31 de dezembro, de 2016 | 15:20

Africanos dominam São Silvestre com recorde e disputa acirrada

Na prova feminina, campeã olímpica queniana Jemima Sumgong sobra e vence com recorde; etíope Leul Aleme vence na masculina

Paulo Pinto / Fotos Públicas
92ª Corrida Internacional de São Silvestre:  os vencedores das categorias masculino e feminino, comemora no pódium92ª Corrida Internacional de São Silvestre: os vencedores das categorias masculino e feminino, comemora no pódium

A 92ª edição da Corrida de São Silvestre, com 30 mil corredores, realizada na manhã deste sábado (31) contou com domínio absoluto dos africanos na frente da linha de chegada. Campeã olímpica, a queniana Jemima Sumgong sobrou. Correu praticamente sozinha grande parte do percurso e bateu o recorde ao terminar a prova com o tempo de 48m34 - a marca era de 48m48, da queniana Priscah Jeptoo, em 2011.

Já a prova masculina teve maior disputa, com os etíopes Dawit Admasu e Leul Aleme e o queniano Stephen Kosgei brigando até a reta final. O brasileiro Giovani dos Santos os acompanhou de perto, mas perdeu força na subida da Av. Brigadeiro Luiz Antônio. Ele porém, não desanimou, e chegou comemorando o 4º lugar com "aviãozinho". O etíope Leul Aleme em um sprint superou os competitores e venceu a prova com o tempo de 44m53.

Pouco antes da largada do pelotão de elite feminino, os grupos de atletas amadores se divertiam em grupos de amigos. Alguns juntavam-se poses para fotografias e outros faziam os últimos ajustes nas fantasias para fazer bonito na pista de corrida. Entre eles estava Vânia Oliveira, 64 anos, uma dona de casa que resolveu enfrentar pela terceira vez o desafio de correr os 15 quilômetros da prova.

“Corro há oito anos e tinha a São Silvestre como um grande desafio, corri a primeira, a segunda e agora estou aqui na terceira e espero chegar até o final”, disse ela sorrindo em sua fantasia de palhaço. “Eu vim de palhaço porque essa corrida é mais uma festa, é um encontro de amigos.”

Rogério Favo, 38 anos, de Porto Alegre, veio a capital paulista para participar de sua segunda corrida e escolheu seu personagem preferido, o Chaves, do programa de humor da televisão mexicana. Ao lado dele, outro participante, Edson Carlos Mendes, 53 anos, fantasiou-se do humorista de deputado federal Tiririca. “Eu tinha sério problema de alcoolismo, mas graças a Deus e as corridas estou liberto”, contou ele dizendo que começou nesse esporte em 1983.
O brasileiro Giovani dos Santos comemora, com aviãozinho, o 4º lugar na são silvestre de 2016 O brasileiro Giovani dos Santos comemora, com aviãozinho, o 4º lugar na são silvestre de 2016


Ainda no Metrô, a caminho da avenida Paulista, Valter Costa Júnior, 46 anos, disse que estreou na São Silvestre há dois anos depois de uma aposta com os primos. “Quem falou que eu não conseguiria foi meu treinador da academia porque eu estava meio gordinho”, lembrou.

A prova masculina da São Silvestre em 2016 teve, mais uma vez, domínio africano, com o diferencial de a chegada ter sido emocionante. Somente nos últimos metros, já na chegada, na avenida Paulista, o etíope Leul Gebresilase Aleme apertou o ritmo e se distanciou de outros dois adversários para ganhar a prova, com dois segundos de diferença para o segundo lugar. O melhor brasileiro foi Giovani dos Santos, que repetiu a melhor marca pessoal e foi o quarto colocado.O etíope de 24 anos foi o vice-campeão do ano passado e teve de superar uma dura disputa com o compatriota Dawit Admasu, vencedor em 2014 e segundo colocado agora, e o queniano Stephen Kosgei, terceiro lugar.

Os três estavam lado a lado até Aleme acelerar e superar os outros dois pouco antes da chegada, em um sprint emocionante, com o tempo de 44min52s.Os competidores tiveram de encarar um calor de quase 30ºC, a temperatura mais alta desde a realização da prova pela manhã, o que ocorre desde 2012. O domínio africano aumenta o jejum brasileiro de vitórias na prova masculina, vencida pela última vez por um atleta nacional em 2010, com Marilson Gomes dos Santos.

O resultado de 2016 fez Giovani igualar as marcas de 2012 e 2013, quando também foi o quarto. Nos dois anos seguintes, o mineiro acabou em quinto. Desta vez, terminou a meio minuto do terceiro colocado, com 45min30s como tempo corrigido. Ao contrário da prova feminina, em que o domínio da queniana Jemima Sumgong se deu desde os primeiros metros, no masculino a disputa permaneceu indefinida por mais tempo. Um grupo de brasileiros se revezou na liderança no começo, até um grupo de cinco competidores do pelotão elite se distanciar dos demais.

Nesse quinteto, o mineiro Giovani dos Santos representava o Brasil contra os quatro africanos.Os corredores trocavam de liderança a todo instante. Na temida subida da avenida Brigadeiro Luís Antonio, um dos trechos finais dos 15 km da São Silvestre, o ritmo dos africanos prevaleceu. Giovani perdeu contato com os concorrentes e os três primeiros colocados abriram vantagem. Desses, dois etíopes e um queniano continuaram a correr lado a lado até os metros finais, antes da definição. Os três primeiros lugares cruzaram a linha final com apenas sete segundos de intervalo. Willian Kibor, do Quênia, completou o pódio em quinto.

Campeã olímpica, queniana sobra e vence São Silvestre com recorde
Acostumada a participar de provas maiores, Jemima Sumgong temia a maratona com apenas 15 kmAcostumada a participar de provas maiores, Jemima Sumgong temia a maratona com apenas 15 km

Antes da Corrida Internacional de São Silvestre, a queniana Jemima Sumgong fez charme. Disse que seu histórico vitorioso em longas distâncias não lhe dava a certeza de bom resultado.

O que se viu nas ruas de São Paulo na manhã desta sexta-feira (31/12), porém, foi ela ditando um ritmo fortíssimo, a ponto de vencer com o novo recorde da prova. Sumgong correu a prova toda praticamente sozinha, depois de abrir folga já nos primeiros quilômetros. Mesmo debaixo de muito calor na manhã do último dia do ano e sem nenhuma rival por perto para incentivá-la a acelerar, a queniana completou os 15km da São Silvestre em 48min35s.

O resultado é impressionante porque supera em 0s13 o tempo feito pela também queniana Priscah Jeptoo em 2011. Naquele ano, porém, a prova teve largada na avenida Paulista e chegada no Obelisco do Ibirapuera. Aconteceu em descida, portanto. Métrica mais justa com o tempo anotado por Sumgong é a comparação com o tempo das campeãs dos últimos três anos. Nancy Kipron completou em 51s58 em 2012, enquanto que a etíope Yimer Wude Ayalew marcou 50s43 em 2014 e 54s01 no ano passado.

Em percurso semelhante - houve alterações em algumas ruas no centro -, a queniana foi quase seis minutos mais rápida do que a campeã de 2015.Assim, ela fechou um 2016 praticamente perfeito. Jemima Sumgong tem 36 anos e abriu a temporada em abril vencendo a Maratona de Londres, uma das mais tradicionais do mundo. Depois, nos Jogos Olímpicos do Rio, quebrou um tabu histórico e deu ao Quênia seu primeiro ouro na maratona feminina.Sumgong sobrou, mas a também queniana Flomena Cheyech Daniel também fez grande prova, completando com o tempo de 49min15s,muito mais rápida do que as campeãs recentes.

O pódio ainda teve Eunice Cehbicii (50min26s), queniana que corre pelo Bahrein, a então atual bicampeã Ayalew (51min40s) e a também etíope Ester Chesang Kakuri (51min45s). A melhor brasileira foi Tatiele de Carvalho, representante do Brasil nos 10.000m do atletismo nos Jogos Olímpicos do Rio.
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