13 de fevereiro, de 2017 | 14:13
Heróis da Leitura
Luiz Carlos Amorim
Incentivadores da leitura chamam a minha atenção. Muito. Tenho uma enorme admiração por quem se dedica a proporcionar leitura a quem não tinha acesso a ela, das mais diversas maneiras. Pois vi, há algum tempo, no programa Via Brasil, uma reportagem mostrando o Homem Livro”, de Aracaju. Por que ele é chamado Homem Livro”? Porque angaria livros, junta-os e sai à rua para distribuí-los às pessoas, gratuitamente. Ele pede livros em doação e os entrega para quem gosta de ler. Não é sensacional? Já vi muitos incentivadores de leitura, gente que sai no bairro e pede livros aos vizinhos e vai formando uma biblioteca comunitária, gente que ao invés de pedir os livros, pede lixo reciclável, então os vende para comprar livros novos para bibliotecas e escolas. Em Florianópolis há um menino que pediu um cantinho do boteco” do pai, foi recolhendo livros na comunidade e improvisou uma biblioteca e agora empresta livros às pessoas do bairro.Mas não tinha visto um personagem curioso assim como o Homem Livro”, que pede livros por onde passa, vai ao centro da cidade caracterizado na sua roupa existem trechos de livros, capas de livros, tudo sobre livros e os oferece à comunidade. Precisamos de mais homens livros, precisamos que eles se multipliquem para que o incentivo à leitura e o acesso ao livro, objeto tão caro hoje em dia, seja democratizado de maneira tão generosa.
Precisamos de mais gente generosa como o homem livro”, que se transformou em estandarte em prol da democratização do acesso à leitura, da criação de mais leitores, promovendo a distribuição de cultura e de informação. É bom ver iniciativas como esta. A gente constata que nem tudo está perdido. Que ainda existem novas ideias, criatividade e dedicação na luta conta a ignorância e a miséria. Que há quem se preocupe com a educação e com a instrução das pessoas, mesmo as mais humildes, com a cidadania, enfim. O poder público não quer ter trabalho com isso, ao contrário, dificulta a aquisição do hábito da leitura, deteriorando a educação, o ensino público, com modificações desastrosas, má remuneração e qualificação dos professores e falta de manutenção e de equipamentos para as escolas.
Há uma luz no fim do túnel, com esses abnegados heróis que, por sua conta e risco, se dedicam a colocar diante dos olhos de quem precisa os livros que estão guardados, escondidos. Há esperança para nós, seres humanos. Ainda.
Escritor, editor e revisor, Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, cadeira 19 na Academia Sul-Brasileira de Letras. www.prosapoesiaecia.xpg.uol.com.br
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