10 de janeiro, de 2017 | 20:10
Usiminas e Sumitomo não chegam a acordo sobre uso de caixa da Musa
Apesar da Usiminas ser acionista majoritária, o uso de 700 milhões de reais do caixa da mineradora precisa da aprovação do conglomerado japonês
Uma assembleia dos acionistas da joint venture Mineração Usiminas (Musa) terminou nesta terça-feira sem acordo sobre uma operação de redução de capital, que poderia render recursos para a Usiminas honrar acordo de refinanciamento assinado no ano passado com bancos credores, de acordo com comunicado da siderúrgica ao mercado no fim da tarde.
A assembleia, que era esperada com expectativa pelo mercado e acionistas do grupo Usiminas, reuniu representantes da Usiminas, que detém 70% Musa, e da Sumitomo Corporation, grupo japonês que detém o restante da mineradora.
Apesar de a Usiminas ser acionista majoritária, o uso de 700 milhões de reais do caixa da mineradora pelo grupo siderúrgico brasileiro precisa da aprovação do conglomerado japonês, que rejeitou a operação.
A assembleia da Musa foi convocada no fim do ano passado e tinha como proposta uma redução de capital social em R$ 1 bilhão. A mineradora tinha, na época, recursos de 1,3 bilhão de reais em caixa. Representantes da Sumitomo Corporation do Brasil se recusaram a comentar o assunto.
Prazos
Pelo acordo acertado pela Usiminas com Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Usiminas tem até junho deste ano para ter em caixa os recursos da mineradora sob risco de vencimento antecipado da dívida.
O acordo com os bancos deu à Usiminas prazo de 7 anos para pagamento de dívidas de cerca de 6,3 bilhões de reais após três anos de carência.
A Usiminas disse no comunicado divulgado hoje que vai buscar a anulação do voto da Sumitomo por vias legais” e que o veto da Sumitomo constitui abuso de direito ( )não devendo, portanto, produzir quaisquer efeitos jurídicos”.
A Ternium, que divide o bloco de controle da Usiminas, divulgou no começo da noite uma nota com o seguinte posicionamento acerca da decisão de hoje:
"'A Ternium vê com preocupação a postura unilateral da Sumitomo que, apesar de ser sócia minoritária da Mineração Usiminas (MUSA) com 30%, vetou a redução de capital da MUSA. Com a decisão, a Usiminas fica impedida de ter acesso imediato a um caixa de R$ 700 milhões, importante recurso para a empresa. Além disso, a redução de capital é um dos compromissos assumidos com os bancos brasileiros e japoneses na renegociação das dívidas em setembro de 2016".
"A Ternium espera que o presidente da Usiminas, Romel Souza, tome todas as medidas necessárias para acessar ao recurso antes do prazo acordado com os bancos. É fundamental que a japonesa Sumitomo leve em consideração que a liberação do recurso é estratégica para a Usiminas, enquanto a subsidiária Musa não tem necessidade de ter esse volume de caixa para desenvolver os seus projetos. Como sócia controladora da Usiminas, juntamente com a japonesa Nippon Steel e a Previdência Usiminas, a Ternium apoia desde o início do ano passado a redução de capital da Musa".
Acordo Usiminas/Sumitomo
Apesar do posicionamento da Usiminas sobre o veto da Sumitomo, documento citado pela agência Reuters afirma que o presidente-executivo da Usiminas, Rômel Erwin de Souza, e o presidente da Musa, Wilfred Brujin, tinham um acerto prévio sobre recursos da mineradora, após a decisão de parada de produção de aço na usina da Usiminas em Cubatão (SP), no início do ano passado.
A parada foi decidida diante do cenário de forte queda na demanda por aço no país. Souza também é presidente do conselho de administração da Musa. (Com agências)
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]