06 de março, de 2017 | 10:16
Ao contrário das indústrias, varejão...
Ronaldo Soares
É, não é um investimento estruturante, aquele que gera, entre outros, uma nova dinâmica econômica, mas é o que o Vale do Aço tem conseguido atrair ultimamente: investimentos em Super e Hipermercados... os gigantes do Varejo!Além do Mineirão, o atacarejo da rede EPA que levou mais de 3.000 pessoas a concorrerem por 300 vagas, chegando a dormir nos jardins da prefeitura de Ipatinga, agora é a vez da Rede Valadarense Coelho Diniz, que anuncia a construção de um novo Hipermercado no bairro Iguaçu, na área onde era a Disbam, do nosso velho conhecido Amantino Alves.
Propaga-se que mais de 350 vagas serão abertas para este empreendimento. Uma notícia fantástica em tempos de crise e desemprego. No entanto, é importante entender que muitos que ocuparão essas vagas são oriundos de supermercados de bairro que sucumbem a concorrência com os gigantes em rede. A capacidade de negociação dessas grandes redes inviabiliza os pequenos supermercados de bairro, e muitos deles já desapareceram (e vão desaparecer).
Haverá maior concentração de mercado, movimentos próprios do capitalismo e da economia de escala, e sobreviverá quem for capaz de girar grandes estoques em menor espaço de tempo.
Mas, quem está desempregado terá que aguardar um pouco. É que a aprovação do empreendimento e a liberação do alvará de construção ainda estão em andamento, e a previsão de inauguração é para acontecer somente após os nove meses necessários para a construção. Pois é, pessoal, vamos ter que esperar o menino nascer...
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CRISE DA DÍVIDA DE IPATINGA
A semana passada foi particularmente difícil para o prefeito de Ipatinga, Sebastião Quintão, quando foi tornada pública a dívida da prefeitura. Que ultrapassa os 400 milhões, sendo que as de curto prazo estão na casa dos 154 milhões.
Quem conhece o prefeito, percebeu que a notícia foi muito além das suas expectativas. Talvez, durante a campanha, ele pensasse que a situação era grave, mas não tão grave como foi apresentada semana passada. Dizem que, no dia a dia, despesas de praxe, como pó de café e açúcar, são rateadas entre os que querem consumir. E o famoso cafezinho é um desafio diário de quem ali trabalha para servir ao cidadão.
Mas voltando ao que é mais importante, até para arrecadar tributos há despesas, seja para a emissão dos boletos ou carnês, seja para o envio dos mesmos aos domicílios, como no caso do IPTU. Pois aí é que o bicho pega: tem que gastar dinheiro, mas falta crédito. A prefeitura carece de crédito até para as miudezas do cotidiano.
Por outro lado, nem tudo é tristeza. A administração tem tentado fazer ao menos a sua parte, e garante o pagamento dos servidores concursados para essa semana. Eu disse... os concursados! Porque os que ocupam os cargos comissionados, os que são de confiança do prefeito, estes vão ter que aguardar um pouco mais.
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FATO RELEVANTE
Uma música do primeiro disco da Banda Capital Inicial tinha, como título e refrão, as palavras Leve Desespero. Leve desespero que me leve daqui.
Pois bem, foi mais ou menos essa a sensação que tive ao ler um Fato Relevante na sexta-feira da semana passada. Fato relevante é um documento expedido pelas empresas de capital aberto, as sociedades anônimas, que torna público qualquer movimentação de capital, societária e/ou de desempenho extraordinário.
A Usiminas informou que, em Assembleia Geral Extraordinária da sua controlada Mineração Usiminas (MUSA), a subsidiária aprovou por unanimidade de votos dos acionistas, a proposta de redução do capital social no valor de R$1.000.000.000,00 (um bilhão de reais).
Para você entender: Fazia parte do acordo com os bancos credores que, além do aporte de 1 bilhão de reais realizados pelos acionistas no ano passado, 700 milhões referentes ao capital da Mineração Usiminas que pertenciam a parte dos sócios (Ternium, Nippon, CSN, Previdência Usiminas e os sócios minoritários) seriam injetados para aliviar o caixa da empresa, dando fôlego para a retomada de crescimento da empresa.
Mas esta liberação teve momentos dramáticos. A Usiminas não contava que a Sumitomo se valeria do seu poder de veto, graças aos 30% de participação na mineradora, que iria travar esta liberação e de fato atrasou algo que fazia parte do acordo com os credores que aceitaram esta e outras condições. Uma situação que foge a lógica, uma vez que, se a Usiminas não se recupera, a Musa vai mal também, uma vez que a empresa é a principal cliente da Musa. Na prática, é uma filha” que agora precisa ajudar o pai” em desesperadora situação.
Pois é, agora cabe também o título de uma outra música, de outra banda dos anos 80, a Engenheiros do Hawaii: Alívio Imediato. Foi a minha sensação, após tomar conhecimento desse Fato Relevante. Alívio este que permitirá esperar a melhoria do cenário econômico nacional e, consequentemente, dará um maior prazo para a recuperação da siderúrgica. Que a Usiminas encontre a paz que tanto precisa para retomar o seu caminho vitorioso! Boa sorte para todos nós!
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