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14 de janeiro, de 2017 | 11:30

Novos irmãos

Divulgação
Na série de abordagens dos acontecimentos mais relevantes no ano de 2016, voltamos a falar da tragédia com o avião da Chapecoense, que, se serviu para alguma coisa, foi unir o universo do futebol de um canto ao outro do planeta. Nunca, jamais, se viu clubes, dirigentes, jogadores, imprensa e torcedores tão unidos, tão próximos, tão solidários, em homenagem às vítimas do acidente com o time brasileiro.

Faço questão de destacar a nacionalidade brasileira do clube, Associação Chapecoense de Futebol, porque esta tragédia, a maior da história esportiva, ocorreu justamente com um time do país mais vitorioso do futebol, o mais respeitado, o que mais inspirou outros países do mundo.

Este futebol brasileiro, representado pela Chapecoense, recebeu e continua sendo alvo da maior manifestação de solidariedade, carinho e admiração que já se teve notícia na história do esporte, não só o futebol. As manifestações aconteceram em todos os países, em todas as modalidades esportivas, mas, é claro, com ênfase aos amantes do futebol, nos principais clubes do mundo, nos maiores times, através de seus melhores jogadores, maiores craques, torcidas e públicos.

Craques do passado e do presente - de Pelé a Messi - todos ficarão na história por causa também desse movimento de solidariedade nunca visto antes, que teve sua magnitude, maior dimensão, no Estádio Atanasio Girardot, em Medellín, na Colômbia, por parte da torcida do Atlético Nacional, que seria o adversário da Chapecoense na final da Copa Sul Americana.

Mais do que somente os torcedores do Atlético Nacional, o povo colombiano foi às ruas, encheu o estádio não para ver o jogo, que não houve, mas para se juntar na homenagem ao clube brasileiro, sendo este então um marco da aproximação entre os dois países, como todos reconheceram, depois de vários estranhamentos dos jogadores das nossas seleções, a começar pela entrada violenta de Zuniga em Neymar, que tirou o nosso craque da semifinal da Copa do Mundo de 2014 aqui no Brasil.

Na transmissão do Sportv, mostrando desconforto, o comentarista André Loffredo disse não saber se, em situação idêntica, o torcedor brasileiro faria a mesma demonstração de apoio e solidariedade. Faço questão de frisar esse ponto, pois também, com algum desconforto, tenho a mesma dúvida do Loffredo, sem querer generalizar, mas a partir do que vemos rotineiramente no comportamento de parte da torcida brasileira de futebol, das tais “organizadas”, dentro e fora dos estádios, então penso que a dúvida se justifica plenamente.

• Dúvidas à parte, fato é que não é apenas a torcida brasileira que agora tem algo em que se inspirar. A maior lição que os colombianos — e outros povos do planeta, torcedores, jogadores, clubes — nos deram neste trágico episódio do futebol foi dirigida aos cartolas brasileiros. E, neste caso, sem dúvida alguma.

• São pessoas e entidades de tantos países, mostrando que é possível, e mais importante ainda, que os clubes se unam em benefício do futebol nacional e internacional. Que agora nossos dirigentes, que costumam olhar apenas até a altura do próprio umbigo, deem-se as mãos e se organizem em conjunto, deixando a rivalidade — que deve mesmo existir — restrita ao campo de futebol.

• Voltando à nossa realidade, este período de férias dos jogadores e retomada das atividades nos clubes para início da temporada, como todos sabem, trata-se do pior momento do futebol. A bola parada permite que entrem em cena os cartolas e empresários, e a crônica, sem assunto relevante, destaca todo “cabeça de bagre” como um grande “reforço”, o que na maioria dos casos não é a verdade absoluta.

• Salvo raríssimas exceções, nossos cartolas seguem a mesmice de sempre, gastando fortunas para repatriar jogadores já rodados, quase todos com mais de 30 anos e rumo ao fim de carreira. Pior de tudo é a expectativa que se cria junto à torcida, como se esses jogadores ainda pudessem render no mesmo nível do auge de suas carreiras, há cinco, dez anos atrás, quando foram vendidos para o exterior.

• No voleibol, o que já era esperado se confirmou, com a saída programada do vitorioso e inovador Bernardinho do comando da seleção masculina, dando lugar a Renan, outro ex-grande jogador da década de 80. A vida é feita de ciclos, e neste caso, o de Bernardinho terminou, deixando uma história de glórias e feitos espetaculares. Vida que segue. “Tudo que se passa no onde vivemos é em nós que se passa. Tudo que cessa no que vemos é em nós que cessa”. Fernando Pessoa. (Fecha o pano!)
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