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15 de dezembro, de 2015 | 20:00

Violência assusta moradores do Bom Retiro

Pontos de venda e consumo de drogas foram multiplicados, assaltos a estabelecimentos são frequentes, entre outras ocorrências


IPATINGA – Ao percorrer o centro comercial do bairro Bom Retiro, não é difícil localizar quem tenha sido vítima de assaltos nos últimos seis meses. Moradores e comerciantes do bairro relatam que a violência aumentou, assustando a todos. A ação de criminosos ocorre até à luz do dia. À noite, praças, coretos e becos de acesso às ruas sem saída são ocupadas por usuários de drogas e traficantes. Conforme os moradores, paira um clima de insegurança em todo o bairro. Na madrugada de segunda-feira (14/12), um homicídio registrado na comunidade aumentou a apreensão de todos.

Proprietário de uma loja de roupas sediada há 13 anos na avenida Fernando de Noronha, Riam Silva Graciano conta que, no mês passado, seu estabelecimento foi alvo de dois atentados noturnos em menos de 10 dias. No primeiro, quebraram a porta de vidro da loja. No segundo, arrombaram a porta colocada no lugar. “Cerca de 150 peças de roupa foram levadas. Entre R$ 15 e R$ 20 mil de perdas”, lamenta. Agora, ele colocou uma grade reforçada à frente do estabelecimento.

O farmacêutico Fabiano Soares Martins relata que a drogaria onde trabalha foi alvo de assaltos por três vezes somente nesse ano, sempre entre 19h e 21h30. Em uma das ações, o vidro do caixa foi estilhaçado por um dos assaltantes. A farmácia que funcionava até às 22h, agora fecha as portas às 21h. “Mês passado tivemos pelo menos seis assaltos aqui na avenida (Fernando de Noronha). Estudantes do Unileste também são vítimas ao saírem da aula, além de ciclistas no passeio. Se tornou corriqueiro”, cita.

Wesley Rodrigues


Avenida Fernando de Noronha Bom Retiro Centro Comercial


Sebastião Mendes de Sá está há 35 anos no bairro e administra uma tradicional padaria do Bom Retiro. O estabelecimento dele também já atraiu os bandidos. “Às vezes nem damos queixa. O Bom Retiro é um dos melhores bairros da cidade para morar. Agora, a violência tem crescido, a exemplo de outros lugares”, pontua.

A universitária Bruna Marques foi assaltada por volta de 12h. Ela parou a bicicleta para atravessar um trecho de tráfego movimentado na entrada do Bom Retiro, quando um motociclista parou e o carona a abordou, levando seu aparelho celular e os pertences. “Não ando mais com celular na bolsa. O notebook que precisava levar para a aula já não levo mais”, conta.

O bairro, de classe média, é uma área de bares e um atrativo noturno de entretenimento em Ipatinga. “Aumenta a população, aumentam os marginais e a polícia não tem condições de olhar tudo”, diz Geraldo Monteiro, morador do bairro há 53 anos. O comerciante Marcone Mendanha, dono de uma papelaria existente há 40 anos no bairro, lamenta, por sua vez, a multiplicação de pontos de consumo de drogas no Bom Retiro, em especial o crack, e entende que o tema é um desafio à atuação da polícia, dadas as brechas deixadas pelo Legislativo e Judiciário brasileiros. “No geral, ainda temos o privilégio de um bairro tranquilo em comparação a outros, mas não se tem mais a tranquilidade de abrir o portão e sentar na calçada”, comenta.  

Wesley Rodrigues


Avenida Fernando de Noronha Bom Retiro Coreto


Uma reivindicação dos entrevistados é o aumento do policiamento no território e a instalação de um posto comunitário da PM na área. A base de apoio da PM mais próxima do Bom Retiro fica no Horto e se restringe a rotinas administrativas dos militares.

Patrulhamento

O comandante do policiamento responsável pelo Bom Retiro, tenente Johne Soares, reconheceu que há muitas reclamações de moradores e comerciantes quanto ao clima de insegurança no bairro. O oficial afirmou que a PM intensificou as operações no setor; o cenário de violência está “sob controle”; e “há uma redução na incidência criminal”. “O que aconteceu foram alguns fatos que elevaram a sensação de insegurança”, mencionou.

O PM informou que o posto policial do bairro Horto é destinado somente à confecção de ocorrências e para dar suporte às pesquisas dos militares. Johne Soares frisou, no entanto, que o Bom Retiro e Imbaúbas “têm policiamento 24 horas” e uma viatura é dedicada diuturnamente ao patrulhamento de toda a área. Ainda assim, as ações são intensificadas no bairro, especialmente no período natalino. 

O representante da corporação alega que o perfil de assaltantes no bairro Bom Retiro é, em geral, de adolescentes em conflito com a lei e que vêm de outras cidades, principalmente de Coronel Fabriciano. Para o policial, a realidade dos menores infratores “é um problema endêmico”. Ele encerrou orientando às pessoas a não reagirem aos assaltos e acionarem a PM, pelo 190 ou 181, ao perceberem situações suspeitas ou indivíduos estranhos à vizinhança. 


SOBRE O ASSUNTO:

Assassinato no Bom Retiro - 14/12/2015

Loja de rede de drogarias é assaltada no Bom Retiro - 11/11/2015

Posto atacado no Bom Retiro - 23/06/2015

Sequestro relâmpago no Bom Retiro - 01/06/2015

Posto é assaltado no Bom Retiro - 03/05/2015

Assalto aos Correios no Bom Retiro - 15/04/2015
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