18 de fevereiro, de 2017 | 11:13

Angu de caroço

Divulgação
Quem está na lida do futebol diuturnamente, no meu caso há algumas décadas, pode dizer que já viu de tudo, ou quase tudo em matéria de calotes, malfeitos, gestões fraudulentas, pois sempre aparece algo novo, surreal, quando se trata dos nossos clubes nessa estrutura arcaica que vigora aqui no Brasil capitaneada pela CBF.

Vai de dirigentes desonestos, outros que roubam mas ganham títulos e ainda são idolatrados pelas torcidas, os que se fingem de bonzinhos, mas na verdade são lobos na pele de cordeiros, praticando todo tipo de falcatruas e enriquecendo às custas dos clubes que dirigem. E tem também os honestos. Raros, na verdade, mas existem.

Agora estamos assistindo a esse “imblóglio” envolvendo Atlético e Grêmio, em torno de uma dívida contraída pelo clube mineiro em 2012, quando o alvinegro contratou o goleiro Victor junto ao clube gaúcho, envolvendo na transação o então jovem e promissor zagueiro Werley.

Aqui nos nossos grotões costumamos dizer que “negócio tem que ser bom para os dois lados”. Não sei onde é que a corda arrebentou, mas é de conhecimento público que o Atlético não pagou o que devia ao Grêmio e o caso foi parar na justiça.

Agora um juiz federal gaúcho mandou penhorar cerca de R$ 10 milhões do dinheiro pago pelo São Paulo ao Atlético, referente à venda do atacante Lucas Pratto, como forma de ressarcir o Grêmio, o que não estava nos planos da diretoria do Galo, que contava com a grana para equilibrar o caixa do clube neste início de temporada.

Meu avô, Tatão Rocha, na querida Sobrália da minha infância, diria que este caso é um verdadeiro “angu de caroço”, mas, como escrevi lá em cima, não há novidade alguma, pois se trata do mundo peculiar do futebol.

O ex-técnico e ainda em atividade, “papai” Joel Santana, numa entrevista recente à ESPN/Brasil, disse, com o seu habitual bom humor, que “no cemitério está cheio de gente (ex-dirigentes e jogadores principalmente) reclamando dívidas do futebol”.

Não há dúvida quanto à obrigação do Atlético-MG ter que pagar o que deve, apenas tem todo o direito de questionar o valor através dos canais competentes da justiça, já que não houve acordo amigável com o credor. Faz parte, mas é mais uma situação vergonhosa, que deixa pendurado na brocha um dos maiores clubes brasileiros, o que só serve para manchar ainda mais a credibilidade do produto chamado futebol, pois o Atlético não é o primeiro a passar por um vexame desses e não será o último.

Na verdade, o que tem salvo os clubes e o nosso futebol, terreno fértil para a proliferação de caloteiros e vigaristas da pior espécie, ainda é a paixão do torcedor, principal responsável por fazer a roda girar. Até quando? Ninguém sabe.

Hoje tem o primeiro clássico do Campeonato Mineiro 2017 entre Atlético e América, no Mineirão. A expectativa fica por conta de saber se Robinho, que voltou aos treinos durante a semana, irá jogar ou não. Nos cinco jogos que disputou até agora, três pelo Mineiro e dois pela Primeira Liga, o Galo venceu quatro e perdeu o clássico para o Cruzeiro.

O técnico Roger Machado pediu um prazo de dez jogos para a equipe se acertar no esquema tático pretendido por ele. De fato, o time atual tomou poucos gols, apenas três em cinco jogos, mas peca pela lentidão e falta de criatividade do meio-campo. Apesar do América ser um time muito fraco, pela tradição do clássico poderá ser um bom teste para novas avaliações.

Apesar de toda a má vontade da CBF e federações estaduais, o torneio da Primeira Liga apresentou até agora uma média de público superior aos estaduais pelo país afora. Os clubes participantes, por força do calendário apertado e com excesso de jogos, na maioria das vezes ainda estão utilizando times reservas na competição.

Somente nas três primeiras rodadas 123.452 torcedores, média superior a 10 mil por partida, compareceram aos jogos da Primeira Liga. Dois dos maiores públicos foram registrados em Minas Gerais: 41.530 torcedores no clássico Cruzeiro 1×0 Atlético; 13.248 em Atlético 2×0 Joinville. A média do Campeonato Mineiro nas duas primeiras rodadas foi de apenas 4.397 torcedores por partida.

Gente boa demais da conta, o jornalista Chico Pinheiro, belo-horizontino e torcedor de carteirinha do Galo, esteve afastado nos últimos dias da bancada do “Bom Dia Brasil”, da Rede Globo, tendo sido submetido a procedimento médico hoje considerado simples, em que teve de colocar um “stent” na região do coração. Amante do samba, Chico voltou à bancada do BDB na última sexta, e garante que estará presente na cobertura do carnaval paulista.

Até agora eu não vi nenhuma movimentação por parte dos clubes, no sentido de atender às novas determinações da CBF, que entrarão em vigor no próximo ano. Se nada mudar, para poder participar das competições nacionais promovidas pela entidade, além de adotar práticas de gestão, transparência e equilíbrio financeiro, os clubes terão que manter em atividade e demonstrar que possuem categorias de base, futebol feminino, centro de treinamento, estádio adequado com os devidos laudos e gestão profissional com diretores de futebol, comunicação e marketing. Ah! Tá...! (Fecha o pano!)
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