Expo Usipa 2024 02 - 728x90

23 de abril, de 2014 | 00:00

Centenária à procura de irmão gêmeo

Idosa quer resgatar a principal lembrança que ficou no município de origem


IPATINGA – Moradora do bairro Planalto II, Ana Maria Pereira tem 104 anos. Nascida em Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, a idosa busca por notícias do irmão gêmeo chamado Geraldo, que não vê há pelo menos 90 anos. Forte e bem lúcida, “Don’Ana” - como é conhecida - diz ser esse o seu maior desejo atualmente. “Eu quero uma lembrança dele, se casou, se teve filhos e onde estão, enfim, uma notícia ao menos”, diz a idosa.

A história de Don’Ana foi apresentada por Valéria Pereira e Regiane Cristina Miranda, agentes da Unidade de Saúde do bairro que cuidam da idosa. Ana Maria nasceu em 1º de janeiro de 1910, e comprova o fato mostrando os documentos pessoais. Em Araçuaí, ela recorda bem o endereço onde cresceu: foi na rua São José, próximo à Igreja Matriz, no Centro da cidade. Filha de Maria Júlia Pereira, Don’Ana tinha 19 irmãos quando deixou o município. O nome do pai não consta nos documentos.

A forma como ela se separou da família de muitos integrantes traz à tona uma mágoa que ficou no tempo. Ana Maria tinha pouco mais de dez anos, quando um desentendimento, por um pedaço de carne, levou o irmão mais velho a ameaçá-la de morte. Depois de levar uma facada no braço, o que deixou cicatrizes, a então adolescente fugiu de casa. Ela ainda ficou na cidade a tempo de ver o irmão ser morto pelo que fez, conta. A cena, traumática, ela não esquece.

Wôlmer Ezequiel


Família Ana Maria Pereira


A menina, então, subiu em um caminhão de um motorista baiano que passava por Araçuaí e só desceu no município de Teófilo Otoni. Nunca mais houve contato com os parentes. Em Teófilo Otoni, uma mulher a encontrou e a levou para casa para trabalhar nos afazeres domésticos até anos mais tarde, quando perambulou por outros cantos. “E aí lavava roupa para um e para outro, para não morrer de fome e não ficar pelada. Eu já sofri muito”, lembra.

Ana Maria nunca se casou, tampouco teve filhos. Ela se mudou para  Ipatinga antes de completar 40 anos e vivenciou as várias etapas do desenvolvimento do então distrito de Coronel Fabriciano. E trabalhou em diversas companhias e firmas que estavam se instalando no Leste mineiro. Já ambientada na região, Don’Ana passou a cuidar de uma menina, que passou a representar a única família que constituiu. Hoje, ela, inclusive, tem um neto de consideração, sem falar na vizinha, Maria de Fátima da Silva, 53, que faz tudo por Ana Maria e também é tida como parente. “Digo pra ela que ela é minha filha, e o filho dela, meu neto”.

Apesar de tantos irmãos que ficaram na cidade de origem, a saudade maior é do irmão gêmeo. “Ele era o que eu mais gostava. Quando estava no caminhão, ele correu e olhei para ele com tanta tristeza”, lembra a idosa, que não segura o choro. Ana Maria Pereira reside na rua 4, 76, no bairro Planalto II. O contato com a idosa pode ser feito por meio da equipe do Programa Saúde da Família (PSF) que a atende, com as agentes Valéria ou Regiane no telefone (31) 3829-8558.

 

 

[[##410##]]
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]
MAK SOLUTIONS MAK 02 - 728-90

Comentários

Aviso - Os comentários não representam a opinião do Portal Diário do Aço e são de responsabilidade de seus autores. Não serão aprovados comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes. O Diário do Aço modera todas as mensagens e resguarda o direito de reprovar textos ofensivos que não respeitem os critérios estabelecidos.

Envie seu Comentário