21 de janeiro, de 2017 | 11:41

Dois lados

Divulgação
Depois de duas semanas de preparativos para disputar as inúmeras competições previstas para a temporada, Cruzeiro e Atlético entram na contagem regressiva para estrear no Estadual e Primeira Liga, debaixo de olhares diferenciados por parte das suas torcidas.

No Cruzeiro, o ambiente é de otimismo da diretoria, comissão técnica e jogadores, o que obviamente contagia a torcida, que há dois anos vê a equipe fora da disputa por títulos importantes, ou apenas lutando contra o rebaixamento, depois de ter conquistado por dois anos consecutivos (2013-2014) o principal título nacional.

A manutenção do técnico Mano Menezes foi fundamental, pois o time já possuía uma base montada no ano passado, o que lhe permite agora fazer apenas contratações pontuais, como, por exemplo, a vinda de Thiago Neves, fato que o credencia a brigar na ponta por títulos nesta temporada.

Já o torcedor do Galo, mesmo com o seu habitual e exacerbado otimismo, vê com desconfiança este início de arrumação da equipe, onde a principal meta será buscar o bicampeonato na Libertadores.

A demora da diretoria em repor peças importantes que deixaram o elenco, como, por exemplo, os volantes Leandro Donizete e Júnior Urso, é justificada pela falta de dinheiro em caixa, pois para fazer contratações o clube depende da venda de uma das suas estrelas, neste caso, o atacante Lucas Pratto, titular da seleção argentina.

O diretor de futebol, Eduardo Maluf, trabalha nos bastidores para trazer um volante ”top”, o que aumenta ainda mais as especulações em torno de nomes como os de Elias (Sporting-Portugal) e Lucas Leiva (Liverpool), além de outros menos votados.

A janela para transações com a China se fecha no fim do mês, o que só faz aumentar a expectativa da torcida alvinegra de que algo diferente possa acontecer nos próximos dias. Por enquanto, como diria o técnico Adilson “Pardal” Batista: “Vamos aguardar!”.

O ano de 2016 foi marcado por perdas irreparáveis e tragédias no esporte. Perdemos Carlos Alberto Torres, o “capita” da seleção de 70, a melhor de todos os tempos, entre tantos outros desportistas. A queda do avião da Chapecoense, matando todos os ocupantes, está viva na nossa memória, uma chaga aberta e motivo para muitas reflexões.

Veio 2017, mas a impressão que temos é que 2016 ainda não terminou. Acabamos de perder um dos principais treinadores de futebol do século passado, Carlos Alberto Silva, 77 anos, sepultado ontem em Belo Horizonte. Silva deixa um legado importante de competência, austeridade e profissionalismo, com seu nome marcado por conquistas relevantes no Brasil, onde levou o pequeno Guarani de Campinas ao título brasileiro de 1978, além do sucesso obtido em Portugal, onde conquistou dois títulos nacionais pelo Esporte Clube do Porto.

Aqui nos nossos grotões, Carlos Alberto Silva dirigiu com brilhantismo os três “grandes” da capital, além do Villa Nova de Nova Lima, onde começou a carreira como dirigente e dizia ser seu time do coração. Rigoroso, metódico e muito sincero nas entrevistas, eu guardo dele boas lembranças, uma delas bastante interessante, quando ele era técnico do Cruzeiro, em 1992, e lançou na equipe titular o jovem Ronaldinho, com apenas 18 anos de idade, e que depois virou o “Fenômeno”.

O Cruzeiro ia jogar contra o Nacional, em Montevidéu, pela semifinal da extinta Supercopa de Campeões da Libertadores. Como de praxe, convidou vários jornalistas e conselheiros do clube para integrarem a delegação.

Ao chegar à capital do Uruguai, um ônibus estava à postos para conduzir jogadores e comissão técnica para um hotel, enquanto outro levaria a imprensa mineira, convidados e os cartolas celestes para um outro hotel, bem distante, na zona portuária. O então presidente, César Masci, ficou indignado ao saber que a determinação tinha partido do técnico Carlos Alberto Silva, que exigia privacidade absoluta para seus jogadores.

Nervoso, o então presidente do Cruzeiro ameaçou demitir o treinador assim que a delegação pisasse em solo belo-horizontino. O ônibus chegou a ficar parado vários minutos para uma conversa particular, debaixo da marquise de uma loja, entre ele e o saudoso comentarista da Itatiaia/BH, Osvaldo Faria, que conseguiu acalmar Masci.

Neste que foi o primeiro jogo internacional oficial da sua carreira, Ronaldinho “Fenômeno” fez dois gols, mas o Nacional reagiu na segunda etapa e empatou, eliminando o Cruzeiro nos pênaltis. A delegação retornou a BH e nada aconteceu com o “chato” do Carlos Alberto Silva, que continuou à frente do Cruzeiro ainda por muito tempo. (Fecha o pano!)
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