Techint, e a japonesa Nippon, tornou-se pública com a demissão, no fim de setembro de 2014, do presidente-executivo da Usiminas, Julián Eguren, e de dois alto executivos indicados pela Ternium.

A demissão ocorreu em uma votação que terminou desempatada pelo então presidente do conselho da Usiminas, Paulo Penido (falecido em agosto de 2016), ligado ao grupo Nippon. Rômel Ervin foi indicado como presidente interino e teve que deixar o cargo em maio de 2016, quando foi destituído. Para o seu lugar, foi eleito Sergio Leite, então vice-presidente comercial da Usiminas, que havia se aproximado da Ternium.

A eleição de Leite pelo Conselho de Administração foi por maioria e não por consenso, como prevê o acordo de acionistas. Ainda assim, Elias Brito, homem de confiança da Ternium que ocupa a presidência do conselho da Usiminas desde abril chancelou a votação. Rômel foi reconduzido ao cargo por decisão da Justiça, a pedido da Nippon e permanece no cargo até hoje. Para os sócios japoneses Rômel é o mais qualificado e citam, entre outras conquistas dele, a renegociação do financiamento das dívidas da Usiminas, o restabelecimento da empresa no mercado e, mais recentemente o desfecho da redução de capital da Usiminas na Mineração Usiminas, operação que permitirá o repasse de R$ 700 mil à controladora. Esse montante será usado para arcar com parte do refinanciamento das dívidas junto aos bancos credores.