14 de agosto, de 2015 | 21:50

Rombo de R$ 4 milhões em fábrica de colchões vira caso de polícia

Três funcionários são acusados de envolvimento em roubos, negam e vão ao IML fazer exame de corpo de delito


DA REDAÇÃO - Três trabalhadores de uma fábrica de colchões, localizada no bairro Vale Verde, em Ipaba, foram ao Instituto Médico-Legal de Ipatinga esta semana fazer exame de corpo de delito. Dois deles tem hematomas pelo corpo e alegam que foram agredidos. Uma funcionária reclama que foi mantida em cárcere privado. A reportagem do Diário do Aço foi apurar o caso e chegou a uma situação inusitada. As pessoas são acusadas de um rombo nas contas da empresa, que entrou em recuperação judicial.

 

O caso veio à tona depois que a Polícia Militar de Ipaba foi acionada com a informação da ocorrência de cárcere privado, na empresa, no fim da tarde de segunda-feira, 11/08. Ao chegar ao local, policiais militares encontraram a funcionária do setor administrativo, S.R.F., de 46 anos, o encarregado de produção, A.D.S., de 46 anos e o ex-funcionário J.R.M., mantidos no interior da fábrica com o portão trancado e cercados por seguranças.  
Wellington Fred


caso da fábrica


 

A mulher relata que estava de licença por causa do falecimento do seu pai e foi chamada em casa para prestar esclarecimentos, mas ao chegar ao local de trabalho foi submetida a uma série de questionamentos por parte do segurança M.S.A., de 48 anos. 

A mulher alega que foi empurrada contra a parede e, para escapar da sala, teve que quebrar a vidraça de uma janela e passar a gritar por socorro. O marido dela, que estava do lado de fora, percebeu e chamou a polícia. 

Já, A.D.S. e J.R.M. foram trancados em salas separadas. Eles apresentam marcas de agressão na parte superior do corpo. Na presença da polícia, evitavam falar sobre o assunto na terça-feira.

 

No IML, onde fez exames no dia 10 de agosto, o encarregado A.D., de 46 anos, contou ao Diário do Aço que trabalhava na empresa havia oito anos. Na hora do café, por volta das 15h10 de segunda-feira, 10/08, foi chamado para uma reunião. No escritório, foi cercado por homens que ele nunca tinha visto antes. “Eram pessoas de fora da empresa, que logo anunciaram que a ‘a casa caiu’ e que eu deveria confessar. Alegaram que houve um rombo muito grande na empresa. Começaram a repetir que a ‘a casa caiu’ e um deles me deu duas chicotadas. Se não tivesse levantado o braço os golpes atingiriam meu rosto”, relatou A.D.S. 

Wellington Fred


caso da fábrica


 

O funcionário explicou que a “reunião” durou até as 18h10, quando ele e outros dois colegas foram libertados com a chegada da Polícia Militar. “De lá fomos para a Delegacia de Polícia, de onde saímos depois de 1h da manhã de terça-feira. Espero justiça, porque sou trabalhador e não preciso roubar para tratar de minha família. Meu patrão me conhece, ele esteve lá depois das agressões, mostrei para ele o tinha ocorrido comigo e ele me perguntou o que poderia fazer para recompensar”, concluiu. 

 

Empresa em recuperação judicial

 

“A empresa está falida”. Com essa declaração, o proprietário Douglas Alvarenga Fernandes abriu a entrevista que permitiu à reportagem conhecer a versão da empresa, no dia 13 de agosto. Douglas Alvarenga Fernandes, na presença de um advogado, recebeu a reportagem do Diário do Aço e da TV Cultura Vale do Aço para a entrevista.

 

O industrial confirmou que toda a sua fábrica de colchões sofre com os efeitos de fraude, estelionato e roubo praticado por um grupo de funcionários. O prejuízo é calculado em R$ 4 milhões. A empresa tenta identificar quem são os responsáveis pelos danos e já têm suspeitos. 
Wellington Fred


caso da fábrica


 

Por causa das dificuldades criadas, de um total de 60 funcionários, foram demitidos 40 e agora menos de 20 trabalham no local. Além disso, a empresa está sob auditoria do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e, se não conseguir a certificação para a fabricação de colchões de espuma, terá que fechar as portas.

 

Douglas Alvarenga afirma que, no fim de 2014, passou a desconfiar das irregularidades, com problemas que começaram a surgir. Ele admite que, por acreditar que era assessorado por pessoas competentes e fiéis, não aprofundou nenhuma investigação.

 

Os problemas se agravaram com o travamento de contas, boletos que deixaram de ser pagos, veículos alienados, a empresa foi parar no Serasa e a matéria prima faltou na linha de produção. Foi aberta uma auditoria e descoberto o estrago sem volta, relata o empresário. 

 

Agressões

 

Quanto à acusação de agressões, feitas por três funcionários chamados para explicar sobre os roubos na fábrica, Douglas explica que na segunda-feira, 10 de agosto, J.R.M. foi chamado para prestar esclarecimentos. Douglas Alvarenga afirma que o ex-funcionário acabou por fazer revelações sobre desvios de recursos e apontou os colegas supostamente envolvidos. O empresário disse que teve de sair do local para buscar um consultor do Inmetro. Foi quando houve um tumulto e a polícia foi chamada.

 

Douglas Alvarenga nega que tenha havido agressão contra os funcionários. “Se algum deles apareceu com hematoma, desconheço a origem agressão. Como ia levar pessoas para dentro da minha empresa e fazer uma coisa dessas, com vários funcionários trabalhando lá dentro?”, questionou o empresário. 

Por fim, Douglas Alvarenga afirma que há indícios da participação dos três envolvidos na ocorrência policial nos desvios que colocaram a fábrica de colchões em dificuldades no bairro Vale Verde, em Ipaba.

 

Investigação 

A suspeita de agressão dos funcionários está sob investigação na Delegacia de Polícia Civil, sem prejuízo da outra investigação sobre acusação de fraude por parte dos suspeitos. O caso também deverá ser apurado pelo Ministério Público do Trabalho.

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