06 de outubro, de 2013 | 00:05
RMVA já conta onze mulheres assassinadas em 2013
Sete anos após a criação da Lei Maria da Penha, mulheres permanecem como vítimas de seus companheiros
IPATINGA Dados divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica (Ipea) revelaram que, desde a criação da Lei Maria da Penha, em agosto de 2006, o número mortes e agressões contra mulheres aumentou em todo o Brasil. Conforme dados do Ipea, no período de 2001 a 2011, ocorreram cerca de 50 mil feminicídios no Brasil, o que corresponde a aproximadamente 5 mil mortes de mulheres por ano. Trata-se de uma realidade que atinge, também, o Vale do Aço, onde onze mulheres foram assassinadas somente este ano.
Mesmo com a criação da Lei Maria da Penha, a realidade não mudou. Em 2006, a taxa de mortalidade por 100 mil mulheres foi de 5,02 e caiu para 4,74 em 2007. Porém, após esse período, o número de feminicídios voltou a crescer, chegando a 5,43 casos.
A titular da Delegada de Mulheres em Ipatinga, Amanda Pereira Morais, em entrevista ao DIÁRIO DO AÇO, explicou que a maioria dos casos de agressão e homicídios contra mulheres são decorrentes de violência doméstica. Os agressores, quase sempre, são maridos ou namorados, e as motivações são sempre as mesmas, relacionadas ao álcool e as drogas. É o companheiro que chega em casa sobre efeito de álcool e drogas, discute com a mulher e acaba partindo para a agressão, que em alguns casos se agrava e leva a morte”.
Onze feminicídios na RMVA só este ano
Um balanço feito no arquivo do DIÁRIO DO AÇO mostra que de janeiro a setembro deste ano, 11 feminicídios foram registrados na Região Metropolitana do Vale do Aço (RMVA). O número já é igual ao consolidado de 2012, quando 11 mulheres foram assassinadas entre janeiro e dezembro nas quatro cidades da região, Ipatinga, Coronel Fabriciano, Timóteo e Santana do Paraíso.
Para a delegada de Mulheres, Amanda Pereira Morais, o índice de agressões e mortes na RMVA não é baixo, mas se for comparado a outras regiões, está controlado. É um número não satisfatório, já que o ideal seria que a gente não tivesse agressão contra mulheres. Mas os casos acontecem, quase sempre, por questão de saúde pública, como por exemplo, o vício do crack. A maior parte das nossas ocorrências está ligada aos usuários de drogas”.
Amanda Morais explicou que não só a agressão física é considerada violência. Há também a agressão psicológica, patrimonial e sexual, todas abrangidas pela Lei Maria da Penha abrange. A forma mais comum sempre foi à agressão física, com tapas, socos. Mas se a mulher foi agredida verbalmente ela também pode procurar a Delegacia de Mulheres, e dependendo dos casos a ofensa é considerada como injuria”.
Prevenção
A delegada informou que as mulheres não têm mais receio em procurar a polícia e denunciar o agressor. Para Amanda Morais, isso ocorre em função dos benefícios que a Lei Maria da Penha trouxe. A Lei Maria da Penha permite a prisão em flagrante, independente da pena aplicada ao crime. Se o agressor for denunciado por violência física, psicológica ou sexual, devido a Lei, ele será preso em flagrante, sem direito a benefícios de transação penal e pagamento de cesta básica. Pode ser arbitrada fiança, mas se o agressor não pagar, ele não sai da cadeia, e esse é um grande avanço a mulher”.
Amanda Morais afirmou que a Lei não evita a ocorrência de crimes contra mulheres, mas permite que agressor seja ou preso ou afastado da vítima. É importante que as mulheres denunciem. Uma vítima de agressões que entra em contato com a polícia pode evitar uma fatalidade”.
A delegada explicou que a partir do momento que é feita a denúncia de agressão, é instaurado um inquérito e caso necessário, o juiz solicita uma medida protetiva. Existem mulheres que desrespeitam a medida e voltam a procurar seus companheiros, o que é errado, já que a vítima fica vulnerável a outras agressões. Porém, há aqueles agressores que temem a Lei e não se aproximam da vítima após a aplicação da medida protetiva e sabem que se descumprirem, serão presos”.
Para a delegada não há uma maneira de evitar feminicídios ou casos de agressão a mulheres. Apesar do suporte dado pela Lei e pela Delegacia de Mulheres, não podemos ficar ao lado das vítimas todo o tempo e nem mesmo prever quando o crime ocorrerá”.
Conforme apontou Amanda Morais, as mulheres devem evitar relacionamentos com homens agressivos e que tenham envolvimento com drogas ilícitas e o álcool. Além disso, é fundamental entrar em contato com a PM quando a agressão ocorre e em seguida se dirigir a Delegacia de Mulheres para fazer a denúncia. Caso a polícia consiga prender o agressor, ele será conduzido à delegacia e se possível será preso em flagrante”.
O QUE JÁ FOI PUBLICADO:
Delegacia de Mulheres promove a campanha Diga Não À Violência” - 07/05/2013
MAIS:
Educação é um direito de todos - 06/10/2013
Assaltante que furtou até escova de dentes é preso - 06/10/2013
Curta:
Diário do Aço no Facebook
Twitter: @diarioaco
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]