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16 de janeiro, de 2017 | 16:32

Demissão: O poder que poucos sabem usar

Ronaldo Soares

Gostaria de chamar a atenção para um tema mais corporativo, a demissão. O momento de contratação é a face mais suave da história de trabalho nas empresas de todos nós, tanto para quem nos contrata quanto os contratados. A questão é que se estabelece uma nova relação e a inserção dentro de uma nova cultura, com pessoas com as quais você não escolheu para conviver. Parece um casamento de conveniência, como no passado medieval.

No entanto, gestores veem nesse processo o lado bom da sociedade do trabalho, que passam a ser reconhecidos com uma certa gratidão pelo agraciado com o emprego, que viu nele a oportunidade de buscar a sua subsistência. No entanto, temos aí metas e objetivos e toda uma forma de alcançá-los a ser planejada, executada e reorientada. A questão em voga nesse texto é a outra face do poder dos gestores nas corporações.

Décadas atrás, vivíamos basicamente a tranquilidade de transferir o sistema coronelista das atividades do campo para a manufatura nos centros urbanos que passaram a coexistir em torno das atividades da empresa. Em muitos casos, vimos empresas e cidades se tornarem uma coisa só, tamanho o envolvimento dos objetivos dos cidadãos e da corporação.

As relações do capital-trabalho evoluíram, e proponho que as analisemos pelo prisma das gerações. Primeiramente a Geração X, que investia numa empresa esperando crescimento a longo prazo e se aposentar nela. Esta geração deu lugar a geração Y, que esperava reconhecimento a médio prazo, mudança de empresa e um processo natural para acelerar o alcance de seus objetivos pessoais. Agora estamos diante da geração Z, que espera o retorno de sua dedicação e alta performance agora mesmo, já. Em muitos casos, esta geração está mais para não se adaptar ao sistema formal de hierarquia em uma empresa, criando as suas próprias empresas, empreendendo seus próprios negócios. Manter talentos e um desafio, sobretudo, para os gestores que ainda estão sob o escopo da geração X, esperando obediência, subserviência e conivência, o que inclui agressões aos direitos humanos.

Não é surpreendente que o “turn over” de muitas empresas não caia mesmo em tempos bicudos, uma vez que seus gestores não estão preparados para lidar com este novo perfil de mão de obra. Há atrasos de adaptação para esta visão de maior curto prazo de colaboradores. São colaboradores capazes de oferecer respostas significativamente superiores à geração antecessora. No entanto, não se submetem às usuras próprias de empresas que esperam manter sua atratividade apenas pelos salários e benefícios e nem por um projeto de trabalho que inclua desenvolvimento sistêmico de aptidões e parcerias para alcance dos objetivos pessoais dos colaboradores.

Há de se repensar esta mentalidade de que se deve priorizar os objetivos da empresa. Na verdade, deve-se perceber que, basicamente, trata-se de uma relação de duas empresas: contratante e contratada. Os contratados (ou colaboradores da nova geração) não querem estabelecer vínculos emocionais com o contratante. Querem executar tarefas, desenvolver suas capacidades e se incluir como parceiros de negócios. Tem objetivos mais ousados, e não adianta chantageá-los via dependência econômica.

Por outro lado, é importante que a demissão seja enxergada muito mais como uma ineficiência da empresa como recrutadora e selecionadora de talentos, e, sobretudo, pela capacidade de desenvolver e traduzir em retorno de investimento as habilidades e competências adquiridas pelo colaborador. Há um enorme custo para contratar e um maior ainda para demitir. Quando isso acontece com a frequência que se vê em algumas empresas, seus sócios ou dirigentes de alto escalão devem rever as capacidades das suas gerências médias. Sem medo de errar, esse nível hierárquico esconde pessoas inseguras e pressionadas pelos operacionais, dirigentes e clientes, que não suportam essa pressão e descarregam as suas frustações nos níveis mais baixos da empresa, levando-os há um ciclo vicioso em que o assédio moral assume o protagonismo de suas ações.

Demitir é algo muito sério. Eu já presenciei casos que pessoas não se recuperaram desse revés e que usam “muletas” na vida como antidepressivo, acompanhamento psiquiátrico e/ou psicológico e, em alguns casos, até se aposentam por invalidez. Claro que a geração Z absorve bem menos estes revezes. Mas as gerações X e Y foram, muito por conta do despreparo do poder de demitir, agentes de violação do íntimo das pessoas e geradoras de sofrimento pela incapacidade de lidar com o ser humano.

PARABÉNS, CORONEL FABRICIANO!

Nessa sexta feira (20), o município de Coronel Fabriciano completará 68 anos de emancipação. E o prefeito, Marcos Vinícius Bizarro, vai promover solenidades e movimento cultural na praça da Bíblia, no Melo Viana. Festa patrocinada pela prefeitura não haverá, pois isso não condiz com o momento atual de austeridade e maior investimento no cidadão. Ainda assim, o pessoal que agora cuida das secretarias envolveu amigos da cidade para promover manifestações e interagir com a comunidade, oferecendo alegria e uma perspectiva de futuro melhor. Boa iniciativa, prefeito!
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