27 de agosto, de 2013 | 09:54

Prisão perpétua para ipabense

Pedreiro escapa do corredor da morte mas ficará a vida toda na prisão


OMAHA – Um painel de três juízes anunciou esta semana a pena de prisão perpétua para o ipabense José Carlos Oliveira Coutinho, julgado culpado pela morte de uma família de Santa Catarina, que fazia um trabalho missionário nos Estados Unidos. O brasileiro poderia se tornar o 12º homem a entrar no corredor da morte do estado de Nebraska, Estados Unidos e a decisão dos juízes, de condenar José Carlos à prisão perpétua, foi uma surpresa para muitas pessoas que acompanhavam o caso.

José Carlos foi considerado culpado, pelo Júri Popular, no mês de abril deste ano, quando sentou-se no banco dos réus para responder por homicídio triplamente qualificado no 17 de dezembro de 2009, quando foi morta uma família de missionários brasileiros da igreja Assembleia de Deus, nos Estados Unidos.

Insatisfeito com o salário que recebia, pelo trabalho na reforma de uma escola que seria transformada em centro missionário, José Carlos Oliveira Coutinho foi acusado de tramar, com outros dois ipabenses, a morte do patrão, Vanderlei Szczepanik e a mulher dele, Jaqueline Szczepanik, além do filho do casal, Christopher Szczepanik, de 7 anos.

Filha de Jaqueline, a brasileira Tatiane Klein, que acompanha desde 2010 o caso em Omaha, disse que estava aliviada: "Eu tenho que tomar isso e seguir em frente com minha vida. Justiça foi feita", disse Klein.

Dos três corpos, jogados no rio Missouri, apenas a ossada de Christopher foi encontrada depois que um dos acusados, Valdeir Gonçalves confessou o crime. O terceiro suspeito de envolvimento, Elias Lourenço dos Santos, foi deportado pela polícia de imigração dos EUA antes que surgissem provas do envolvimento dele no crime.

O Ministério Público já pediu ao governo brasileiro a extradição de Elias, mas a Constituição Federal não permite a extradição de cidadãos para responder por crimes cujas penas podem ser superiores à máxima aplicável para o caso no Brasil. Isso não impede, entretanto, que Elias seja processado e julgado pelo crime no Brasil, principalmente porque matou conterrâneos brasileiros em solo estrangeiro.

Reprodução/ Omaha World-Herald


Tatiane Klein


Longa história

José Carlos de Oliveira Coutinho seria condenado à morte, mas um dos três juízes deu algum crédito à ideia que o brasileiro “agiu sob pressões ou influências incomuns”.

Testemunhas, incluindo a mulher do réu, a também ipabense Patrícia Oliveira, afirmou no tribunal que o marido tinha recrutado os colegas de trabalho, seus conterrâneos, para migrarem-se para os Estados Unidos ilegalmente, para trabalhar na construção civil e chegou a ser chefe da equipe. A mulher também disse que o marido estava irritado com Vanderlei Szczepanik por causa de cortes salariais.

Outra testemunha, o próprio colega de trabalho, Valdeir Gonçalves Santos, também relatou que José Carlos estava insatisfeito com o patrão por causa de redução salarial.

Desde que foi preso, em janeiro de 2010, Valdeir negava a participação no crime, mas acabou por confessar tudo em setembro de 2011, depois de ver sua mulher, Wanderlúcia Oliveira de Paiva, depor contra ele e confirmar que ouvira do marido, por telefone, a confissão da morte da família e a desova dos corpos no rio Missouri, que corta o estado de Nebraska.

Também pesou favoravelmente para evitar a pena de morte para o brasileiro o fato que, ao contrário dos outros 11 homens no corredor da morte em Nebraska, José Carlos Oliveira não tinha antecedentes criminais, fator que, para a defesa, distinque o ipabense de cada pessoa no corredor da morte.

Reprodução TV Globo


Valdeir Elias e José


 

Como colaborou com a Justiça em um caso que era dado como “perdido” por falta de provas, o Ministério Público ofereceu o equivalente a uma sentença de 10 anos para Valdeir Gonçalves, que cumpre a pena em Omaha.

Ainda que não tenha peso decisivo na sentença, em carta escrita aos juízes, a brasileira Tatiane Klein havia detalhado a sua perda dolorosa e, em seguida, concluiu com este fundamento: "Eu gostaria que esses homens sejam presos sem a possibilidade de liberdade condicional. Eu não acredito na pena de morte", afirmou a catarinense que mora atualmente na Flórida.

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