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27 de dezembro, de 2016 | 05:41

Desaparecimento de brasileiros nas Bahamas completa 24 dias

Grupo tentava entrar nos Estados Unidos pelo Mar do Caribe, mas desapareceu. Familiares preferem acreditar que parentes estejam presos

Buscas realizadas há duas semanas ainda não encontraram destroços de embarcação e naufrágio ainda é dúvida Buscas realizadas há duas semanas ainda não encontraram destroços de embarcação e naufrágio ainda é dúvida

O Ministério das Relações Exteriores confirma que está sem informações sobre 19 brasileiros que desapareceram depois de deixar as Bahamas, na América Central, rumo aos Estados Unidos. Eles queriam entrar ilegalmente nos EUA, conforme informou o Itamaraty no domingo, 25, e estariam em um barco com pessoas de outras nacionalidades. Até o momento, não há informações sobre naufrágio ou qualquer forma de detenção.

Procurada pelo Diário do Aço na tarde dessa segunda-feira (26), a assessoria de imprensa do Itamaraty informou que, até ontem, inexistiam informações da localização dos brasileiros. “Assim que tivermos informações sobre os brasileiros, estaremos avisando por meio de uma nota”, afirmou um assessor.

Entre os brasileiros, que estão nos Estados Unidos, a possibilidade de os conterrâneos se encontrarem presos não está descartada. A Guarda Costeira de Miami tem feito buscas na área mais próxima da costa, mas nada foi reportado pelas autoridades. A embaixada brasileira em Nassau e o consulado brasileiro em Miami, nos Estados Unidos, alegam que atuam no caso, mas também estão em busca de informações. O grupo estaria desaparecido desde 6 de dezembro.

Por se tratar de um caso ainda em apuração, o Itamaraty não divulgou nem confirmou a identidade dos desaparecidos. O governo brasileiro ressaltou que está em contato permanente com todos os familiares para tentar localizá-los. O desaparecimento deixou apreensivas várias famílias, sobretudo da região de Governador Valadares.

Familiares de alguns dos imigrantes brasileiros que o Itamaraty tenta localizar se recusam a falar sobre o caso. Elas têm medo dos coiotes, como são conhecidos os intermediários que cobram para levar, sempre de forma ilegal, quem encontra dificuldades em chegar aos Estados Unidos pelas vias normais. O medo das famílias não é por acaso. Os coiotes são conhecidos pela forma truculenta como tratam os "clientes". Exigem silêncio e têm por método ameaçar parentes dos que foram levados para os Estados Unidos, principalmente por causa de dívidas com as despesas de viagem.

Relatos
Desde a sexta-feira (23), o desaparecimento dos brasileiros é tratado por jornais nos Estados Unidos, que publicam informações sobre imigrantes brasileiros. Familiares de um dos mineiros desaparecidos nas Bahamas, relataram ao site leiaquibrasil.com, da Brazilian News Agency, com sede na cidade de Boston, que uma embarcação com 19 passageiros partiu, provavelmente de Nassau com destino a Miami, na Flórida, distante 80 quilômetros pelo mar, no dia 6 de dezembro e, desde então, ninguém mais soube notícias das pessoas. “Se estivessem presos autoridades já teriam comunicado ao consulado brasileiro mais próximo”, relatam familiares, desesperados com a situação.

Os brasileiros foram identificados graças aos contatos com familiares. Entre eles estão, Márcio Pinheiro de Souza, natural de Sardoá (MG), Renato Soares de Araújo, de Virginópolis (MG), Arlindo de Jesus Santos, de Rondon do Pará (PA) Bruno Oliveira Souza, Reginaldo Ferreira Martins, Diego e mais treze cuja identidade e procedência ainda não estão devidamente apurados. Indícios mostram que a maioria saiu de cidades mineiras do Leste, e outros, do Pará e Rondônia.

Riscos na alternativa de travessia pelo mar do Caribe

Com as constantes ocorrências de crimes, na travessia pelo México, as Bahamas, arquipélago a 80 quilômetros do litoral da Flórida, são um popular destino turístico no mar caribenho, usado como "pano de fundo" por imigrantes que querem entrar nos Estados Unidos. O desânimo sobre a situação no Brasil e a falta de informações sobre os riscos da travessia marítima estão por trás do aumento nas tentativas de migração pelo mar, diz o advogado brasileiro Alexandre Piquet, que atende imigrantes na Flórida há 16 anos, em entrevista à BBC Brasil.

Alexandre afirma que pequenos grupos de brasileiros têm migrado aos Estados Unidos em embarcações que partem das Bahamas há muito tempo, mas desde o fim do ano passado o fluxo se intensificou.

A dinâmica da travessia exige uma viagem de avião até às Bahamas, que não exigem vistos de entrada de brasileiros para viagens de turismo de até 15 dias e, de lá, tentam chegar aos Estados Unidos em navios ou barcos clandestinos. Além de enfrentar os 80 quilômetros de mar, a fiscalização estadunidense é rigorosa na rota e as prisões de imigrantes ilegais são frequentes.

A alternativa, mais conhecida, é a travessia pelo México. A mais recente vítima dessa tentativa foi Jefferson Eduardo de Oliveira, de 20 anos, natural da cidade de Sobrália, no Colar Metropolitano Vale do Aço. Encontrado morto à margem do Rio Grande, na cidade fronteiriça de Nuevo Laredo, no México, no dia 12 de novembro, o corpo de Jefferson foi sepultado dia 5 de dezembro, em solo mineiro.
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