04 de março, de 2017 | 11:11

Sem noção

Divulgação
Há cerca de uma semana, meio constrangido, é verdade, o técnico do América, Enderson Moreira, não poupou críticas ao gramado e às instalações do estádio de Murici, cidade com pouco mais de 28 mil habitantes, localizada na Zona da Mata de Alagoas, distante cerca de 44 quilômetros da capital do estado, Maceió.

Neste estádio, o Coelho foi eliminado nos pênaltis pelo modesto time da casa, depois de empatar em 0 a 0 no tempo normal, sendo que, na súmula da partida, até o árbitro destacou o estado “lastimável” do gramado, que segundo escreveu, não oferecia “mínimas condições para se desenvolver a partida”.

Na última quarta-feira foi a vez do técnico Abel, do Fluminense, fazer críticas contundentes ao estádio chamado “Gigante do Norte”, em Mato Grosso, onde o Fluminense venceu o Sinop-MT por 3 a 1, depois de passar por maus momentos no primeiro tempo.

Abelão reclamou do “péssimo” estado do gramado e do funcionamento precário dos refletores. Criticou também a CBF. Tudo isso com absoluta razão, pois se o país está desorganizado em todos os aspectos, o futebol, que reflete diretamente o que acontece na sociedade, não poderia ser diferente.

Pobre, jogos de péssimo nível, contratações duvidosas de veteranos ou de jogadores descendo a ladeira com mais de 30 anos, times desconhecidos, estádios e gramados abaixo da crítica etc e coisa e tal.

Tudo errado, a começar pelo atual formato da Copa do Brasil, que nos remete aos anos de chumbo da ditadura militar, quando ficou famosa a frase de um general-presidente amante do futebol: - Onde a Arena (partido de sustentação do governo militar) vai mal, um time no Nacional!

Felizmente, os militares hoje se convenceram de que suas funções são outras mais importantes, e que apesar de todos os problemas, não existe outro regime melhor que a democracia. Mas no futebol não é assim que as coisas funcionam.
A CBF usa métodos semelhantes aos do regime militar, a fim de satisfazer interesses das federações estaduais que reelegem seus dirigentes, perpetuando-os no poder.

Então a Copa do Brasil foi inflada, passando a ter 91 participantes este ano, alguns deles inaptos a disputar competições amadoras, estendendo-se por longos nove meses.

E quis o destino que o próximo adversário do Cruzeiro na competição seja esse Murici de Alagoas, cuja força política nos bastidores da entidade é notória e evidente, até porque tem como padrinho político o senador Renan Calheiros.
Sem noção, sem surpresa alguma, apesar dos protestos do América, Cruzeiro e FMF, a CBF marcou a primeira partida entre Murici e Cruzeiro, na próxima quarta-feira, para o horrível estádio da cidade alagoana.

· Mas há outro ponto no nosso futebol que vem incomodando, e muito, porém, passa batido ou recebe a conivência da crítica, treinadores, cartolas, enfim, de todos, como se fosse algo normal no futebol. Pela CBF, então, nem se fala. Parece que a entidade não tem nada a ver com isso, ou seja, com a violência dos jogadores e com a omissão covarde dos árbitros, que não tratam de dar proteção àqueles que entram em campo para jogar futebol.

· Alguns árbitros, como esse assoprador de apito chamado Elmo Resende Cunha, de Goiás, são useiros e vezeiros em deixar o pau comer solto, a exemplo do que ocorreu no jogo do Fluminense, em Mato Grosso. Esse juizinho se limitou a marcar as faltas e mostrar alguns cartões amarelos aos brucutus do Sinop, sendo que boa parte deles deveria ter sido vermelho. Só deu o ar da graça no fim, quando o jogo já estava decidido.

· No empate de 2 a 2 entre Chapecoense e Atlético, pela Primeira Liga, o juizinho gaúcho Jean Pierre expulsou corretamente Dodô, da Chape, após uma entrada violenta e desnecessária sobre Carlos Eduardo. Mas um pouco antes, fez vistas grossas e deixou de expulsar o mesmo Carlos Eduardo, por uma entrada igualmente criminosa no adversário, que teve inclusive de ser substituído. Pasmem! No caso de Dodô, o comentarista do Sportv, Paulinho Criciúma, criticou o juizinho, considerando “precipitada” e “injusta” a expulsão.

· O problema, como disse, é que não é só o árbitro que se omite de cumprir sua tarefa principal, que é preservar os que entram em campo para jogar futebol. Treinadores, jogadores, imprensa especializada, todos se comportam com a mesma indiferença em relação à violência dentro de campo, ao invés de repudiarem esse comportamento hostil que já virou uma coisa normal, o que obviamente é uma pena para o espetáculo do futebol.

Me entristece, ter que ouvir no rádio ou ler matérias nos jornais, onde colegas se referem a qualquer joguinho como um “duelo”, como se fosse uma “guerra” ou algo de vida ou morte.

· A 6ª rodada do Campeonato Mineiro começa hoje, com destaque para o jogo entre Galo e Villa Nova, no Independência, onde se espera finalmente que o time de Roger Machado faça uma boa exibição, sobretudo defensivamente, para deixar a sua torcida confiante em relação à participação na Libertadores. Nesta quarta-feira, o alvinegro inicia a disputa da maior competição continental pela quinta vez consecutiva, enfrentando o desconhecido Godoy Cruz, na Argentina, em busca do bicampeonato.

· Amanhã o Cruzeiro será a grande atração em Teófilo Otoni, onde vai enfrentar o América T.O. no acanhadíssimo Estádio Nassri Mattar. Se, com justificada razão, a diretoria celeste reclama de ter que jogar no interior de Alagoas, em um estádio sem as mínimas condições de conforto e segurança, a casa do “Dragão” no Vale do Mucuri não fica devendo nada. Mas, em nome da política da boa vizinhança, a sujeira neste caso vai parar debaixo do tapete, pois quem tem defeito são sempre os filhos dos outros. (Fecha o pano!)
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