12 de novembro, de 2013 | 00:14

Mina é reativada em Antônio Dias

Máquinas cortam a serra da Bucaina em busca do minério de ferro


ANTONIO DIAS – Uma movimentação incomum de máquinas tem chamado a atenção de quem passa pela estrada que beira a linha ferroviária, ou estrada alternativa de São Joaquim da Bucaina, área rural à margem esquerda do rio Piracicaba, a poucos quilômetros do distrito de Cachoeira do Vale, em Timóteo.

É que uma antiga área de mineração, operada pela Extramil até meados dos anos 1980, voltou a operar, agora sob a responsabilidade da GO4 Participações e Empreendimentos S.A., do grupo Bemisa.

As operações da Extramil foram suspensas no passado e a área ficou totalmente abandonada sem qualquer ação no sentido de recuperar a degradação ambiental. O passivo ambiental agora vai virar fortuna.

O projeto deve atingir, em 2015, um pico de produção de dois milhões de toneladas/ano de minério pelo método de lavra a céu aberto. Pesquisas geológicas indicam que a área com ocorrência de minério de qualidade e quantidade chega a 72,67 hectares.

A licença de operação para extração e beneficiamento a úmido de minério de ferro teve parecer aprovado em 18 de dezembro de 2012, na reunião da Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Supram).

Consta no documento que a mina tem capacidade para produção inicial de 300 mil toneladas/ano de minério. O projeto compreende a construção de um posto de abastecimento de combustíveis, unidade de tratamento de minério e até uma estrada para transporte de minério com aproximadamente 5 quilômetros de extensão.

Essa estrada, já em construção, interliga a base de operações da mina, a unidade de tratamento de minério, ao contorno rodoviário da BR-381, com entrada nas proximidades da ponte sobre o rio Piracicaba, no bairro Santa Rita, em Timóteo.

PROJEÇÃO PARA 2015

Alex Ferreira


área mineração


A GO4 é uma das empresas do Grupo Bemisa, responsável pelo projeto da mineradora. A assessoria da empresa, no Rio de Janeiro, informou ao DIÁRIO DO AÇO, na tarde dessa segunda-feira que, após a conclusão da construção da base de operações, a expectativa é que os primeiros carregamentos de minério saiam a partir do primeiro semestre de 2014. A produção inicial será de 300 mil toneladas, mas a meta é de dois milhões de toneladas/ano em 2015.

A produção do minério será destinada ao mercado interno, informa a assessoria da Bemisa, e sem foco em um cliente específico, até o momento. “Há negociação com várias empresas, mas pelo fator logístico, empresas como a Aperam e a Usiminas podem ser clientes potenciais”, acrescentou a assessoria.

Quanto à decisão de reativar a mina a explicação é que, na década de 1980, a mina teve suas atividades paralisadas por causa da baixa cotação do minério do ferro no mercado, mas “atualmente a commoditie atingiu um valor que tornou o negócio viável novamente”, pontua.

Impactos

No relatório analisado pela Supram, a empresa interessada no projeto informou que o empreendimento não se encontra no interior ou entorno de nenhuma unidade de conservação.

Entretanto, o desenvolvimento do projeto vai demandar a supressão de vegetação nativa e plantada, bem como a intervenção em Área de Preservação Permanente (APP), situada no entorno do Ribeirão Cocais Grande, afluente do rio Piracicaba.

 

Expectativas de redenção

Alex Ferreira


Unidade de tratamento de minério


O prefeito de Antônio Dias, José Carlos de Assis (PMDB), avalia que ainda é muito cedo para saber o que vai representar o empreendimento para o município, mas confirma que as expectativas são grandes.

O município, com uma população de 9.783 moradores (estimativa IBGE 2013), é o mais antigo do Vale do Aço, com 307 anos de emancipação e também um dos mais extensos, com aproximados 878 quilômetros quadrados de território. A mais importante fonte de receita orçamentária em Antônio Dias é o Fundo de Participação dos Municípios, insuficiente para as demandas de investimentos em estradas e serviços públicos. A exploração de minério de ferro pode ser a sua redenção.

Embora seja considerado o berço do Vale do Aço, pois seu território já incluiu Coronel Fabriciano e os antigos distritos de Timóteo e Ipatinga, o município ficou fora do processo de desenvolvimento experimentado a partir dos anos 1950 pelos vizinhos.

A atividade econômica predominante em Antônio Dias é o extrativismo vegetal, destinado a atender a indústria de celulose, que cobre vastas áreas de seu território. Entretanto, a atividade gera uma baixa circulação de divisas.

A outra atividade é a geração de eletricidade. Antônio Dias sedia três hidrelétricas: Sá Carvalho e Guilman Amorim (no rio Piracicaba) e Cocais Grande, na Serra de São Joaquim da Bucaina, mas vê pouco resultado econômico disso.  
 

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