30 de janeiro, de 2017 | 18:15

Drogas sintéticas apreendidas pela operação Corpo Blindado no Ferroviários

Justiça converte em preventiva, a prisão de seis dos nove detidos pela acusação de tráfico de drogas em boate em Ipatinga

Com atualização de dados às 18h de 30/1

Por decisão do juiz Paulo Sérgio Vidal, da Comarca de Inhapim, de plantão na regional do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, foi convertida em preventiva a prisão de seis dos nove jovens estudantes de medicina que foram detidos no fim de semana no âmbito da operação Corpo Blindado, desencadeada na madrugada de sábado (28) em Ipatinga pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

Além da detenção de nove pessoas, foram apreendidos 22 comprimidos de ecstasy (droga sintética), três frascos de loló, uma bucha de haxixe, R$ 2.621 em dinheiro e nove celulares, réplica de arma de fogo, munição real e outros produtos. Entre os telefones recolhidos, policiais verificaram conversas em que participantes do evento negociavam, abertamente, a venda de substâncias entorpecentes.

A abordagem policial ocorreu durante uma festa, na área do antigo Hotel Century, no bairro Ferroviários, organizada pela boate Scenarium.

Com várias denúncias anônimas, policiais realizaram monitoramento nas proximidades do evento, confirmaram a ocorrência do tráfico, mapearam os envolvidos e a dinâmica da atuação de cada um e, já de madrugada, foi disparada a operação.

Todos os presos, que participavam da festa Totalmente Summer, foram encaminhados ao plantão da 1ª Delegacia Regional de Ipatinga, com todos os objetos apreendidos pelos militares.

A defesa entrou com recurso para a liberação dos detidos, que foram autuados em flagrante pelo delegado de plantão, mas o juiz plantonista entendeu que havia elementos que justificavam a preventiva. "Pela análise dos documentos apresentados, verifica-se a materialidade do delito", pontuou o juiz. Em sua decisão, o magistrado relata o papel de cada um dos seis autuados em flagrante.

“A defesa deles buscou recursos em todas as etapas do trabalho, durante a operação, depois na delegacia, ainda no Ministério Público e depois pediram na Justiça que os autuados fossem liberados e perderam. Entendemos que a Justiça tem que existir para todos. Que saibam os que estão delinquindo, independentemente da classe social, que um dia terá que responder”, concluiu o delegado Gilmaro Alves, que integra o Gaeco em Ipatinga.

O que diz a defesa de um dos envolvidos

O advogado Vinícius Xingó apresentou, no fim da tarde desta segunda-feira, a versão da defesa acerca do caso de seu cliente, um dos jovens detidos.

Conforme o advogado, ao consultar os autos das investigações preliminares, “percebe-se claramente que não houve objetivo de lucro por parte do investigado e os diálogos em sua maioria somente comprovam uma dupla interpretação acerca se houve ou não tráfico com objetivo de lucro”.

Ainda conforme o advogado, há uma linha muito tênue entre o caput do artigo 33 da lei 11.343/06 (tráfico com o objetivo de lucro) para o artigo, 33 parágrafo terceiro da lei 11.343/06 (sem objetivo de lucro). “Foge à razoabilidade imaginar que o investigado que possui emprego fixo e com renda própria estaria traficando".

"Ademais, nada de ilícito foi encontrado com o meu cliente no dia em que ele foi abordado na festa, isto é, a materialidade se mostra frágil neste sentido. O que se percebe é que no máximo houve um uso compartilhado de substâncias entre os amigos sem qualquer objetivo de lucro. Acreditasse, pois, com todo respeito ao trabalho investigado que houve uma equivocada interpretação da norma, afinal, direito não é uma ciência exata”, conclui o advogado.