19 de outubro, de 2013 | 20:02

CASO MUNIR - Um crime bárbaro no Canaã

Comerciante é encontrado trucidado dentro da loja onde trabalhava e morava. Jovens frios confessam tortura e morte de lojista.


Com atualização -  às 10h16 de 22/10

IPATINGA – Somente no começo da tarde deste domingo a família do comerciante Munir Augusto da Silva, de 50 anos, teve a liberação do seu corpo no Instituto Médico Legal. O velório foi realizado em uma das capelas e sepultado no Cemitério Parque Senhora da Paz.

O lojista Munir Augusto foi vítima da violência sem fim no Vale do Aço, na tarde de sábado (19). Ele foi encontrado morto de forma cruel  dentro da loja São Jose Ferramentas, na esquina da rua Caleb com a avenida Selim José de Sales, no bairro Canaã.

Familiares relatam que, atualmente, Munir morava dentro da própria loja onde trabalhava. No fim do expediente de sábado, uma das irmãs, que mora no mesmo prédio do comércio, passou no estabelecimento e conversou com a vítima. Disse que estava na hora de fechar e saiu.

Por volta das 18h30 familiares desceram e passaram em frente ao comércio, quando perceberam que o cadeado estava aberto.  Ao entrar, depararam com uma cena de terror. O corpo de Munir estava caído completamente destroçado com golpes de ferramentas.

A Polícia Militar foi acionada e, entre  outros fatos, familiares deram pela falta do telefone celular do lojista e do seu carro, um Ford Fiesta hatch, placas JPT-8421.

Reprodução


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A vítima é de uma tradicional família de comerciantes da cidade. Além de ser irmão do proprietário da Casa São José, na entrada do bairro Veneza II, é também primo do presidente da Federação das Associações Comerciais de Minas Gerais (Federaminas), Wander Luis Silva, que esteve no local do crime no começo da noite.

Os assassinos utilizaram dois enxadões e uma pequena foice para matar Munir. As armas foram apreendidas no local do crime. O corpo estava em meio a uma grande quantidade de sangue. 

Munir tinha um casal de filhos, mas atualmente estava separado e morava na loja de sua propriedade.  A polícia trabalha com a hipótese inicial de latrocínio (roubo seguido de morte da vítima).

Em nota, publicada neste domingo, em sua página pessoal, o presidente da Federaminas, Wander Luis, lamentou a morte do familiar: "Final de semana triste,assassinaram meu primo Munir em Ipatinga, com crueldade. Meu pai, Nelcy e o Tio Inho  vieram, ainda jovens, para Ipatinga em 1949. Trabalharam juntos, casaram na mesma época, construiram uma familia linda, foram vizinhos e empresários de sucesso. Que Deus abençoe e conforte nossos familiares", conclui Wander. Veja, abaixo, a entrevista com os autores confessos do crime: [[##307##]]

Assassinos frios e crueldade extrema

No fim da noite deste sábado o caso já caminhava para uma conclusão. Ao investigar o paradeiro de um rapaz, a Polícia Militar chegou até Misael  Pereira de Souza, de 21 anos, que confessou o crime.

Ele foi preso no Parque Ipanema, para onde foi com outros dois participantes da barbárie fumar maconha. Antes, eles abandonaram o carro da vítima no bairro Caravelas.

Em entrevista aos jornalistas Misael Pereira relatou detalhes do crime. Mesmo policiais experientes,  como o sargento Adilsom Pereira, disseram ter ficado assustados com a frieza com que Misael fez o relato.

Além do autor confesso, o crime teve participação de mais duas pessoas, uma delas Shirley Luiza da Silva, de 22 anos, que também foi presa e relatou que enquanto Misael torturava Munir dentro da loja, ela foi para o segundo andar procurar objetos de valor. O outro envolvido é um adolescente de 17 anos, com quem o lojista mantinha um relacionamento. Shirley, inclusive, é namorada do adolescente.

Misael disse que o comerciante se negava a repassar dinheiro e a senha do cartão de banco para eles, por isso foi torturado. "Dei mais de quinze pancadas nele. Arranquei a orelha dele. Nós levamos o carro porque pretendíamos vendê-lo", confessou.

Na entrevista, Shirley disse que está desempregada e precisava de dinheiro, por isso decidiu participar do assalto. Na casa dela, a PM encontrou partes dos objetos roubados da Casa São José.

Misael também confessou que já matou outras três pessoas e que a morte do comerciante era o seu quarto homicídio. "No primeiro eu tinha treze anos", confessou. Ele também disse que já ficou dois anos preso no Ceresp de Ipatinga.

Meia hora de tortura 
Wellington Fred


shirely


"A vítima foi torturada por mais de meia hora, até que recebeu um golpe fatal. Vocês percebaram aqui  a frieza com que os autores agiam", informou o sargento Adilson Pereira.

O sargento também relata como a polícia chegou à confissão dos três: "Primeiro conversamos com a mulher. Ela confessou que namorava com o adolescente e ele tinha um corte na mão e usava uma sandália haviana. Na cena do crime havia vestígio de que alguém tinha usado este tipo de calçado.

O adolescente também confessou, na sede da Companhia da PM, no bairro Canaã, que há três dias havia planejado este crime, com participação de sua namorada, Shirley Luiza e o amigo deles. Misael relatou detalhes do papel de cada um deles no crime", informou.

O policial informou que o caso é tratado como latrocínio, roubo seguido de morte da vítima. Eles esperavam que na loja houvesse muito dinheiro. Como não encontraram, iniciaram a tortura do comerciante.

"Ele pediu pelo amor de Deus, para não fazer aquilo com ele, mas eu fiz. A única coisa que me leva ao arrependimento é saber que eu vou ficar sem minha liberdade", disse Misael, que procurou inocentar a participação do adolescente na tortura e morte de Munir.

 VIOLÊNCIA SEM FIM:

Mais três homicídios no Vale do Aço em menos de 24h - 19/10/2013

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