29 de dezembro, de 2016 | 10:30

Justiça manda Polícia de Meio Ambiente recolher urubu domesticado

Caso se arrasta desde 2015, quando ipatinguense encontrou filhote de ave em caçamba de lixo

Divulgação
Zulu sabia voar mas, domesticado, preferia o conforto de uma casa do que arriscar-se à incerteza da caça nos ares de IpatingaZulu sabia voar mas, domesticado, preferia o conforto de uma casa do que arriscar-se à incerteza da caça nos ares de Ipatinga

Uma equipe da Polícia Militar de Meio Ambiente esteve na manhã desta quinta-feira, em uma residência da rua Mandacaru, no bairro Esperança, em Ipatinga, para cumprir um mandado de apreensão de uma ave silvestre, da espécie urubu, criada em cativeiro sem a licença dos órgãos ambientais.

Trata-se do caso do Zulu, um urubu-de-cabeça-preta (Coragyps atratus), encontrado por uma mulher, quando ainda era filhote, no fim de 2014, dentro de uma caçamba de recolhimento de entulhos. Ninguém sabe como o filhote foi parar na caçamba de lixo, mas a boa ação da mulher acabou gerando uma grande polêmica, conforme publicado pelo Portal Diário do Aço em 2015.

Na época, a ipatinguense Lúcia de Oliveira Fonseca, de 49 anos, morava no bairro Canaã e levou o filhote para casa, onde o alimentou por quatro meses. A ave cresceu e a mulher foi denunciada, por vizinhos, à Polícia de Meio Ambiente, por criar animal silvestre em casa, sem autorização legal. Depois disso, mudou-se para o bairro Esperança.

Comandante da PM de Meio Ambiente em Ipatinga, o tenente PM Átila Porto conta que, em 12 de março de 2015, a mulher foi presa e autuada na Delegacia de Polícia Civil, por crime ambiental. Dada a dificuldade para se encaminhar a ave a um local adequado à sua readaptação à natureza, Zulu foi mantido na casa de sua criadora, designada como fiel depositária.
Ave, agora com dois anos, será encaminhada para readaptação em um centro especializado, conforme ordem judicial Ave, agora com dois anos, será encaminhada para readaptação em um centro especializado, conforme ordem judicial


O caso foi parar na Justiça da Comarca de Ipatinga. O processo tramitou até agora, quando houve a ordem para recolher o urubu e o seu posterior encaminhamento a um local apropriado para readaptação à natureza.

O oficial da PM alerta às pessoas que, ao encontrar um animal silvestre, o correto é acionar os órgãos ligados à proteção do meio ambiente, no caso, o Instituto Estadual de Florestas ou Polícia Militar de Meio Ambiente, para que façam a captura e encaminhem para um local adequado. “Manter animal silvestre em casa, ainda que bem tratado, é crime previsto na Lei 9.605 de 12 de fevereiro de 1998 (Lei de Crimes Ambientais), que determina as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente”, acrescenta Átila Porto.

Como o urubu Zulu está com grau máximo de domesticação, o tenente Átila Porto explica que o animal terá de ser encaminhado a um centro especializado em manejo de aves, para que aprenda a sobreviver sozinho, na natureza.

Zulu sabia voar, mas preferia ficar na casa
Policiais de Meio Ambiente cumpriram ordem judicial na manhã desta quinta-feira, 28 Policiais de Meio Ambiente cumpriram ordem judicial na manhã desta quinta-feira, 28


Na residência da criadora, no bairro Esperança, policiais de meio ambiente confirmam, na manhã desta quinta-feira (28) que Zulu e a mulher tinham grande afinidade.

A ave não tinha nenhum sinal de maus tratos e, supostamente, era bem alimentada. “Só não podemos dizer que o urubu era bem alimentado, porque um animal silvestre nem sempre encontra dentro de uma casa os alimentos dos quais ele precisa e estão disponíveis na natureza. Fora isso, não lhe faltava comida, a ave circulava por toda a casa, inclusive em área aberta. Zulu sabe voar, mas está tão domesticado que se recusava a ir embora”, destaca.

“Esse é um comportamento comum, que ocorre toda vez que as pessoas alimentam animais silvestres. Isso é recorrente em Ipatinga, onde muitos bairros estão muito próximos a áreas de matas. As pessoas precisam entender que alimentar animais silvestres não é uma boa ação. Pelo contrário, prejudica o equilíbrio ambiental”, orienta Átila Porto.



O comandante da PMMAMB também acrescenta que são comuns as ocorrências de pessoas presas no Vale do Aço por causa dos crimes previstos na Lei 9.605/1998.

“Encontramos com maior frequência pássaros como o canário da terra, trinca-ferro, entre outros, e também aves. Às vezes encontramos mamíferos, mas com menor frequência. O infrator estará sujeito à prisão, condução para a delegacia e ainda responder processo na Justiça, como é o caso dessa senhora, que criava o urubu em casa”, conclui o oficial.

Lúcia de Oliveira Fonseca, quando o caso veio à tona em 2015 Lúcia de Oliveira Fonseca, quando o caso veio à tona em 2015

Criadora e o Zulu mantinham grande afinidade e ele circulava por toda a residênciaCriadora e o Zulu mantinham grande afinidade e ele circulava por toda a residência
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Comentários

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Rafael

05 de janeiro, 2017 | 16:22

“Caralho, por essas e outras eu saí de Ipatinga, não só aí mas o Brasil está uma zona por causa disso.
Enquanto isso tem gente estuprando, matando e roubando, PAÍS DE MERDA, POLÍTICOS VERMES.”

Danilo

30 de dezembro, 2016 | 22:20

“eu acho um puta sacanagem , o passaro e silvestre e vdd , mais nao tem risco nenhum de extinçao . entao deixa o passaro com a senhora que ta bem tratado , e muito bem zelado .”

Marcos Guimarães

30 de dezembro, 2016 | 22:10

“É de fato o fim da picada ( ou o começo dela). A grande crise, é porquê a Ave não estava registrada, não havia licença, esta nossa amiga não estava pagando o devido imposto para manter o animal em casa. O braço da lei, representado pelos "comedores de coxinha " de plantão correm apressadamente a cumprir a decisão do Juiz. Não se assustem Senhores leitores, é assim que acontece, numa semana, descem o sarrafo em trabalhador da Usiminas, na outra cumprem uma ordem sem sentido. Enquanto esculacham trabalhador, os mortos estão sendo empilhados em toda a região. Os poderes não tem algo mais importante a fazer não?”

Marcelo Henrique da Silva

30 de dezembro, 2016 | 12:56

“Parabens a Justiça, e por isso que nosso Brasil ta essa zona ai, pegar o animal que tava no lixo pra cuidar ninguem quer ne, agora que o animal ta bem tratado vao eles tirar o animal do ambiente dele onde ja esta situado e sendo bem tratado, tanta coisa mais importante pra julgar e vai tirar o animal dessa mulher. LAMENTAVEL ESSA ATITUDE, SUA DECISAO NAO ME REPRESENTA.”

Tanisa

30 de dezembro, 2016 | 01:22

“prender caçador de onça ninguem quer né.”

Preto

29 de dezembro, 2016 | 17:32

“O Brasil vai para a onde, um monte de bandidos na rua e as nossas altoridades preucupa com o urubu que está sendo bem tratado pela sua dona é mesmo o fim dá picada.”

José Geraldo de Assis

29 de dezembro, 2016 | 13:30

“Será que a justiça ou polícia não tem nada pra fazer?
Sugestão de trabalho para ambas: Que tal por os mandantes do assassinato do jornalista Rodrigo Neto na cadeia.”

Miqueias

29 de dezembro, 2016 | 11:24

“Assaltantes, assassinos, traficantes, gente de toda espécie praticando crimes que agridem a pessoa e o patrimônio de milhares de pessoas de bem em todo lugar no Vale do Aço e em Ipatinga tem quem se preocupe em punir a criadora de um URUBU? Está tudo errado mesmo. Misericórdia, gente!!!!”

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