Expo Usipa 2024 02 - 728x90

03 de janeiro, de 2017 | 11:30

Chefes das facções criminosas do AM serão transferidos para presídios federais

Cinquenta e seis é o número oficial de mortos na rebelião que começou na tarde de domingo (1º) e só terminou nesta terça-feira em Manaus

Rabecões recolhem corpos dentro de presídio, no Amazonas Rabecões recolhem corpos dentro de presídio, no Amazonas

A cúpula da segurança nacional desembarcou, em Manaus, um dia após a morte de 60 detentos do Sistema Prisional do Amazonas. Cinquenta e seis foram mortos durante rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) iniciada no domingo, e encerrada na manhã desta terça-feira 3).

Outros quatro presidiários foram mortos no final da tarde na Unidade Prisional do Puraquequara (UPP), também na capital. A comitiva, que chegou à cidade por volta de 20h, é composta pelo ministro da Justiça e Cidadania, Alexandre de Moraes, pelo diretor do Departamento Penitenciário Nacional, Marco Antônio Severo, e pelos secretários Nacional de Segurança Pública, Celso Perioli, e de Justiça, Gustavo Marrone.

Antes de conceder coletiva à imprensa a comitiva se reuniu com o governador do Amazonas, José Melo, e com membros do Comitê de Crise do Estado, coordenado pelo secretário de Segurança Pública, Sérgio Fontes.

Além da liberação dos recursos do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen) na última quinta-feira (29), o ministro anunciou, ainda, ajuda na transferência de presos do sistema prisional do Amazonas para outros estados brasileiros.

"Para os líderes que participaram haverá o pedido de transferência para presídios federais. Aqui colocamos à disposição para a transferência das lideranças e ainda para a identificação dessas lideranças. Colocamos também à disposição do Instituto Médico Legal (IML) todo o apoio técnico e pessoal necessário para acelerar a identificação dos corpos. Vamos reforçar o apoio a segurança pública. Estamos aqui para auxiliar o estado para que o mesmo possa voltar a normalidade", destacou Moraes.

O massacre foi o maior, desde a ocorrência do Caso Carandiru, em 2/10 de 1992, quando uma intervenção da Polícia Militar do Estado de São Paulo, para conter uma rebelião na Casa de Detenção de São Paulo, causou a morte de 111 detentos.

A diferença é que, desta vez, a motivação foi uma guerra interna, entre dois grupos criminosos que comandam os presídios, o Primeiro Comando da Capital (PCC), originário de São Paulo, e a Família do Norte, do Amazonas.

Reforço Nacional

O ministro destacou ainda que o envio da Força Nacional é uma das alternativas disponibilizadas ao Estado. No entanto, o governador José Melo e o secretário de Segurança Pública, Sérgio Fontes descartaram a necessidade de uso dessa estrutura. Para Melo a situação está controlada e todas as medidas cabíveis já foram tomadas.

O ministro Alexandre de Moraes também descartou a movimentação de membros de facções criminosas em outros estados e considerou a situação no Amazonas isolada.

Pela manhã Moraes já havia externado preocupação e disponibilizado ajuda ao governo do Amazonas. O ministro destacou que a situação das penitenciarias no país é prioridade para o governo de Michel Temer e a liberação dos recursos para os estados para a segurança pública será ampliado.

"Pela primeira vez liberamos recursos fundo a fundo. O dinheiro já está em caixa. São R$ 45 milhões para cada estado e desse valor R$ 32 milhões é destinado para a construção de presídios. No Amazonas esse valor vai possibilitar a construção de 1.200 novas vagas em duas penitenciarias somadas às 3.600 vagas que estarão disponíveis ainda este ano. Isso deve solucionar o problema de superlotação que há em todos os estados, não só no Amazonas", reforçou Moraes.

Fuga

Além da rebelião foram registradas 184 fugas no sistema prisional. No Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat), 72 presos fugiram, e no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), 112. Até às 17h de segunda-feira, 40 presos foram recapturados.

No início da tarde cerca de 130 detentos ligados a uma facção criminosa de São Paulo começaram a ser transferidos, na noite desta segunda-feira, para a Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa (CPDRVP), no centro de Manaus. A unidade havia sido desativada em outubro de 2016, mas precisou ser utilizada para abrigar esses presos que estão recebendo ameaças de morte.​
Entrevista na manhã de sexta-feira, anuncia medidas diante de catástrofe humana com repercussão internacional Entrevista na manhã de sexta-feira, anuncia medidas diante de catástrofe humana com repercussão internacional


Corpos em contêiner

O governo do Amazonas anunciou nesta segunda-feira (2) o aluguel de contêiner frigorífico para guardar os corpos dos presos assassinados na rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, porque o Instituto Médico Legal (IML) da capital amazonense não tem capacidade para receber todos os mortos.

Segundo o secretário de Segurança Pública do estado, Sérgio Fontes, pelo menos 60 detentos foram mortos no motim que começou na tarde desse domingo (1º) e chegou ao fim esta manhã, após mais de 17 horas.

O contêiner permitirá que os corpos sejam guardados em condições apropriadas até a conclusão dos exames que identificarão as vítimas e as causas das mortes.

“Vamos alugar um contêiner frigorífico e nos empenharmos para que as necrópsias possam ser feitas o mais rápido possível a fim de produzir provas para o inquérito policial que já foi instaurado”, disse Fontes durante entrevista em que confirmou que alguns dos mortos foram decapitados ou esquartejados.

Assim que a rebelião chegou ao fim e os primeiros corpos começaram a ser retirados do Compaj, parentes de presos foram ao IML em busca de informações. Os portões do instituto foram fechados para limitar o acesso a funcionários e policiais e um grande número de pessoas aguarda na rua.

O total de mortes informado pelo secretário de Segurança Pública contraria as informações preliminares da Polícia Militar (PM), que chegou a divulgar à imprensa local que pelo menos 80 presos foram mortos. Apesar da divergência entre os números, a rebelião no Compaj já é o segundo episódio mais sangrento da história do sistema prisional brasileiro, atrás apenas do Massacre do Carandiru, em 1992, em que 111 detentos foram mortos pela polícia.

Guerra de facções

Ainda de acordo com Fontes, o banho de sangue deste início de ano é resultado da rivalidade entre duas organizações criminosas que disputam o controle de atividades ilícitas na Região Amazônica: a Família do Norte (FDN) e o Primeiro Comando da Capital (PCC). Aliada ao Comando Vermelho (CV), do Rio de Janeiro, a FDN domina o tráfico de drogas e o interior das unidades prisionais do Amazonas. Desde o segundo semestre de 2015, líderes da facção criminosa amazonense vêm sendo apontados como os principais suspeitos pela morte de integrantes do PCC, grupo que surgiu em São Paulo, mas já está presente em quase todas as unidades da federação.
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]
MAK SOLUTIONS MAK 02 - 728-90

Comentários

Aviso - Os comentários não representam a opinião do Portal Diário do Aço e são de responsabilidade de seus autores. Não serão aprovados comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes. O Diário do Aço modera todas as mensagens e resguarda o direito de reprovar textos ofensivos que não respeitem os critérios estabelecidos.

Envie seu Comentário