18 de agosto, de 2013 | 00:00

Recém-casados aos 80

Após mais de 50 anos de casamento e alguns de viuvez, idosos se casam novamente com tudo a que têm direito


IPATINGA – Vestida de noiva, arranjo no cabelo e carregando um buquê, Efigênia Pastor, 81 anos, cruzou o tapete vermelho da igreja católica de Mesquista para se casar pela segunda vez, no último dia 10. No altar, de terno como pede a ocasião, estava Zito Fernandes Pinto, 80 anos, vivendo a experiência também pela segunda vez. Depois de viver cada um mais de 50 anos de casados, eles ficarem viúvos, Efigênia e Zito que já se conheciam há alguns anos, resolveram se casar num prazo de seis meses.

Efigênia Pastor estava viúva há dez anos e tem nove filhos. Zito Fernandes perdeu a mulher há cinco anos e tem oito filhos. As duas famílias comemoraram a união, com direito a festa para 200 pessoas no dia do casamento. Ele tem uma casa em Mesquita e ela no bairro Vila Militar, em Ipatinga. Por enquanto, o casal passa uns dias em cada cidade. Ainda em clima de lua de mel, eles contaram a sua história ao DIÁRIO DO AÇO, na sala da casa em Ipatinga.

Bem arrumada, com uma flor no cabelo, maquiagem e sentada ao lado do marido, Efigênia conta, em meio a muitas risadas, que já o conhecia o há muito tempo. “Eu conhecia ele e a mulher dele, éramos amigas. Depois que ele ficou viúvo eu gostava dele, mas não falava”, revelou.

Noivado
O cupido do casal foi a filha de Zito, casada com o irmão de Efigênia. “Eu já achava ela uma pessoa boa. E incentivado pelos familiares resolvi pedir ela em namoro. Da primeira vez, fui em Ipatinga e conversamos. Da segunda, em maio, levei a aliança e ficamos noivos”, disse Zito Fernandes. Efigênia foi pega de surpresa, mas logo no segundo encontro e noivado começaram a acertar os detalhes do casamento. “Esperar pra que?”, argumentou a então noiva. A sensação de casar de novo foi boa, garante o casal. “Vesti-me de noiva, coloquei arranjo no cabelo, levei buquê. A sensação de entrar na igreja de novo foi muito boa”, relatou Efigênia.

Companhia
Polliane Torres


efigenia e zito
Questionados sobre o motivo que os levaram a casar novamente, a essa altura da vida, a resposta é simples: amor e companheirismo. Juntos eles esperam por um fim na solidão e aproveitar o “resto da vida”. “Agora é curtir a vida. Enquanto é possível vamos andar, quando não puder mais, um cuida do outro em casa. Vamos viver um ao lado do outro, não importa o tempo”, afirmou Efigênia.

Ela confessa que sempre ficou muito angustiada com a solidão, principalmente à noite. “Solidão não é bom. Principalmente à noite, não ter ninguém para conversar. Às vezes passava vontade de ir ao shopping, ao Parque Ipanema, ao forró, por falta de uma companhia”, lembra. 

Zito Fernandes deseja cuidar e ser cuidado. “Penso no fim da vida da gente. Ter como um cuidar do outro. Filho pode cuidar, mas tem obrigação, vem e volta. Mas vai ser engraçado. Todos os dois são velhos, e se um não aguentar cuidar do outro como vai ser?”, brincou Zito Fernandes.  Mas não é só companhia que eles procuram um no outro. “Tem amor e paixão”, pontua a risonha Efigênia. Em troca ela ganha elogios do novo marido: “Ela é linda. Está sempre arrumada. Gosto dela demais e ela de mim”, resume.

Afinidade
A decisão rápida do casamento é atribuída a Zito Fernandes. “Ele que quis casar depressa porque morava sozinho. Eu morava sozinha, mas fazia tudo, comida, serviço de casa. Sou independente, mexo com trabalho de igreja, venda”, comentou Efigênia. As afinidades entre os dois não deixam dúvidas. “Ele é do meu jeito. Segue a Igreja Católica. Tudo que ele gosta eu gosto. Passear, viajar para longe, ir à praia, até um forrozinho”, elogiou Efigênia. Os dois já fazem planos de passear. Zito Fernandes diz que, no dia 10 de outubro, eles embarcam para Aparecida do Norte, quando completarão 2 meses de união.

De casamento, os dois entendem muito bem. Efigênia foi casada por 52 anos e Zito Fernandes por 57. A receita para viver tanto tempo em dias de uniões quase descartáveis é bem fácil. “Tem que ter compreensão. Todos têm defeitos. Hoje as pessoas casam já pensando que, se não der certo, é só separar. Na primeira dificuldade desistem, mas se esquecem que ninguém é perfeito”, alerta o experiente casal. 
  

 
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