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22 de junho, de 2014 | 00:00

Dependência tecnológica preocupa

Hebiatra alerta sobre os efeitos do uso abusivo da Internet por crianças e adolescentes


IPATINGA – Assim como a maioria dos colegas, Kayla Ferreira (9), já tem um perfil no Facebook. A interação virtual com os amigos, os jogos e aparelhos eletrônicos são parte da rotina - cenário comum nessa faixa etária. “Mas, minha avó fica sempre ao meu lado me monitorando e só posso ficar por pouco tempo”, diz a criança. Na casa da estudante do 3º ano do Ensino Fundamental, a disciplina com o entretenimento cibernético é coisa séria: não mais que uma hora por dia e sempre com um adulto por perto.

Se para muitos, foi-se o tempo em que as crianças jogavam bola, pulavam corda, amarelinha, pique-pega, esconde-esconde e bonecas, para Kayla as tradicionais brincadeiras permanecem. “Quero que ela tenha uma infância saudável, de fato”, diz a avó, a pedagoga Vanda Solange Cruz, 49.

Vanda está preocupada com a atual substituição dos velhos moldes da infância pelo universo tecnológico. “Vejo muitas crianças que passam o dia na internet, no celular ou videogame e isso é preocupante. Conhecidos inclusive me perguntam ‘mas ela não está velha para brincar de boneca?’. Pois a estimulo que tenha brincadeiras sadias com os amigos, fora do computador”, ressalta a também agente de saúde. 

A conduta de Vanda e o monitoramento das atividades da neta na internet é o comportamento aconselhado por especialistas que lidam com o assunto. A médica pediatra, hebiatra e psiquiatra Sigrid Campomizzi Calazans, da clínica Monte Sinal, em Ipatinga, faz um alerta à dependência tecnológica de crianças e adolescentes. Ela informa que o estilo de vida puramente “high tech” da meninada, atualmente, tende a comprometimentos psicológicos e físicos, como o sedentarismo e a obesidade infantil.

“Temos estudos desenvolvidos nos Estados Unidos, por exemplo, que mostram que uma das principais causas de obesidade na infância e adolescência são o computador, a televisão e o videogame. Ao invés de o menino caminhar, correr ou jogar bola ou fazer atividades físicas, ele fica somente no computador ou videogame”, cita Calazans.

Wesley Rodrigues


Sigrid Campomizzi Calazans
A médica salienta que a Internet tem sua relevância indiscutível na sociedade contemporânea, mas o uso abusivo de redes sociais pode levar ao déficit de atenção, à queda vertiginosa das notas escolares e comprometimentos emocionais. “É muito importante em quaisquer fases da vida, especialmente na infância e adolescência, ter um contato real com as pessoas, e não virtual. O relacionamento interpessoal faz crescer, amadurecer e é fundamental na vida, de uma forma real, ressalto, e não apenas virtual”, observa.

E aos pais e responsáveis cabe o monitoramento dessa faixa etária, onde o desenvolvimento obtido implicará nas demais fases da vida. “Baseado em autores que estudam o tema e em pesquisas sérias, recomendamos que o adolescente não deve ficar mais de uma hora por dia no computador usando ferramentas de lazer. Claro, se for um trabalho escolar, tudo bem extrapolar um pouco. E, no fim de semana, duas horas por dia. Muitos adolescentes acham pouquíssimo tempo, mas pode ser um sinal de que (eles) já começaram a desenvolver uma dependência da Internet”, pontua a hebiatra.

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