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16 de janeiro, de 2017 | 16:32

Nova realidade

Divulgação
A internet começou a se disseminar no Brasil a partir de 1995. Foi crescendo, penetrando em todas as áreas, se multiplicando, enfim, em pouco tempo mudou tudo, sobretudo na imprensa, que vive um momento de rearranjo.
E quem não se adaptar à essa nova realidade, certamente será riscado do mapa, uma vez que é julgado a todo momento pelo leitor, ouvinte, telespectador da era digital, o “nosso patrão”, como dizia o saudoso radialista e um dos fundadores do Grupo Vanguarda, Ulisses do Nascimento.

De cara, a internet liquidou com a máxima de que a imprensa era o “Quarto Poder” no país, ao lado do Executivo, Legislativo e Judiciário, graças à influência que exercia em todas as áreas.

E neste mundo digital globalizado, coube a um jogador estrangeiro e famoso, Gerard Piqué, do Barcelona, deixar isso bem claro numa entrevista recente, quando explicou os motivos pelos quais seu clube tinha por hábito restringir bastante o contato dos jogadores com a imprensa: “A urgência da notícia, agora, tem mais importância que o rigor.

Sempre haverá alguém que se importa em dar a notícia antes de apurá-la”. E completou com algo ainda mais grave: “O clube tinha que cortar pela raiz o mal da imprensa. O jogador tem cada vez mais poder, e usa menos a imprensa. Alguns têm mais seguidores que o jornal esportivo mais lido na Espanha. Poderia não dar mais entrevistas, e nada aconteceria”.

O que Piqué quis dizer? Que hoje, cada vez mais, a imprensa não faz falta alguma para ele, para os principais jogadores e clubes, porque através da internet eles se comunicam com os torcedores. A qualquer momento, hora ou lugar, lá estarão os seus fãs ou seguidores nas diversas mídias sociais, todos juntos numa mesma plataforma. Estamos no período de entressafra no futebol, com jogadores retornando de férias e carência de notícias, e muitos colegas de fato exageram e passam dos limites nas especulações.

É muito comum também a notícia plantada por empresários querendo emplacar jogadores em clubes grandes, e há gente da imprensa, alguns até por motivos inconfessáveis, querendo dar notícia em primeira mão.
Com o surgimento da internet, os “furos” de reportagem se tornaram cada vez mais raros, uma espécie em extinção, porque ficou quase impossível saber quem noticiou o fato primeiro.

Robinho, artilheiro do Atlético e do futebol brasileiro na temporada passada, viveu recentemente uma situação semelhante, que também serve de exemplo dos prejuízos causados pelo mau jornalismo. De férias em São Paulo, de repente o jogador viu seu nome virar notícia em todo o país, após o blog de um jornalista nacionalmente conhecido publicar uma falsa informação de que ele teria acertado seu retorno ao Santos.

Nem Robinho, e muito menos seus empresários, sabiam de coisa alguma. Usando uma rede social, na mesma linha de Piqué, Robinho escreveu: “É de se estranhar agora, no final do dia, de forma quase que simultânea, ver em vários veículos de comunicação notícias levianas, de gente que geralmente, antes de publicar, costuma ouvir a outra parte para checar a veracidade, fato que não ocorreu.

Será que vale tudo mesmo por uma notícia? Vale tudo pelo “ibope”? Será que não pensam no impacto que uma notícia leviana pode causar, principalmente quando envolve torcida, clube, família e emoção”?

Aqui mesmo nos nossos grotões, há cerca de um mês, um colega mais afoito, sem checar a informação, publicou em sua página numa rede social que o Bispo Emérito Dom Lélis Lara, internado em estado gravíssimo, havia falecido. Causou enorme alvoroço e trouxe constrangimento e aborrecimentos à família, já que infelizmente o nosso querido Dom Lara veio a falecer, sim, mas alguns dias depois.

Então, como lidar com situações e casos assim? Não há como explicar batom na cueca. O que disseram Piqué e Robinho, dois jogadores famosos, precisa ser considerado pelos novatos, ou “focas”, como eram chamados os jornalistas em início de carreira, mas também veteranos da imprensa, crônica esportiva, ou por quem pretende ingressar na profissão.

Hoje, a irresponsabilidade na informação gera cada vez mais o descrédito da categoria, dos veículos de comunicação onde atuam, numa instantaneidade absurda. E depois que o “nosso patrão” perde a confiança no nosso trabalho... recuperar é muito difícil. (Fecha o pano!)
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